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Tarifa de Trump faz indústria do Paraná dar férias coletivas de 30 dias para 700 funcionários

A empresa BrasPine, do setor madeireiro, já se prepara para enfrentar o possível ‘tarifaço’ do governo americano previsto para o dia 1 de agosto

Unidade da BrasPine, em Jaguariaíva, Paraná, que irá liberar 700 funcionários para férias coletivas (BrasPine/Divulgação)

Unidade da BrasPine, em Jaguariaíva, Paraná, que irá liberar 700 funcionários para férias coletivas (BrasPine/Divulgação)

Publicado em 16 de julho de 2025 às 12h02.

Última atualização em 16 de julho de 2025 às 14h59.

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A medida anunciada na última semana pelo presidente Donald Trump, de aplicar 50% sobre produtos brasileiros importados, está prevista para entrar em vigor em 1 de agosto – mas empresas já estão se precavendo quando ao futuro impacto que esse ‘tarifaço’ pode causar em seus negócios – caso seja aplicado ao Brasil.

É o caso da BrasPine, empresa do Paraná que fabrica molduras de madeira, que decidiu na última quinta-feira adotar férias coletivas de 30 dias para 700 funcionários na unidade de Jaguariaíva, segundo a área de Comunicação da BrasPine.

“Essa turma de 700 funcionários são todos da operação e será dividida em dois grupos, um deles sai de férias, e depois o outro sai. A ideia é manter a fábrica de Jaguariaíva em operação porque temos compromissos com os nossos clientes”, diz a fonte da empresa.

A origem da companhia

A companhia se consolidou como uma das principais empregadoras do estado do Paraná. Fundada em 1997, por três sócios, a BrasPine tem duas unidades fabris: uma em Jaguariaíva com cerca de 1.300 funcionários e outra em Telêmaco Borba com cerca de 1.100. Além disso, a companhia também tem uma área florestal que começou em 2020 com 150 funcionários, além de dois escritórios em Curitiba e Porto Alegre que emprega 50 pessoas.

“Neste momento, apenas uma parte dos funcionários da unidade de Jaguariaíva que terão férias coletivas. Ainda não podemos falar sobre Telêmaco Borba”, diz.

A dependência com a exportação americana e europeia 

Por ser uma empresa de capital fechado, a empresa não abre informações sobre o faturamento e produção, mas a fonte diz que a companhia tem forte dependência do mercado norte-americano, por trabalhar com 3 segmentos de negócio - e dois deles dependem muito da exportação, que são:

  • Mouldings (molduras de madeira, que são o carro-chefe da empresa);
  • Pellets de madeira (um tipo de pinus feito de subprodutos, que funciona como biocombustível),
  • Florestal (plantação de árvores para uso como matéria-prima).

Leia também: Trump diz que tarifas sobre medicamentos e chips podem ser implementadas até o fim do mês

“No caso das molduras de madeira, a maior parte é exportada para os Estados Unidos. Já no caso dos pellets, são os países europeus o principal mercado de importação”, afirma a fonte.

Em nota, a companhia diz que “permanece atenta às movimentações diplomáticas e comerciais na expectativa de que o governo brasileiro conduza negociações eficazes com os Estados Unidos, buscando moderação da tarifa e a preservação da competitividade das exportações nacionais”.

Paraná: um estado estratégico no setor florestal

De acordo com dados do último Estudo Setorial da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), o Paraná possui cerca de 1,17 milhão de hectares plantados, sendo 710.836,77 hectares de pinus, 438.721,37 hectares de eucalipto e 6.486,96 ha de araucária, o que corresponde a 11,84% dos plantios do país.

Isso coloca o Paraná no 4ºo lugar entre os produtores nacionais, fazendo com que o estado empregue 15,6% de todos os trabalhadores do setor florestal no Brasil.

No caso dos plantios de pinus, a região Sul do Brasil é predominante, devido às condições climáticas e de solo favoráveis para essa espécie. A região responde por 89% da área total de plantios de pinus do país, sendo que o Paraná é responsável por 50,49% do volume de madeira de pinus produzido no Brasil, o que o torna a segunda maior área de pinus do país.

As empresas associadas à APRE, que respondem por cerca de 50% da área plantada no Paraná, mantêm 564 mil hectares de área conservada e 79,1% das áreas dessas empresas estão certificadas.

Quando o recorte é exportação, só o estado paranaense exporta 69,49% do total nacional de molduras,  67,90% de compensado de pinus, 29,36% de painéis, 26,71% serrado de pinus e papel e 30,6% de portas de madeira.

Para Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), a expectativa do setor é de que a taxação seja, no mínimo, postergada ou no melhor dos cenários, revogada.

"Essa taxação de 50%, na prática, pode inviabilizar o negócio de exportação de produtos de origem florestal para os Estados Unidos. Em primeiro de abril já foi aplicada uma tarifa de 10% a todos os produtos brasileiros exportados e esses 50% estão sendo aplicados adicionalmente sobre essa tarifa. O esforço agora precisa ser para redução para uma tarifa administrável e, de preferência, nenhuma, porque já estamos sobretaxados.”

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