Estagiária de jornalismo
Publicado em 21 de maio de 2025 às 11h59.
O julgamento contra o rapper P. Diddy começou neste mês nos Estados Unidos. Sean Combs, como é seu nome de nascimento, enfrenta acusações federais de tráfico sexual, extorsão, conspiração e transporte para fins de prostituição.
O caso ganhou visibilidade após a ex-namorada do cantor, a cantora Cassie Ventura, entrar com um processo contra ele em novembro de 2023. Entre as acusações da cantora estavam crimes como estupro, abuso físico e controle psicológico.
Naquele momento, o processo foi resolvido com um acordo de US$ 20 milhões, mas desencadeou novas denúncias e investigações — incluindo a de tráfico sexual.
Cassie Ventura, figura central do caso, prestou mais de 20 horas de depoimento nos últimos sete dias.
Durante sua participação, a cantora detalhou episódios de violência física, abuso psicológico e práticas sexuais degradantes que, segndo ela, aconteceram com frequência durante os 11 anos de relacionamento com Combs.
Grávida de oito meses, ela relatou diversas situações em que foi coagida a participar dos chamados "freak offs" — festas sexuais organizadas por Diddy, frequentemente sob efeito de drogas e com registros em vídeo.
Um dos momentos mais marcantes do julgamento foi o depoimento de Regina Ventura, mãe de Cassie. Ela contou que, em 2011, precisou confrontar fisicamente Combs após ele agredir Cassie em um episódio de ciúmes envolvendo o rapper Kid Cudi.
Segundo Ventura, Cassie chegou a hipotecar a casa para pagar uma quantia exigida por Combs, temendo represálias.
Outro destaque foi o depoimento do ex-assistente pessoal de Diddy, David James.
Ele descreveu uma noite em 2008 em que, após um encontro tenso com Suge Knight, Combs teria voltado armado ao local para confrontá-lo, aumentando ainda mais a tensão entre as costas leste e oeste do rap americano.
Marion Hugh "Suge" Knight Jr. é empresário do hip-hop conhecido por fundar a Death Row Records, gravadora que impulsionou artistas como Tupac Shakur, Dr. Dre e Snoop Dogg. Sean "Diddy" Combs é o empresário à frente da Bad Boy Records, gravadora da Costa Leste dos Estados Unidos.
A relação entre Suge Knight e Diddy é marcada por uma rivalidade histórica entre suas gravadoras nos anos 1990, envolvendo disputas pelo domínio do rap, tensões pessoais e conflitos que chegaram a envolver ameaças e confrontos diretos. A disputa influenciou fortemente a cultura do hip-hop americano daquela época.
Knight tem feito críticas públicas a Diddy, enquanto familiares de Tupac Shakur sugerem que conflitos envolvendo Diddy podem estar ligados às disputas entre as gravadoras.
A cantora Dawn Richard, ex-integrante do grupo Danity Kane, relatou que presenciou Diddy agredindo brutalmente Cassie por motivos banais, como demorar para preparar um jantar.
Ela afirmou que, após o episódio, Combs tentou justificar a violência dizendo que era "paixão de casal" e chegou a ameaçar as testemunhas, dizendo que "pessoas desaparecem" quando falam demais.
Segundo relatos da promotoria e de Kerry Morgan, ex-melhor amiga de Cassie, Combs agredia a namorada por motivos triviais, como demorar no banheiro ou não atender o telefone.
Morgan descreveu um episódio em que viu Combs arrastar Cassie pelos cabelos e jogá-la no chão durante uma viagem à Jamaica.
Durante a investigação, agentes federais encontraram no quarto de hotel de Diddy em Nova York uma série de itens inusitados.
Entre eles estavam frascos de óleo de bebê, lubrificantes, pós cor-de-rosa (suspeitos de serem ecstasy) e luzes de festa usadas nos "freak offs".
Cassie revelou que, além do acordo inicial de US$ 20 milhões, está prestes a receber US$ 10 milhões do hotel onde foi gravado o vídeo de uma agressão sofrida por ela em 2016.
O vídeo, exibido no tribunal, mostra Diddy agredindo Cassie em um corredor, fato que ele admitiu após a divulgação das imagens pela imprensa.
O julgamento também chamou atenção por envolver nomes como Britney Spears, Michael B. Jordan e Kid Cudi. Cassie relatou que seu breve envolvimento com Kid Cudi gerou uma onda de violência e ameaças por parte de Diddy.
Entre as acusações está a explosão do carro do rapper em 2012, supostamente a mando de Combs.
Cassie também testemunhou sobre o uso intenso de opioides por parte de Diddy. A cantora relatou um episódio em que ele teve uma overdose durante uma festa na Mansão Playboy, em 2012, pouco depois da morte de Whitney Houston.
Cassie detalhou como, por "amor e medo", acabou participando dos "freak offs", festas sexuais organizadas por Diddy.
Nas festas, ela era obrigada a envolver-se com terceiros sob observação e direção do rapper, além de ser filmada e submetida a práticas degradantes.