Negócios

O terreno da primeira loja do Pão de Açúcar em SP vai virar um prédio de R$ 700 milhões

Parceria entre a gaúcha Melnick e a paulista Yuny cria joint venture para desenvolver projetos de alto padrão em São Paulo

Marcelo Yunes, da Yuny, e Leandro Melnick, da Melnick: “Compartilhamos o mesmo perfil: somos empresas familiares, focadas em qualidade, e com uma visão muito clara de que o volume não é a prioridade, mas sim a excelência” (Melnick e Yuny/Divulgação)

Marcelo Yunes, da Yuny, e Leandro Melnick, da Melnick: “Compartilhamos o mesmo perfil: somos empresas familiares, focadas em qualidade, e com uma visão muito clara de que o volume não é a prioridade, mas sim a excelência” (Melnick e Yuny/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de maio de 2025 às 18h12.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 18h45.

O endereço é mais do que conhecido: ali, no quarteirão entre a rua Brigadeiro Luís Antônio e a Alameda Lorena, nasceu o primeiro supermercado do Grupo Pão de Açúcar, em 1959.

Desde então, a região dos Jardins, em São Paulo, consolidou-se como um dos metros quadrados mais valorizados e icônicos de São Paulo, com uma combinação rara de tradição, luxo e proximidade do Parque Ibirapuera.

É justamente nesse terreno, cercado de história e com forte apelo emocional, que a Melnick — maior incorporadora do Rio Grande do Sul — resolveu fincar sua nova bandeira na capital paulista. E não veio sozinha: o movimento marca o início de uma joint venture com a Yuny Incorporadora, especialista em empreendimentos de altíssimo padrão em São Paulo.

O primeiro fruto dessa união será o Quaddra Lorena, um projeto residencial e comercial de R$ 700 milhões, que combina luxo, baixa densidade e muita área verde — numa proposta de ocupar o espaço justamente ao contrário do que se espera da metrópole: com menos concreto e mais respiro.

Este será o segundo projeto da Melnick em solo paulista. O primeiro foi anunciado com exclusividade pela EXAME em janeiro, numa parceria com a Even.

“A grande diferença é que não estamos falando de um projeto isolado, mas de uma joint venture estruturada, com visão de longo prazo”, diz Leandro Melnick, CEO da incorporadora gaúcha.

Segundo ele, a parceria com a Yuny nasce para desenvolver uma série de empreendimentos juntos, sempre com foco no alto padrão.

“Já conhecíamos a Yuny há muitos anos, pela afinidade entre nossas trajetórias familiares e pelo foco comum em projetos diferenciados", diz Melnick. "A entrada em São Paulo segue a mesma lógica que guiou a empresa no Sul: cautela, parcerias estratégicas e empreendimentos que transformem o entorno.”

“Compartilhamos o mesmo perfil: somos empresas familiares, focadas em qualidade, e com uma visão muito clara de que o volume não é a prioridade, mas sim a excelência”, diz Marcelo Yunes, um dos irmãos à frente da Yuny Incorporadora.

Como será o novo projeto

O Quaddra Lorena ocupa um terreno de 5.400 metros quadrados no coração dos Jardins, a poucos metros do parque Ibirapuera. Ali, será erguido um conjunto de quatro torres: três residenciais — com apartamentos de até 387 metros quadrados, coberturas e gardens que chegam a 713 m² — e uma torre comercial, com unidades multiuso.

No total, serão apenas 56 apartamentos, numa aposta clara na baixa densidade. Mais de 2 mil metros quadrados do terreno serão dedicados a áreas verdes, espelhos d'água e espaços de lazer.

“É o oposto do que normalmente se imagina quando se fala de um empreendimento imobiliário em São Paulo”, afirma Melnick. “Em vez de tirar verde, estamos colocando mais.”

Um dos símbolos do projeto será a quadra de tênis, que integra não apenas o lazer dos moradores, mas também ativações esportivas e eventos abertos ao bairro. “Desde o estande já criamos essa relação com a cidade, com uma quadra e um café da Track & Field, que será nossa parceira na fachada ativa do condomínio”, afirma o CEO da Yuny.

Como funcionará a joint venture

Normalmente, uma parceria deste porte leva pelo menos um ano até gerar seu primeiro lançamento. Não foi o caso aqui.

“A gente está conseguindo fazer uma joint venture com um lançamento em curtíssimo espaço de tempo, e isso é muito bom porque permite que as empresas testem a vida real da parceria desde o início”, afirma Leandro Melnick.

O Quaddra Lorena já está em fase de registro de incorporação, com o estande pronto e o apartamento decorado finalizado. As vendas devem começar ainda neste semestre, com um VGV de R$ 700 milhões e um posicionamento de altíssimo padrão.

“Estamos muito confiantes no produto, não apenas pela localização excepcional, mas pela proposta arquitetônica e urbanística, que traz um modelo raro para São Paulo”, afirma Melnick.

Para a Yuny, a parceria representa um novo ciclo, com fôlego extra para seguir liderando o mercado de alto padrão em São Paulo.

“Nós sempre tivemos muito cuidado em escolher terrenos bem localizados e maximizar o que eles podem oferecer. O Quaddra Lorena é a síntese disso”, afirma Marcelo Yunes.

Fundada em 1996 pelos irmãos Marcelo e Marcos Yunes, a incorporadora é responsável por empreendimentos emblemáticos na capital paulista, como o Infinity Tower. Hoje, 63% do seu portfólio está concentrado nos bairros mais nobres da cidade, como Itaim, Faria Lima, Brooklin e Jardins.

Já a Melnick segue sua trajetória de expansão nacional, sempre pelo mesmo caminho: parcerias locais com incorporadoras que dominam seus territórios. O modelo já está em curso em Santa Catarina, com projetos em Itajaí e Jurerê, além do Paraná.

“Nosso foco é qualidade e rentabilidade, não volume. Preferimos crescer com responsabilidade, sempre junto de quem conhece bem o mercado”, afirma Melnick.

Quais serão os próximos passos

Apesar do entusiasmo com a nova parceria, nem Melnick nem Yuny pretendem acelerar o passo além do necessário.

“A ideia é ir somando projetos ao longo do tempo, mas sem pressa. O foco será sempre o alto padrão, em localizações premium”, afirma Melnick.

O próximo empreendimento da joint venture ainda não tem data para ser lançado, mas a expectativa é que o relacionamento se consolide nos próximos anos com novos projetos, mantendo a mesma fórmula: localização estratégica, baixa densidade, arquitetura de excelência e muita cautela na alocação de capital.

Acompanhe tudo sobre:Construção civil

Mais de Negócios

Setor de calçados vê oportunidade no mercado externo em meio ao tarifaço de Trump: “Não é uma bolha”

Trump 2.0: o que está em jogo para a economia global e para os investidores internacionais

De US$ 800 a US$ 20 milhões: como esse negócio virou referência em design e manufatura

Como um refugiado e sua esposa construíram uma empresa multimilionária que superou as expectativas