Harry Potter: filme faz parte do catálogo da Warner Bros (Divulgação)
Repórter
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 06h21.
A Warner Bros. Discovery recebeu propostas de aquisição de pelo menos três grupos: Paramount Skydance, Netflix e Comcast. Os lances preliminares foram entregues na quinta-feira, 20, e sugerem tanto a compra total quanto a divisão dos ativos da empresa, diz a Variety.
A oferta da Paramount, respaldada pela família Ellison e pela RedBird Capital, gira em torno de US$ 23,50 por ação, com 80% em dinheiro e 20% em ações. Em outubro, esse valor já havia sido recusado pelo conselho da WBD.
Segundo fontes ouvidas pela Variety, a Netflix e Comcast estão interessadas apenas nos ativos de streaming e estúdios, que incluem HBO Max e o Warner Bros. Studios. Ambas descartam o setor de TV a cabo, hoje abrigado na divisão Discovery Global.
A Warner enfrenta uma das maiores crises da história recente do setor de mídia.
Desde a fusão entre WarnerMedia e Discovery, em 2022, a companhia perdeu quase 60% de valor de mercado e viu seu braço de televisão linear — que inclui CNN, TNT e Discovery Channel — encolher diante do avanço do streaming.
Em 2024, a empresa registrou um prejuízo contábil de US$ 9,1 bilhões com desvalorização desses ativos e sofreu novo baque em 2025 com a perda dos direitos de reprodução dos jogos da liga americana de basquete, a NBA.
O cenário piorou com a queda de receitas no primeiro semestre de 2025 e o rebaixamento da nota de crédito pela agência S&P para grau especulativo. É esperado que as receitas de publicidade e TV paga continuem a cair até 2026.
Apesar da deterioração financeira, a WBD recusou três propostas de aquisição da Paramount até o momento, incluindo uma oferta final estimada em US$ 75 bilhões, que prevê a transferência da obrigação da dívida para a companhia.
Para a Warner, especialmente para o CEO David Zaslav, o valor oferecido é uma subavaliação dos ativos, e mostra uma "incompatibilidade estratégica". Há também o temor sobre riscos regulatórios com agências americanas.
Em vez de fechar a oferta com a Paramount diretamente, a empresa iniciou um processo formal de leilão, buscando atrair lances parciais de grupos como Netflix e Comcast, interessados apenas nos estúdios e na plataforma HBO Max.
Como alternativa à venda total, a WBD também estuda a divisão da empresa em duas até 2026: uma unidade com foco em streaming e produção cinematográfica, sob comando de Zaslav, e outra com os ativos de televisão linear, liderada pelo CFO Gunnar Wiedenfels. Desse modo, a Warner conseguiria vender partes separadas de sua companhia e, assim, ter mais controle sobre a aquisição.
A proposta mais agressiva para a aquisição total da Warner Bros. Discovery (WBD) é liderada por David Ellison, CEO da Paramount Skydance, que tem como objetivo consolidar a WBD em um único conglomerado de mídia.
A coalizão financeira por trás da oferta inclui potentes fundos do Oriente Médio, com Arábia Saudita, Abu Dhabi e Catar fornecendo sustentação capital. A operação conta com o forte apoio de Larry Ellison, cofundador da Oracle e um dos homens mais ricos do mundo, que se comprometeu a financiar parte significativa da oferta.
A proposta também é articulada por figuras influentes como Jeff Zucker, ex-presidente da CNN, e Turki Alalshikh, chefe da Autoridade Geral de Entretenimento da Arábia Saudita, cujos vínculos com o governo saudita garantem peso político à operação.
Fontes indicam também que o presidente Donald Trump demonstrou apoio político à proposta da Paramount, após um encontro com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (MBS). A Paramount também está disposta a assumir a dívida da Warner para garantir a aquisição total.
A junção de ambos os grupos formaria um gigante com mais de 200 milhões de assinantes de streaming e um portfólio de conteúdo ainda mais completo, rivalizando com as maiores potências do setor, como Disney e Netflix.
Warner: crise financeira cria disputa acirrada por seus ativos (Jacek_Sopotnicki/Getty Images)
A Netflix, por sua vez, está considerando a aquisição dos estúdios Warner e da plataforma de streaming HBO Max, atraída pelo acervo de filmes e séries e pela capacidade de produção da Warner.
A proposta da gigante do streaming seria em ações, aproveitando sua capitalização superior a US$ 470 bilhões e o fluxo de caixa, o que daria à empresa a capacidade de realizar uma oferta considerável.
A transação, no entanto, enfrenta riscos regulatório, principalmente pela concentração de mercado que a união de dois grandes serviços de streaming — Netflix e HBO Max — poderia gerar, o que atrairia a atenção de autoridades antitruste, especialmente nos EUA e na Europa.
Por outro lado, a Comcast apresenta uma proposta estratégica focada na integração dos estúdios Warner aos da Universal e propõe combinar o HBO Max com o Peacock, criando um super-streaming que poderia disputar de forma mais agressiva com a Netflix e a Disney+.
A proposta exclui da negociação os canais a cabo da WBD, como CNN, TNT, Food Network e outros, já que a Comcast não tem interesse no segmento de televisão tradicional, o qual continua perdendo audiência devido à migração para o digital.