Leonardo Seefeld e Laércio Gentil, da Pigz: empresa testa entrada no setor de turismos em 2025 (Pigz/Divulgação/Edição EXAME)
Repórter
Publicado em 3 de julho de 2025 às 10h50.
Última atualização em 3 de julho de 2025 às 11h13.
Em um mercado dominado por gigantes como iFood e Mercado Livre, uma startup de Roraima busca o seu lugar no cenário nacional. Nascida em 2020 em Boa Vista, a Pigz se difere da competição ao oferecer um sistema de assinatura mensal ao invés de um com taxas sobre vendas.
Fundada pelo macuxi Laércio Gentil e o gaúcho (mas criado macuxi) Leonardo Seefeld, a Pigz não se limita apenas ao delivery de comida. Com um ecossistema robusto, a startup oferece desde autoatendimento via totens, sistemas de fichas para consumo antecipado, até a venda de ingressos para eventos — tudo em uma única plataforma.
"O lojista normalmente precisava contratar quatro ou cinco fornecedores diferentes para ter tudo isso. Nós unificamos em uma única plataforma acessível", explica Seefeld. Hoje, a Pigz já movimentou cerca de R$ 1 bilhão em 2024 e processou mais de 30 milhões de pedidos, com presença em 1.500 estabelecimentos no Brasil inteiro.
Uma das peças-chave desse crescimento foi a forte relação com o ecossistema da Orange Labs, empresa de inovação fundada pelos próprios sócios da Pigz, e com a Stone, gigante do setor financeiro com a qual Gentil já havia desenvolvido um modelo de gestão de franquias, experiência que trouxe o conhecimento necessário para criar a Pigz anos depois.
[banner tipo="canal-principal"]A história da Pigz começa em meio à pandemia. Laércio tinha experiência em desenvolver ferramentas de logística para fintechs, e Leonardo tinha sido o diretor de tecnologia de um app gastronômico voltado para restaurantes de Boa Vista. Juntos, eles se uniram em um momento de crise para responder à dor de muitos pequenos empresários: [grifar]as altíssimas comissões cobradas por plataformas de delivery. "Enquanto os restaurantes enfrentavam custos altos e margens reduzidas, nós vimos uma oportunidade de criar algo justo e acessível", diz Gentil.
Com um time reduzido, eles criaram um MVP (produto mínimo viável) e, em pouco tempo, perceberam que a ideia não só conquistaria Boa Vista, mas tinha potencial de expandir para o Brasil inteiro. “O nosso modelo é sustentável. O restaurante não precisa pagar mais caro porque aumentou o volume de vendas. A mensalidade é fixa e proporcional ao uso da plataforma, não ao sucesso da operação. Isso garante uma relação mais justa e equilibrada com os nossos parceiros”, diz Seefeld.
Apps da Pigz: startup oferece totens de autoatendimento e mais (Pigz/Divulgação/Edição EXAME)
Hoje, a plataforma oferece uma solução completa para os pequenos negócios: desde o controle de mesas e comandas digitais até a integração com o delivery, passando pela gestão de estoque e emissão de notas fiscais. Tudo isso, sem comissões sobre as vendas. Em vez disso, os restaurantes pagam uma mensalidade que pode ir de R$ 79 a R$ 399.
Em quatro anos de operação, a plataforma acumulou mais de 30 milhões de pedidos processados. Foram apenas 11 mil pedidos em 2020, 194 mil em 2021, 2,5 milhões em 2022, 8,5 milhões em 2023 e 19 milhões em 2024. O número de pedidos de usuários únicos também disparou, multiplicando-se por 40 vezes: passou de 5 mil em 2020 para 200 mil em 2024. Em termos financeiros, o valor total movimentado saltou de R$ 615 mil para aproximadamente R$ 1 bilhão no mesmo período.
“A nossa ideia sempre foi ajudar o pequeno empreendedor a crescer com autonomia. Em vez de gastar seu lucro com comissões, ele pode usar nosso sistema completo e ainda economizar”, diz Laércio Gentil. A startup estima que R$ 9,27 milhões deixaram de ser pagos para outros marketplaces e permaneceram na economia de Roraima.
Mesmo pequena, a Pigz ganha vantagem competitiva ao escalar já com um ecossistema completo de ferramentas. Assim, consegue competir com iFood, Aiqfome, Meituan e Goomer no delivery de alimentos; desafiar gigantes como Meli e Magalu ao oferecer um marketplace exclusivo em Roraima, e se destacar perante outras startups que tentam entrar em um mercado tão aquecido.
A startup está em conversas com fundos de investimentos em busca de uma rodada de investimento na faixa dos R$ 7,5 milhões. Será o primeiro aporte da empresa que, até então, tem apostado no caixa próprio. O objetivo maior é expandir para outras capitais, com foco nas regiões Norte e Nordeste.
A Pigz também está explorando novas vertentes, como o setor de turismo. A dupla de fundadores está testando a venda de pacotes turísticos na Amazônia, mas sem pressa para apostar em um novo segmento. A venda de ingressos para eventos, por exemplo, começou como um teste, mas hoje representa 20% da base da Pigz. "Não vamos abraçar tudo que chega até nós. Identificamos as demandas que realmente fazem sentido para a nossa plataforma e onde conseguimos agregar valor com o mínimo de esforço", explica Gentil.