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Florianópolis: capital catarinense tem até dez vezes mais startups per capita do que São Paulo (Alfabilesantana/Wikimedia Commons)
Redação Exame
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 10h13.
Última atualização em 21 de outubro de 2025 às 10h16.
O anúncio do Prêmio Nobel de Economia de 2025 não poderia ser mais simbólico para quem vive e constrói ecossistemas de inovação.
Ao reconhecer Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, a Academia Sueca deu luz ao papel da inovação como motor central do crescimento econômico. Suas teses explicam de forma científica o que sentimos na prática em Santa Catarina: quando a sociedade valoriza o conhecimento, aceita a mudança e garante espaço para a destruição criativa, a inovação deixa de ser exceção e passa a ser regra.
Mokyr mostrou que a inovação só se sustenta quando não se limita a “funcionar”, mas se apoia em explicações científicas que abrem caminho para novas melhorias.
Já Aghion e Howitt demonstraram, com seu modelo da destruição criativa, que o crescimento nasce da entrada constante de novos produtos e empresas, que substituem as antigas e obrigam os mercados a se reinventarem. É um ciclo de renovação contínua: a inovação gera prosperidade, mas também cria conflitos que só se transformam em crescimento se a sociedade estiver disposta a acolher a mudança.
É exatamente isso que Santa Catarina vem construindo ao longo das últimas décadas. Não por acaso, Florianópolis é hoje reconhecida em lei como a Capital Nacional das Startups.
A cultura de valorização da ciência e do empreendedorismo se tornou parte do nosso cotidiano, criando um terreno fértil para que novas ideias floresçam. Essa abertura cultural e institucional é o que Mokyr descreve como pré-condição para que a inovação se torne um processo autogerado.
Nosso estado também montou estruturas sólidas de difusão do conhecimento. Reconhecida entre as melhores do mundo, a incubadora MIDITEC, mantida pela ACATE em parceria com o Sebrae/SC, é um exemplo de como transformamos boas ideias em negócios viáveis, conectando empreendedores a especialistas e mercados.
Sem falar na Rede MIDIHUB, que hoje integra uma dezena de programas de incubação de diferentes regiões do estado e implementa a metodologia premiada do MIDITEC. Isso reflete a tese de Mokyr de que o conhecimento precisa circular e se tornar útil, para que o ciclo de inovação nunca se esgote.
O resultado aparece em números concretos. Florianópolis tem até dez vezes mais startups per capita do que São Paulo, abriga mais de seis mil empresas de tecnologia e gera dezenas de milhares de empregos qualificados.
A tecnologia já responde por 25% da economia da capital, mostrando que a inovação deixou de ser periférica e passou a ser a base do crescimento, como previam os modelos de crescimento endógeno.
Diego Brites Ramos, da Acate: "inovação gera trabalho qualificado, atrai talentos e amplia o capital humano" (Divulgação/Divulgação)
Esse dinamismo se traduz também em casos emblemáticos de destruição criativa. O exit da RD Station para a TOTVS mostrou como o capital e o talento liberados em uma operação bilionária voltam para o ecossistema em forma de novos empreendedores e investidores.
Grandes empresas locais como Intelbras, Softplan e Senior não se fecham em seus mercados, mas investem em startups e ajudam a impulsionar a próxima geração de inovadores. É a destruição criativa acontecendo de forma virtuosa, e não bloqueada.
Com mais de 100 mil empregos ativos em tecnologia, Santa Catarina já vive o efeito multiplicador descrito pelos premiados: inovação gera trabalho qualificado, atrai talentos e amplia o capital humano da região.
Programas de fomento e inovação aberta, como o LinkLab e BRDE Labs SC, conectam startups a grandes empresas e garantem que novas ideias tenham espaço para serem testadas e escaladas. Tudo isso reforça a visão de que crescemos porque escolhemos apostar na inovação como motor da economia.
O reconhecimento dado pelo Nobel em 2025 confirma que a experiência catarinense não é um acaso, mas a expressão prática de teorias que explicam como países, estados e cidades podem prosperar. Nossa trajetória mostra que é possível criar um ciclo virtuoso de inovação mesmo longe dos grandes centros globais.
O futuro que enxergamos em Santa Catarina é o de ampliar esse modelo, consolidando-o como referência para outros estados brasileiros e para países que desejam construir economias mais abertas, competitivas e sustentáveis a partir da inovação.