OpenIA: entenda como a empresa de tecnologia é avaliada mesmo sem ativos físicos
Redatora
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 17h05.
A OpenAI, criadora do ChatGPT, foi avaliada em mais de US$ 80 bilhões no início de 2024, segundo o The New York Times. A cifra veio de uma operação de venda de ações que permitiu a investidores comprarem participações de funcionários sem que a empresa levantasse capital novo.
Embora a receita anualizada da plataforma supere US$ 1,3 bilhão, os custos operacionais continuam extremamente altos. São gastos com infraestrutura em nuvem, chips de última geração para treinar modelos como o GPT-4, e uma equipe de pesquisadores e engenheiros de ponta.
Segundo o Financial Times, investidores pressionam por retorno financeiro, mas a empresa segue em fase de estruturação do modelo de monetização.
O caso da OpenAI não é isolado. Tesla, durante anos, operou no vermelho. Nubank, antes de dar lucro, já era avaliado em bilhões. O que explica esses valorores? Segundo Giacomo Diniz, professor da Saint Paul Escola de Negócios, é um conceito central da análise financeira: o valuation.
Valuation é a estimativa do valor econômico de uma empresa com base nos fluxos de caixa futuros, ajustados ao risco do negócio. Esse cálculo exige atenção às premissas que sustentam a projeção: crescimento, margens, investimentos e custos.
“Valuation é uma hipótese bem estruturada sobre o futuro. E como toda hipótese, ela deve ser testada, ajustada e, quando necessário, contestada”, afirma o professor.
No caso da OpenAI, a avaliação bilionária se sustenta, segundo Diniz, em uma combinação de fatores. A empresa ocupa uma posição de liderança tecnológica global no campo da inteligência artificial, com destaque para a criação do ChatGPT.
Sua base de usuários cresce de forma acelerada — são milhões de pessoas acessando a plataforma diariamente. Além disso, conta com o apoio estratégico de gigantes como a Microsoft, que fornece infraestrutura e capital.
Soma-se a isso a expectativa de que a IA generativa se torne cada vez mais presente em todos os setores nos próximos anos.
O professor destaca que startups e empresas inovadoras podem operar no prejuízo por anos, desde que demonstrem:
“Negócios inovadores operam em ambientes incertos. Startups enfrentam altas taxas de mortalidade”, explica Diniz.
“O valuation, nesses casos, deve considerar os riscos e decisões estratégicas futuras que podem expandir ou reduzir o valor da empresa”, ele complementa.
Grande parte do valor da OpenAI está em ativos intangíveis — tecnologia proprietária de pesquisa, dados, marca e a comunidade global de desenvolvedores e usuários.
São ativos que não aparecem no balanço contábil, mas podem ser decisivos para o crescimento futuro. “Intangíveis só criam valor se forem capazes de se traduzir em geração de caixa futura”, explica Giacomo. “E são difíceis de mensurar com precisão”, complementa.
No caso da OpenAI, investidores apostam que esses ativos resultarão em receita recorrente, parcerias estratégicas e liderança sustentável no setor mais promissor da tecnologia atual.
“É necessário modelar cenários, inclusive os mais adversos, como estagnação tecnológica ou perda de vantagem competitiva”, afirma o professor. A avaliação, nesse caso, depende menos do que a empresa já fez e mais do que pode vir a fazer.
Aprender a avaliar empresas como a OpenIA é um diferencial para investidores, executivos comerciais e gestores financeiros que desejam ampliar suas habilidades e desenvolver estratégias de avaliação de modo disruptivo: dos negócios clássicos às startups.
Pensando nisso, a EXAME e a Saint Paul Escola de Negócios desenvolveram o curso educação executiva de Valuation.
O curso é ministrado por professores reconhecidos e experientes no mercado: José Marcos Carrera, administrador de empresas pela USP e doutor pela FGV, e Giacomo Diniz, economista pela USP e especialista em valuation.