Negócios

O que Abilio pode encontrar de bom e de ruim na Brasil Foods

Apoiado por fundos de pensão para assumir o conselho da BRF, empresário encontrará fusão consolidada e custos elevados


	Abílio Diniz: à frente da BRF, empresário teria de lidar com custos altos e cenário exterio difícil
 (Raul Junior/EXAME.com)

Abílio Diniz: à frente da BRF, empresário teria de lidar com custos altos e cenário exterio difícil (Raul Junior/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 13h10.

São Paulo - Depois de um ano de desavenças com o Casino no Pão de Açúcar, Abilio Diniz pode começar 2013 no comando do conselho de outra empresa de peso no país - a Brasil Foods. Seus desafios não serão poucos. Mas a casa, resultante da união entre Sadia e Perdigão, já passou por uma boa reforma antes de recebê-lo.

Para os analistas do Citi Alexander Roberts e Marcelo Inoue, a empresa marcou, ao cabo do terceiro trimestre, uma espécie de "fim de um começo" com o cumprimento do acordo de 15 meses do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para limitar o poder de fogo da gigante de alimentos, a autoridade antitruste ordenou a alienação de ativos e a suspensão da marca Perdigão em diversas categorias após a fusão da empresa com a Sadia, anunciada em maio de 2009.

Pontos fortes

Apesar de as investidas implicarem uma perda de cerca de 2,9 bilhões de reais em vendas para a BRF, a companhia cresceu - e muito - com a mega transação. Segundo o Citi, o lucro da empresa antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (ebitda) aumentou 80% depois da fusão. O valor de mercado da companhia, por sua vez, subiu 62%. Hoje, a BRF é considerada a oitava maior empresa de alimentos do mundo e primeira em proteína animal.

Terminado o período de ajustes, a expectativa é que a companhia passe a colher ainda mais frutos com a operação. Além de créditos fiscais de 1,2 bilhão de reais, a integração entre as redes de distribuição deve entregar uma sinergia operacional estimada em 460 milhões de reais até o fim de 2013, conforme aponta o Citi em relatório do último balanço trimestral.

Se a entrada de Abilio realmente for para frente, o empresário assumirá o lugar de um dos principais responsáveis pela "arrumação". Nildemar Secches, atual presidente do conselho da BRF, esteve por trás do crescimento da Perdigão, que chegou a passar a concorrente Sadia em valor de mercado e equipará-la em receita. O executivo capitaneou a união entre as companhias e escolheu José Antonio Fay para sucedê-lo no cargo de presidente da empresa. Sua saída, portanto, poderia dar início a outra dança das cadeiras na BRF.


Segundo o blog Radar Online, de Veja, Nildemar e os fundos de pensão Previ, Petros e Valia passaram a divergir nos últimos tempos. Com uma participação de 26% na empresa, esses fundos estariam se articulando para apoiar a indicação de Abilio como próximo presidente do conselho. A avaliação é que, apesar de ter se consagrado no varejo, Abilio teria peso e prestígio para a posição, agradando ao mercado.

Sua fatia na companhia, o empresário já tem. Em dezembro, Abilio comprou 60 milhões de reais em papéis da BRF, e estaria negociando a injeção de mais dinheiro na empresa. Mas para chegar ao comando do conselho, ele ainda precisa do aval de outros acionistas importantes da BRF para integrar uma "chapa de consenso". A questão deverá ser decidida na próxima reunião do conselho, marcada para o início de abril.

Perspectivas

A sucessão não é o único desafio a ser enfrentado pela empresa. No ano passado, a BRF sofreu com o aumento dos grãos. No terceiro trimestre, o preço do farelo de soja mais do que dobrou ante igual período de 2011. Como representa boa parte da ração do frango, o farelo impacta diretamente o custo final da ave, cuja venda representa o negócio mais estável e de maiores margens para a companhia.

Com a seca que se abateu sobre os Estados Unidos, os grãos devem continuar caros em 2013. Vale lembrar que a BRF não utiliza instrumentos derivativos para se precaver contra a volatilidade das commodities, utilizando apenas estratégias de inventário físico.

A queda nas exportações de frango também pesou sobre a companhia de janeiro a setembro de 2012. No balanço do terceiro trimestre, a companhia admitiu que ainda sofre com a formação de elevados estoques no Oriente Médio e no Japão, seus dois maiores mercados.

Aproveitando a incorporação total da Sadia no último ano, no entanto, a empresa quer entrar com tudo em 2013 - com ou sem Abilio no barco. O reposicionamento da marca Perdigão, que voltará os olhos para a mercearia salgada após ter sua presença suspensa em categorias como lasanhas, presuntos e pizzas, deverá ser uma das tônicas. No fim de 2012, a BRF também anunciou a estreia no mercado de sucos, com o lançamento do Hidra, feito à base de soro de leite.

"No Brasil, extensões da marca Sadia, lançamentos de novos produtos e um aumento de preços de 10% no quarto trimestre devem conduzir ao crescimento de dois dígitos no mercado de carnes, avaliado em 10 bilhões de dólares, e no qual a BRF tem uma participação dominante de 58%", completou o time de analistas do Citi, a respeito dos bons ventos que devem soprar pela frente.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasPersonalidadesEmpresas abertasEmpresas brasileirasAlimentos processadosCarnes e derivadosAlimentaçãoBRFSadiaEmpresáriosgestao-de-negociosSucessãoBilionários brasileirosAbilio DinizGovernançaPerdigãoConselhos de administração

Mais de Negócios

Bosch expande parceria com Alibaba para acelerar digitalização e expandir e-commerce global

Com 5 Super Bowls, esse é o time com maior valor de mercado da NFL

Como uma empresa da Serra Gaúcha desenvolve produtos hospitalares de olho na segurança nacional

Quais são as maiores empresas de alimentação do Brasil? Veja quanto eles faturam