Icegurt: do ícone das ruas brasileiras à saudade congelada (Icegurt/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 2 de agosto de 2025 às 08h12.
Entre 2009 e 2013, uma marca de iogurtes congelados conquistava as ruas de bairros brasileiros.
O Icegurt, com seus vendedores uniformizados de azul e rosa, com bonés e seus carrinhos, era presença garantida em escolas, praças e restaurantes. O preço inicial do Icegurt era de R$ 0,50 — e a marca conquistou rapidamente o público brasileiro. Mas, tão rápida quanto sua ascensão, foi o desaparecimento da marca.
Criado pela empresa colombiana Quala, o Icegurt alcançou um sucesso considerável no Brasil, vendendo milhões de unidades todos os anos. Em 2013, por exemplo, a empresa afirmou ter vendido 1.000 toneladas do produto, o que representava cerca de 18 a 21 milhões de unidades no ano, com cada copo pesando cerca de 48 a 56 gramas. Apesar disso, a marca enfrentava sérios problemas financeiros.
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Lançado oficialmente no Brasil em 2009, o Icegurt era uma espécie de “geladinho” de iogurte criado pela multinacional colombiana Quala.
Antes de desembarcar por aqui, o produto já fazia sucesso em outros países da América Latina, como Colômbia, México e República Dominicana, sob diferentes nomes. Com pesquisa de mercado iniciada em 2007, a Quala adaptou sabores e estratégias ao gosto local, estreando o Icegurt inicialmente em seis estados — entre eles São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O diferencial do produto não estava apenas no sabor, mas também no modelo de distribuição.
A Quala investiu em uma rede de microempreendedores que vendiam o Icegurt por meio de carrinhos, uniformes e freezers personalizados, fornecidos pela própria empresa.
O investimento inicial de cerca de R$ 8.000 permitia que qualquer pessoa abrisse uma revenda e vendesse as unidades por R$ 0,50, com foco nos consumidores das classes C, D e E. Os ambulantes uniformizados logo se tornaram uma imagem recorrente nas ruas brasileiras. O produto era fabricado por parceiros brasileiros e não em fábricas próprias da Quala.
Entre 2009 e 2013, o Icegurt alcançou seu auge de popularidade. Era presença certa em escolas, praças, festas e bairros populares, com vendas que atingiam toneladas em volume. O mascote — um urso polar sorridente — e os carrinhos coloridos ajudaram a fixar o produto no imaginário de uma geração.
O produto teve um fim abrupto em 2013, pouco após seu auge. Embora o produto tenha se tornado um ícone das ruas brasileiras, a operação no país não foi capaz de manter a rentabilidade necessária para continuar a produção em larga escala.
Os motivos do desaparecimento da marca são ligados diretamente a questões financeiras, segundo especialistas do mercado. Apesar do grande volume de vendas e da popularidade do produto, o preço de venda de R$ 0,50 por unidade não cobria os altos custos operacionais, logísticos e a carga tributária que a empresa enfrentava no Brasil.
A necessidade de altos volumes de vendas para manter a operação foi um dos principais desafios. Mesmo com 1.000 toneladas vendidas no último ano de operação, as margens baixas e os custos fixos elevados tornaram o negócio insustentável.
Além disso, a Quala não conseguiu adaptar o modelo de negócios do Icegurt para a realidade econômica brasileira da época, o que resultou em prejuízos. Mesmo com milhões de unidades sendo consumidas, a empresa não conseguiu transformar sua popularidade em lucratividade.
Em 2023, o Icegurt fez uma tentativa de retorno ao Brasil. Embora de forma tímida e limitada, o produto voltou com novos sabores e um aumento considerável no preço, que passou de R$ 0,50 para R$ 5,00. A marca, porém, desapareceu novamente sem deixar rastros.
O Icegurt continua longe do mercado brasileiro de forma oficial. A Quala não retoma oficialmente suas operações no país e a multinacional mantém sua posição de que a operação brasileira foi encerrada definitivamente em 2013 devido aos problemas de rentabilidade enfrentados durante os anos de venda no Brasil.
A produção industrial do Icegurt também não foi retomada, e os antigos laticínios parceiros da Quala, em cidades como São Carlos (SP) e Ribeiro Claro (PR), não estão mais envolvidos em eventuais aparecimentos do produto.