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Ricos emprestam para ricos: o novo mercado 'secreto' em Londres

Os family offices conseguem oferecer taxas atraentes e prazos curtos

As operações são mais rápidas e menos burocráticas, mas envolvem juros elevados e alto grau de confiança pessoal (ChatGPT/Exame)

As operações são mais rápidas e menos burocráticas, mas envolvem juros elevados e alto grau de confiança pessoal (ChatGPT/Exame)

Publicado em 9 de novembro de 2025 às 06h57.

Indivíduos de alta renda estão recorrendo a empréstimos privados entre si para obter liquidez imediata em meio à retração dos bancos tradicionais e ao endurecimento das regras de crédito. De acordo com informações do Financial Times, o volume de operações entre £3 milhões (US$ 3,95 milhões) e £10 milhões (US$ 13 milhões) tem crescido de forma constante, e algumas transações ultrapassam £50 milhões (US$ 65,8 milhões), com garantias que incluem propriedades, ações, arte, joias e até iates.

Segundo Adam Russ, chefe global de gestão de patrimônio e crédito comercial do Deutsche Bank, o elemento de confiança é central nesse tipo de operação. Ele explicou que, diferentemente das instituições financeiras, os credores particulares normalmente conhecem pessoalmente os tomadores: a decisão de emprestar “começa com o caráter”, afirmou.

Family offices assumem o papel dos bancos

A alta dos juros e a perda de atratividade dos imóveis de luxo em Londres reduziram o apetite bancário por financiar projetos de alto risco. Nesse cenário, family offices — gestoras de patrimônio de famílias bilionárias — passaram a atuar como credores privados, oferecendo capital de curto prazo a incorporadoras e investidores que precisam de recursos rápidos para aquisições ou refinanciamentos.

Imóveis e arte como colateral

Um dos principais exemplos é a Cohort Capital, sediada em Londres, que começou como um family office e agora coordena consórcios de investidores. A empresa já originou £1,5 bilhão (quase US$ 2 bilhões) em empréstimos provenientes de 15 escritórios familiares, responsáveis por 90% do capital aplicado.

As garantias variam conforme o perfil do tomador. Segundo o FT, imóveis são preferidos pela facilidade de registro de ônus e execução, enquanto ativos móveis — como iates ou obras de arte — são vistos com mais cautela pela dificuldade de rastreamento e liquidez.

Mercado de crédito paralelo

Especialistas afirmam que essa forma de crédito privado se consolidou como alternativa aos bancos tradicionais, especialmente entre clientes com alto patrimônio, mas com fluxo de caixa limitado. As operações são mais rápidas e menos burocráticas, mas envolvem juros elevados e alto grau de confiança pessoal.

Os family offices conseguem oferecer taxas atraentes e prazos curtos, principalmente quando há imóveis de luxo como garantia. A rapidez e a flexibilidade tornaram esse mercado mais comum do que costumava ser, segundo a reportagem do Financial Times.

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