Temu: vendas ainda se recuperam do impacto das tarifas americanas (Justin Sullivan/Getty Images)
Redatora
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 10h49.
A plataforma de e-commerce Temu voltou a enviar produtos diretamente de fábricas na China para consumidores nos Estados Unidos e aumentou seus gastos com publicidade no país.
O movimento ocorre após uma trégua nas disputas comerciais entre Washington e Pequim, segundo informações do jornal britânico Financial Times.
Fornecedores, parceiros e investidores da companhia afirmaram ao jornal que, em julho, a Temu retomou o modelo de remessas conhecido como “fully managed”, no qual assume a maior parte da logística e do trâmite alfandegário para os vendedores. O serviço havia sido suspenso em maio.
Controlada pela chinesa PDD Holdings, a empresa também reforçou os investimentos em publicidade nos EUA, depois de cortar o orçamento de marketing durante a escalada tarifária promovida pelo presidente americano Donald Trump.
Dados da consultoria Smarter Ecommerce e de pessoas próximas à operação indicam que o gasto com anúncios deve voltar ao patamar do primeiro trimestre, antes da imposição das novas tarifas.
A trégua comercial deu fôlego aos exportadores de produtos de baixo valor. Em abril, Trump anunciou o fim das isenções conhecidas como de minimis, que permitiam a entrada de pacotes de até US$ 800 sem cobrança de impostos.
A medida atingiu diretamente a Temu, cujo crescimento acelerado se apoiava nesse mecanismo. Na ocasião, a empresa chegou a informar que passaria a atender os pedidos americanos apenas com fornecedores locais.
As negociações em maio levaram os EUA a reduzir as tarifas extras sobre bens chineses para 30% por 90 dias. Para pacotes pequenos, a alíquota caiu para 54%, mas pode variar de acordo com o modelo de envio. A trégua foi prorrogada por mais 90 dias neste mês.
O governo americano também anunciou que, a partir de 29 de agosto, as isenções de minimis serão eliminadas para todos os países, o que tornará obrigatória a cobrança de tarifas sobre pacotes de baixo custo. No ano passado, a alfândega dos EUA processou 1,3 bilhão de encomendas nesse regime, somando US$ 64,6 bilhões.
Mesmo com as tarifas atuais, especialistas ouvidos pelo jornal avaliam que o envio direto ainda é mais vantajoso para empresas como a Temu do que manter estoques e centros de distribuição nos EUA.
A companhia também vem fortalecendo sua própria estrutura logística, diminuindo a dependência de terceiros e o risco de inspeções alfandegárias mais rigorosas.
Entre os fornecedores ouvidos pelo Financial Times, os efeitos da retomada são distintos. Um parceiro da província de Zhejiang relatou que o retorno do envio direto aumentou a exposição da marca e as vendas. Já um vendedor de Guizhou afirmou que o ritmo de vendas nos EUA continua abaixo do observado antes das tarifas impostas por Trump.