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Este podcast transformou conversas entre mulheres em um negócio de R$ 17 milhões

O PodDelas volta ao antigo formato "ao vivo" e expande grade de conteúdo, com programas estrelados por Claudia Raia e Márcia Sensitiva

Luiza Richarte, Thayse e Louise Estaniecki, os rostos por trás do PodDelas: videocast se transformou em empresa de conteúdo com agência de publicidade (Whagner Duarte/Divulgação)

Luiza Richarte, Thayse e Louise Estaniecki, os rostos por trás do PodDelas: videocast se transformou em empresa de conteúdo com agência de publicidade (Whagner Duarte/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 13 de maio de 2025 às 06h45.

Última atualização em 13 de maio de 2025 às 11h47.

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Por muito tempo, a cena dos podcasts era dominada por "conversas de bar" entre homens. Programas como Flow e Podpah ditavam o ritmo, enquanto projetos voltados ao público feminino ainda buscavam espaço. Foi nesse cenário que o PodDelas surgiu, em 2021, com uma proposta clara: dar protagonismo às vozes femininas no universo do videocast.

Criado pela influenciadora Thayse Estaniecki — conhecida como Tata — ao lado da atriz Flávia Pavanelli, o programa nasceu de uma inquietação profissional. “Como pessoa pública, eu não tinha como expandir se não tivesse outro canal”, diz Tata. “A ideia era abrir mais um espaço para publicidade e me posicionar como apresentadora.”

Lançado em formato de temporada — para evitar grandes riscos caso não emplacasse —, o projeto teve adesão imediata. “Eu tinha muito medo de flopar”, lembra. Em seu segundo ano, já era o terceiro podcast mais ouvido do país no Spotify.

Desde então, o PodDelas deixou de ser apenas um programa de entrevistas e se transformou em um hub de conteúdo digital. São mais de 600 milhões de visualizações no YouTube e 400 episódios publicados.

Hoje com 11 programas na grade, a empresa projeta R$ 17 milhões em faturamento em 2025, somando os resultados do canal com os da YZI, agência de publicidade e gestão de talentos fundada por Tata, sua irmã Louise Estaniecki e a publicitária Luiza Richarte.

Como tudo começou?

O PodDelas estreou oficialmente em fevereiro de 2021, no auge da pandemia. Os primeiros episódios foram transmitidos ao vivo e contaram com convidados do círculo pessoal da apresentadora, como Lexa e Rafa Ucmann. O tom leve e sem roteiro fixo rapidamente conquistou audiência.

Seis meses depois, a influenciadora Boo Unzeta substituiu Flávia como coapresentadora. A nova dupla passou a gravar em diferentes cidades e atraiu nomes como Anitta, Eliana, Bruna Marquezine e Luísa Sonza.

O canal se consolidou como o podcast feminino mais assistido da internet brasileira, mas passou por um aperto no final de 2024 com a saída repentina de Boo. A empresa mantém o assunto em panos quentes, enquanto os fãs especulam se houve ou não uma briga com a colega de microfone, Tata.

De podcast a emissora digital

Antes da saída de Boo, o crescimento do PodDelas impulsionou a criação de novos formatos como MaterniDelas (com Claudia Raia), PodEntrar (com Lucas Rangel) e PodProvar (com Álvaro), todos gravados no estúdio próprio em Alphaville, na Grande São Paulo.

Em agosto de 2024, o canal se posicionou oficialmente como um hub de conteúdo feminino, com programação para mulheres de 24 a 35 anos. O estúdio passa agora por uma ampliação que quadruplica sua área. “Fazíamos milagre com 80 m². Agora vamos conseguir dar estrutura a todos os programas”, diz Tata.

A ideia de transformar canais de YouTube em “emissoras digitais” tem se consolidado no mercado. A Dia TV, por exemplo, nasceu com investimento de R$ 10 milhões e já ultrapassa 1 bilhão de visualizações. O modelo aposta em criadores com audiência consolidada, que passam a comandar uma grade própria de atrações.

Operação autossuficiente

Sem investidores externos, o crescimento do PodDelas foi financiado com receita publicitária — o que inclui desde ações no canal até parcerias comerciais feitas pela YZI, agência criada pelas fundadoras para atender a demanda crescente por gestão personalizada de talentos. “Chegar até aqui com investimento próprio mostra que o modelo funciona”, afirma Richarte.

Fundada em novembro de 2021, a agência opera como um braço estratégico do negócio e administra hoje a carreira de cerca de 15 influenciadoras, com foco em criadoras mães e do segmento de consumo e beleza. Entre os nomes estão Flavia Viana, Gabriela Prado e Mirella Santos.

A YZI fechou 2024 com R$ 5 milhões em receita e projeta alcançar R$ 7 milhões neste ano e já realizou campanhas para anunciantes como Nestlé, Unilever e Amazon. "Todas [as marcas] já passaram por aqui de alguma forma", diz Ramos.

O canal PodDelas faturou R$ 7 milhões em 2024 e mira os R$ 10 milhões em 2025, impulsionado por um modelo que combina conteúdo multiplataforma, gerenciamento de carreiras e uma grade de conteúdo protagonizado por grandes criadores no YouTube. Em menos de seis meses, a equipe cresceu de 10 para mais de 40 pessoas — e a operação agora ocupa metade de um andar em Alphaville, onde passa por uma ampliação estrutural para comportar os 11 programas da grade.

A volta do ao vivo

Um dos marcos de 2025 é o retorno do formato ao vivo, que aconteceu oficialmente na última terça-feira, 6, uma decisão tomada após escutar os pedidos da comunidade de fãs. O programa resgata o formato original: mesa, fones, microfones e uma conversa descontraída, mais próxima do estilo bate-papo do que de uma entrevista estruturada. “Voltamos com a mesa, fone, microfone e uma conversa leve. O público quer essa proximidade”, afirma.

Além disso, a programação passa a contar com novas atrações fixas, como Previsões com Márcia, apresentado pela médium Márcia Sensitiva. “Ela era convidada uma vez por mês e agora terá o próprio programa, com convidados famosos para leitura ao vivo”, diz Ramos.

Outros formatos, como o PodDelas Podcast Show, com estilo mais talk show, continuam disponíveis para projetos especiais e ativações de marca — a estratégia, segundo as sócias, é sempre manter uma grade dinâmica e adaptável.

Em 2025, o foco é consolidar cada projeto e firmar o PodDelas como referência em conteúdo digital. “Ano passado a gente lançou muita coisa. Agora é hora de aprofundar e mostrar que temos uma grade sólida”, diz Richarte. “Não somos só um podcast. Somos uma emissora digital. E o mais importante: feita por mulheres, para mulheres”, completa Ramos.

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