Negócios

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Para o CEO Fernando Guedes, as incertezas do mercado americano não são obstáculos, mas oportunidades

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 13h00.

Em um momento em que muitos empresários preferem a cautela ao considerar a expansão para os Estados Unidos, o Grupo Hub decidiu seguir um caminho diferente. A consultoria brasileira de recrutamento e seleção acaba de inaugurar um escritório em Orlando, Flórida, e espera fechar o ano com um faturamento de R$ 27 milhões.

“Nossa proposta é aplicar nos Estados Unidos tudo o que fazemos no Brasil, com a mesma qualidade e estrutura. Acreditamos que podemos escalar nosso modelo globalmente”, afirma Fernando Guedes, CEO e sócio-fundador do grupo.

A operação americana será inicialmente focada em quatro frentes principais: recrutamento executivo para posições de alta liderança (C-Level), terceirização de RH (RPO), serviços de desenvolvimento de talentos e consultoria estratégica. Para o primeiro ano, a empresa projeta gerar US$ 1 milhão em receitas e triplicar a equipe de recrutamento até 2028, com uma expectativa de aumento de 30% no faturamento para 2026.

Como tudo começou?

Fernando Guedes, natural de Campinas, São Paulo, iniciou a carreira bem distante das mesas de recrutamento. Formado em administração e contabilidade, passou primeiro pela área de finanças.

Em 2007, ao precisar contratar profissionais para o setor em que trabalhava, Guedes foi atraído pelo mercado de recrutamento. “Sempre gostei de pessoas. Apesar de gostar também de números, o lado humano sempre me atraiu mais”, diz ele. Esse interesse levou-o a se aprofundar no setor de RH.

Com essa bagagem, Guedes se juntou aos sócios fundadores Laura Guedes, Victor Fazzio e Fred Torrës, para criar o Grupo Hub em 2013. O objetivo era transformar o mercado de recrutamento, tradicionalmente rígido e impessoal, em algo mais ágil e consultivo.

“Nosso modelo de negócios é baseado em um atendimento personalizado”, explica. Para setores como tecnologia e finanças, por exemplo, a abordagem é mais ágil do que a de um setor tradicional (como mineração e energia), respondendo à dinâmica acelerada comum em startups.

A fórmula deu certo. De lá para cá, o Grupo Hub já trabalhou com Natura, Itaú, Stellantis e Vale. Em 2025, tem 120 colaboradores e escritórios em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além da recente expansão para Orlando.

O que faz no Brasil – e como será a operação nos EUA

Especializado em recrutamento e seleção, o Grupo Hub também oferece consultoria de desenvolvimento de pessoas e terceirização de RH (RPO). No Brasil, a empresa já consolidou forte presença em setores como tecnologia, agro, finanças e energia.

A operação nos Estados Unidos seguirá a mesma linha de atuação, inicialmente com foco em empresas brasileiras estabelecidas no país, mas com planos de expandir gradualmente.

Em Orlando, o Grupo Hub contará com uma equipe multicultural, formada por brasileiros, americanos e latinos. A empresa aposta na agilidade dos processos e no banco de talentos especializado para se adaptar ao ritmo acelerado do mercado norte-americano.

É o momento certo?

Apesar das incertezas políticas e econômicas nos Estados Unidos, Guedes está confiante de que este é o momento certo para a expansão do Grupo Hub. Para ele, as dificuldades não são obstáculos, mas oportunidades. “Estamos atentos aos riscos, mas confiantes no potencial do mercado americano”, afirma.

A reindustrialização dos EUA, impulsionada por políticas protecionistas, abre espaço para serviços de recrutamento especializados. A escassez de mão de obra e a pressão das empresas para encontrar profissionais qualificados fazem do mercado norte-americano um ambiente propício para a atuação do Grupo Hub.

Além disso, a Flórida, com seu PIB crescente e uma taxa de desemprego abaixo da média nacional, é um estado com forte presença de empresas latino-americanas, o que oferece boas oportunidades para o grupo.

Para Guedes, a Flórida não é apenas um ponto de conexão entre o Brasil e os Estados Unidos, mas também um mercado com alta demanda por talentos nas áreas de tecnologia, energia e finanças, setores nos quais o Grupo Hub tem ampla experiência no Brasil.

“Esse é só o começo. Queremos crescer de forma estruturada e fazer nosso modelo funcionar em mercados como os Estados Unidos, e também em outros locais ao redor do mundo”, conclui Guedes.

Acompanhe tudo sobre:Empresas brasileirasEstados Unidos (EUA)FlóridaRecursos humanos (RH)

Mais de Negócios

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente

O paulista e o catarinense que vão faturar R$ 250 milhões com churrasco 'tipicamente' gaúcho

Esta startup mirava construir a 1ª estação espacial do mundo, mas agora luta para pagar as contas