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Rede brasileira Coco Bambu cresce e abre 1° restaurante nos EUA

Expansão internacional é consequência do crescimento no Brasil: eram 5 lojas em 2014 e serão 30 até o fim de 2017

Loja do Coco Bambu no Market Place em São Paulo: brasileira irá para os EUA (Tadeu Brunelli/Coco Bambu/Divulgação)

Loja do Coco Bambu no Market Place em São Paulo: brasileira irá para os EUA (Tadeu Brunelli/Coco Bambu/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 6 de julho de 2017 às 11h16.

Última atualização em 23 de julho de 2018 às 10h53.

São Paulo — Nos últimos anos, diversos restaurantes norte-americanos chegaram ao Brasil. É o caso do Abbraccio e Fleming’s, ambos da dona do Outback, TGI Friday’s, que retornou ao país, e das redes de fast food Taco Bell e Wendy’s.

Com um jeito similar e modelo de casual dining, a brasileira Coco Bambu prepara agora o caminho inverso. Ela irá abrir sua primeira unidade no exterior, em Miami, Estados Unidos, depois de uma forte expansão nacional.

Ainda que a rede tenha aprendido muito ao crescer no Brasil – eram 5 lojas em 2014 e serão 30 até o fim de 2017 - inaugurar a primeira filial internacional foi um grande desafio.

Um dos maiores obstáculos foi conseguir a aprovação para o local. A companhia escolheu um prédio histórico em South Beach, Miami, bairro nobre da cidade americana. Por ser um edifício tombado pela prefeitura, foi preciso conseguir dezenas de aprovações da prefeitura e até de associações de moradores para a empresa funcionar.

Em vez dos costumeiros cinco meses para abrir uma unidade por aqui, a primeira loja no exterior demorou mais de 3 anos e meio para ser inaugurado. O investimento também foi maior, de cerca de 35 milhões de reais.

Apesar das dificuldades para inaugurar o restaurante no edifício histórico, Afrânio Barreira, presidente e fundador da rede, diz que o local irá ajudar a empresa a se posicionar nos Estados Unidos.

“Estamos trilhando o caminho mais difícil para entrar no país, mas também é o mais glamoroso. É um prédio conhecido, não vai passar desapercebido”, afirmou em entrevista exclusiva a EXAME.com.

Além disso, o empreendimento foi o mais estudado e planejado da história da rede, para diminuir as incertezas e ameaças. Foram diversas pesquisas, do cardápio à decoração, passando pelo nome que a marca deveria ter no exterior. Felizmente, Coco Bambu é um nome fácil de ser pronunciado por norte-americanos.

Mesmo com toda a preparação, Barreira diz sentir um frio na barriga.

“Não dá para empreender sem tomar riscos. É um país diferente, outra cultura e um investimento alto”, afirmou. E ele está confiante que o restaurante será bem aceito e que, em breve, irá inaugurar outras unidades no país.

Espaço de sobra

Afrânio é engenheiro de formação, mas foi sua esposa, Daniela Barreira, que o levou a empreender no ramo alimentício. Seu primeiro restaurante foi o Dom Pastel, em um espaço de 20 metros quadrados em Fortaleza.

Aos poucos, a venda de pastéis tomou todo o prédio. A loja precisou se diversificar e começou a vender sushi, sanduíches e pizzas. Abriram até um buffett infantil do outro lado da rua.

Barreira chegou a abrir dois postos de serviço para carros e uma empresa de construção, que mais tarde se transformou em imobiliária. Esses negócios foram essenciais para financiar o início da rede alimentar.

Foi só em 2009 que o primeiro restaurante com a marca Coco Bambu foi aberto, em uma área nobre de Fortaleza.

Atualmente, o Coco Bambu emprega mais de 4.000 funcionários e seus restaurantes recebem 9 milhões de visitantes todos os anos.

As atuais 26 lojas são grandes, com espaços para 500 a 1.300 clientes e, juntas, têm uma área construída equivalente a 14 campos de futebol. Espaços que requerem investimentos altos - e muito trabalho.

“Eu tinha um receio de que, se não houvesse pessoas muito presentes no restaurante e com a figura de dono, não daria certo”, afirmou o presidente. Por isso, ele optou por não se expandir por meio de franquias e, ao invés disso, empreende por meio de sócios.

Cada restaurante tem de dois a três sócios operadores. Um deles deve sempre estar presente, da abertura ao fechamento da loja. Eles entram com 12% do investimento, que é de cerca de 10 milhões de reais por unidade, e o restante fica com a holding.

Tem dado certo. Com as inaugurações previstas para este ano, a previsão é do faturamento chegar a 600 milhões de reais em 2017.

Que crise?

O maior crescimento no número de unidades veio de 2014 para cá. Há três anos eram 5 lojas, hoje são 26 e, até o fim do ano, serão 30.

Por conta da expansão acelerada, a empresa precisou estruturar melhor as áreas de suporte aos restaurantes. Nos últimos dois anos, foram criadas as equipes financeira, de recursos humanos, cozinha, manutenção e boas práticas, que realizam visitas constantes às unidades em todo o Brasil para garantir o bom funcionamento da rede.

Com departamentos e processos mais definidos, abrir um restaurante ficou mais fácil e rápido. O tempo do início do projeto à inauguração pode chegar a cerca de cinco meses.

Barreira garante que a crise não atrapalhou a expansão da companhia. Pelo contrário, "conseguimos muitas oportunidades de negócio pela vacância em shopping centers".

Segundo ele, um dos motivos que ajudou a empresa a se manter acima das incertezas da economia foi o conservadorismo em relação ao investimento. "Trabalhei em um banco, o que deixou minha relação com dinheiro bem conservadora. Não pego empréstimos e nunca me endividei", afirmou.

Ele garante que todo o dinheiro usado para as inaugurações vem do caixa e lucro da empresa. Assim, protegeu o negócio contra as flutuações do mercado.

Agora, a rede brasileira de frutos do mar se prepara para navegar em águas internacionais.

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