Fábrica da Tial em Visconde do Rio Branco (MG): com nova tecnologia, capacidade de produção poderá chegar a 37 mil litros por hora. (Tetra Pak/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 15h30.
A fabricante mineira de sucos Tial se tornou a primeira empresa no mundo a adotar uma nova linha de pasteurização desenvolvida pela Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos. Criada por engenheiros da Tetra Pak, a tecnologia trata separadamente o concentrado e a água dos sucos — o que resultou em uma redução de 64,6% no consumo de vapor e de 50% no uso de água.
O lançamento vem em meio à transformação do mercado global de bebidas, que movimentou US$ 137,9 bilhões em 2024 e deve alcançar US$ 168,4 bilhões até 2030, segundo a consultoria Mordor Intelligence. Diante da pressão por eficiência energética e menor pegada de carbono, a inovação vai ao encontro da busca das indústrias por processos mais limpos e econômicos.
Na planta de Visconde do Rio Branco (MG), a Tial substituiu o modelo tradicional — em que toda a mistura de água e concentrado passa pelo processo de pasteurização — por um sistema de fluxos independentes. A água passa por purificação com radiação ultravioleta e filtragem, enquanto o concentrado é pasteurizado separadamente antes de ser reincorporado.
O processo também reduziu o consumo na etapa de limpeza automatizada, conhecida como Cleaning in Place (CIP), e diminuiu as perdas no envase ao permitir o reaproveitamento de líquidos intermediários. “Essa é uma tecnologia que, em um ano de implementação, já dá retornos financeiros sobre o valor investido e que nos permite projetar um potencial de 236% de aumento na capacidade de processamento”, afirma Ana Paula Forti, diretora de processamento da Tetra Pak Brasil.
Além da economia, a nova linha ocupa menos espaço e amplia a produtividade. O NPC instalado na Tial substituirá duas linhas de processamento existentes, que atualmente operam com uma vazão de 11 mil litros por hora. Com a nova tecnologia, essa capacidade poderá chegar a 37 mil litros por hora. Esse aumento significativo na capacidade de processamento permitirá à Tial avançar com seu plano de expansão, que contempla a instalação de novas linhas e a ampliação da capacidade produtiva da fábrica em até 67% em um primeiro momento.
Com R$ 350 milhões de faturamento em 2024, a Tial lidera o mercado regional de sucos prontos em Minas Gerais, com 19% de participação — quase o dobro da segunda colocada. Para a Tetra Pak, o projeto simboliza um passo importante na estratégia global de sustentabilidade, que mira reduzir em 50% as emissões de CO₂, o uso de água e as perdas nas fábricas de clientes até 2030.
Segundo Ana Forti, o diferencial técnico da linha está na separação dos fluxos, que reduz o volume pasteurizado e o tamanho dos equipamentos, além de eliminar a necessidade de resfriamento. “O próprio fluxo de água diminui a temperatura do concentrado”, explica.
O investimento inicial é cerca de 10% superior ao de um sistema convencional, mas o retorno ocorre em menos de um ano, graças à economia de energia e insumos. A nova linha também corta o uso de produtos químicos e melhora a eficiência do processo. “São 190 mil litros de concentrado economizados por ano, com uma redução de 92% nas perdas de produtos”, diz Ana Forti.
A tecnologia adotada pela Tial faz parte da ambição global da Tetra Pak. “Temos como objetivo tornar nossa produção neutra em carbono até 2030 e expandir isso a toda a cadeia até 2050”, afirma a executiva. Os resultados na planta mineira, diz ela, confirmam a viabilidade da meta.
Reconhecida por oferecer soluções completas para a indústria de alimentos e bebidas, a Tetra Pak tem ampliado o portfólio de tecnologias que preservam sabor, cor e aroma, reduzem perdas de matéria-prima e aumentam a eficiência operacional. “Essa iniciativa mostra não apenas a vocação inovadora da Tial, mas o potencial do Brasil em liderar projetos sustentáveis e de alta eficiência no setor de bebidas”, conclui Ana Forti.