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O milionário mercado de azeite: a estratégia da Gallo para crescer no Brasil

Cristiane Souza, presidente da Gallo no Brasil, compartilha à EXAME como pretende levar o azeite a outro patamar no mundo - a partir do Brasil

Cristiane Souza, CEO do azeite Gallo no Brasil: "Normalmente, quando o mercado está em um momento ruim, as marcas reduzem investimentos. Nós decidimos fazer o contrário: investir” (Gallo/Divulgação)

Cristiane Souza, CEO do azeite Gallo no Brasil: "Normalmente, quando o mercado está em um momento ruim, as marcas reduzem investimentos. Nós decidimos fazer o contrário: investir” (Gallo/Divulgação)

Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 08h01.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2025 às 12h16.

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A marca de azeites Gallo, que tem origem em Portugal e já soma mais de 100 anos no mercado, anuncia um novo movimento estratégico no Brasil – país que é o cliente top 1 da companhia. Com o objetivo de desenvolver a categoria de azeites e dobrar seu volume de negócios em cinco anos, a empresa amplia seu portfólio e introduz novas marcas no segmento. Entre as novidades, estão o De Olliva, um óleo de oliva, e o Rossio de Abrantes, uma marca premium de azeite. A intenção é consolidar a companhia como uma "casa de marcas", a Casa Gallo, aproveitando ao máximo o potencial do mercado brasileiro.

Para impulsionar essa transformação, a Gallo investe desde o último ano R$ 20 milhões em mídia, fortalecimento da marca e educação do consumidor. “Normalmente, quando o mercado está em um momento ruim, as marcas reduzem investimentos. Nós decidimos fazer o contrário: investir”, afirma Cristiane Souza, CEO da Gallo Brasil, a primeira mulher e brasileira a ocupar o cargo da multinacional.

O Brasil representa aproximadamente 60% do faturamento da marca e é um dos cinco maiores consumidores globais de azeite, e segundo a CEO, tem potencial para se tornar um dos três primeiros. “Atualmente, a Gallo detém 1/3 do mercado nacional, que conta com mais de 300 marcas diferentes, sendo que as três principais marcas respondem por 60% do setor”, afirma.

Queda no preço do azeite?

Nos últimos dois anos, a categoria de azeites enfrentou desafios devido a um aumento expressivo nos preços causado pela quebra de safra global e pela crise climática. O preço do azeite subiu 90% no acumulado do período, o que resultou em uma queda de 20% no volume de vendas. No entanto, 2024 trouxe uma boa colheita, e a expectativa para 2025 é de retração nos preços, afirma Souza.

“Os preços não voltarão ao patamar de R$ 20, mas podemos esperar que fiquem entre R$ 30 e R$ 35 a partir do segundo semestre”.

Essa recuperação no setor deve impulsionar um crescimento de 20% no volume de vendas da Gallo em 2025. "O azeite precisa sair das manchetes pelo preço e voltar a ser protagonista pelo sabor e pelos benefícios à saúde”, afirma a presidente.

Diversificação e liderança no segmento premium

A Gallo quer liderar o desenvolvimento da categoria de azeites premium no Brasil. Atualmente, esse segmento representa apenas 7% do mercado, mas tem potencial para dobrar e alcançar 15% nos próximos anos, chegando ao patamar do mercado português. Com essa estratégia, a empresa aposta no crescimento da penetração da categoria nos lares brasileiros e no aumento da frequência de consumo.

Entre os destaques da nova estratégia estão atender todas as classes sociais, com o De Olliva, voltado para democratizar o consumo do azeite e atrair novos consumidores por meio da culinária, e o Rossio de Abrantes, para o público premium.

“Estamos diversificando nosso portfólio para atender diferentes perfis de consumidores. Queremos tornar o azeite um item essencial na culinária do brasileiro, seja no dia a dia ou em ocasiões especiais”, afirma Souza.

Mulheres na liderança e visão de futuro

Cristiane Souza assumiu a presidência da Gallo Brasil em fevereiro de 2023, se tornando a primeira mulher a ocupar o cargo, após 25 anos de experiência no setor, atuando boa parte na Unilever. Sob sua liderança, a empresa assinou o Pacto Global da ONU pelo empoderamento feminino e busca alcançar maior equidade de gênero. Atualmente, 40% das posições de liderança na Gallo Brasil são ocupadas por mulheres, e a meta é alcançar 50% nos próximos anos.

Para o futuro, a Gallo planeja continuar investindo no crescimento do mercado e na valorização do azeite como um produto essencial para a alimentação saudável. “Nosso propósito vai além de vender azeite. Queremos fortalecer a conexão do brasileiro com a alimentação saudável e saborosa, elevando a categoria e consolidando a Gallo como referência no setor”, afirma a CEO.

Sobre a Gallo – no Brasil e no mundo

A marca de azeites Gallo foi fundada oficialmente em Portugal em 1919 por Victor Guedes, mas há indícios de que sua história remonte a um período anterior, em 1860. Atualmente, a Gallo faz parte da Gallo Worldwide, uma joint venture entre a Unilever e a Sociedade Francisco Manuel dos Santos.

Com uma trajetória de expansão e consolidação internacional, a marca leva a tradição do azeite português a mais de 40 países, mantendo sua fábrica em Abrantes, Portugal. Além dos azeites extra virgem, virgem, puro e aromatizados, o portfólio da Gallo inclui vinagres, pimenta e azeitonas de mesa.

A estrutura de joint venture com a Unilever é exclusiva de Portugal e não se aplica ao Brasil. No país, onde a Gallo chegou no início do século XX, a operação tem grande relevância: o Brasil, além de representar cerca de 60% do faturamento global da marca, conta com a maior equipe da companhia. Aproximadamente 100 funcionários atuam na Gallo Brasil, enquanto outros 100 estão distribuídos ao redor do mundo.

“Após o Brasil, os principais mercados da empresa em termos de faturamento são Portugal, Polônia e Angola”, afirma Souza.

Desde as icônicas latas metálicas até as sofisticadas garrafas premium que hoje ocupam as prateleiras dos supermercados e restaurantes, a Gallo busca evoluir para atender às preferências do público brasileiro e se destacar no mercado frente a grandes concorrentes como Andorinha (Grupo Sovena – Portugal), Carbonell (Grupo Deoleo – Espanha), Filippo Berio (Itália) e Borges (Espanha), além de marcas próprias do mercado brasileiro (Carrefour, Qualitá, Taeq).

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