Donald Trump assina decreto que impõe tarifa de 50% aos produtos do Brasil (Anna Moneymaker / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP/AFP)
Repórter
Publicado em 30 de julho de 2025 às 16h54.
Última atualização em 30 de julho de 2025 às 17h35.
A imposição de tarifas de 50% por Donald Trump sobre produtos brasileiros foi assinada em decreto nesta quarta-feira, 30. A medida pode trazer repercussões econômicas significativas para o Brasil. Segundo Igor Lucena, economista e doutor em relações internacionais, os principais setores afetados por essa medida são aqueles com produtos de média alta industrialização e produtos tradicionais da produção brasileira.
Para Vinicius Vieira, professor de relações internacionais da Faap e FGV, a crise diplomática gerada pela tarifa é a pior crise na história de 200 anos de relação dos dois países. “Do ponto de vista econômico, os bens que não forem isentos desse tarifaço devem provocar uma série de problemas para os trabalhadores e os estados onde essas cadeias produtivas se concentram”.
A aplicação da tarifa de 50% impactará não apenas as exportações, mas também as empresas brasileiras que vendem produtos para as filiais nos Estados Unidos.
“Com o aumento de custos devido à tarifa, é esperado que essas empresas repassem os custos para os consumidores finais, o que pode diminuir a demanda e prejudicar a competitividade”, afirma Lucena.
Com a perda de mercado nos Estados Unidos, Lucena alerta que pode haver demissões em várias empresas brasileiras e o fechamento de fábricas.
“Algumas empresas que têm os Estados Unidos como principal mercado podem até mesmo decidir transferir suas operações para o país, resultando em menos empregos e menos arrecadação de impostos no Brasil”, afirma o economista.
A Ecosmetics, empresa brasileira do setor de cosméticos, por exemplo, está avaliando uma outra medida: transferir o centro de distribuição que tem hoje na Flórida para o Panamá.
Alguns estados brasileiros serão particularmente impactados, como o Ceará, onde 45% das exportações são destinadas aos Estados Unidos.
“A imposição das tarifas pode gerar uma redução de 1% no PIB do estado, o que evidencia a amplitude do impacto regional”, diz Lucena.
Para Vieira, além do Ceará, São Paulo também será afetado, com o café, sapatos e têxteis sendo alguns dos produtos mais prejudicados desses estados.
A única saída para o Brasil, segundo Lucena, seria uma negociação urgente entre os governos brasileiro e americano para proteger o mercado de trabalho e a economia nacional.
“Essa situação revela o peso econômico das exportações brasileiras para os Estados Unidos, que representam quase 18% das exportações totais do Brasil, ante apenas 2,5% a 3% das importações dos Estados Unidos provenientes do Brasil. A manutenção de uma negociação eficaz e a busca por alternativas é vital para preservar os empregos e o desenvolvimento econômico do país.”