Lady Gaga em Copacabana: bancos são vendidos a R$ 70 como ‘camarote’ e guarda-sóis a R$ 80 (Pablo PORCIUNCULA / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 3 de maio de 2025 às 19h18.
Ver Lady Gaga de perto é quase uma missão impossível. Com as grades ocupadas desde a madrugada, arrumar um lugar na areia da Praia de Copacabana com uma visão privilegiada não é fácil. Desde a manhã, com sol escaldante, os fãs estão recorrendo a guarda-sóis dos barraqueiros — alugados por preços inflacionados, a R$ 80 — e até a “camarotes”, como anunciam os camelôs, se referindo a bancos de plástico, que variam entre R$ 50 (pequeno) e R$ 70 (grande), que servirão como uma plataforma para ver o show mais do alto.
— Foi uma dica que vi no TikTok. Chegar cedo, alugar uma barraca, aguentar o sol e marcar posição, depois esperar o show começar — conta o servidor público Jonathan Rego, de 35 anos, que saiu de Santarém (PA) para Copacabana.
Embaixo de sua sombra, está sua namorada e duas amigas, que são conterrâneas dele, mas que moram no Rio. Além deles, na mesma canga estão dois fluminenses de Rio das Ostras, que até então só se conheciam virtualmente.
Enquanto conversam, camelôs com bancos de plástico empilhados passam anunciando “camarote! Camarote!”. O valor varia de acordo com o tamanho, podendo chegar a R$ 70. Pela internet, é possível comprar um conjunto de cinco banquetas por esse valor, ou um conjunto de 10 unidades a R$ 79.90, lucro certo.
Resolvida a sombra e a visão do palco, como fazer para ir ao banheiro? Livian Pascoal, estagiária de TI de Rio das Ostras, conta que está usando fralda.
— Fico nervosa, sou muito Maria mijona. Então falei “não vou sair do lugar”, a Gaga é a única pessoa por quem vou fazer isso — conta a jovem.
No mesmo local da areia, há ainda uma dupla de “amigos de sombra” vinda de Campina Grande (PB). Um deles, o professor Lucas Tavares, de 28 anos, explica a situação.
— A gente queria ficar próximo (do palco), mas num lugar que desse pra curtir e não ficar tão apertado. Na verdade, a gente queria o VIP, mas não deu. Pedimos permissão (aos donos da sombra) e, como ninguém disse que não, sentamos — disse o professor, sobre uma canga.
Entre os fãs, os sotaques distintos se unem em nome de Lady Gaga. A psicóloga Laura Fiuza, de 24 anos, mora em Curitiba e conta que saiu de casa às 15h de sexta-feira, chegando a Copacabana às 9h deste sábado. Ela precisou abrir um guarda-chuva para se proteger do sol forte.
— Aqui está ótimo, está melhor do que esperava. Achamos que ficaríamos mais atrás, mas até que nos demos bem. O guarda-chuva e enquanto o sol incomodar, depois é só dançar — conta ela, num grupo 30 paranaenses.
Seu colega de excursão, o técnico colóquio Edeh Júnior, explica que todo esse esforço será recompensado.
— Só o fato de estar respirando o mesmo ar que a Lady Gaga já vale a pena — explica ele. — A gente sente que pode existir dentro da gente aquele amor de adolescente (pela cantora): amor verdadeiro nunca morre.
Outra caravana, essa composta por quatro ônibus, também saiu do Paraná, da cidade de Maringá. Rafael Mattos saiu de Assis Chateaubriand (PR) e pegou um voo até Maringá, para se juntar ao grupo.
Mas a viagem foi de perrengues. O primeiro deles se deu na chegada a Copacabana: segundo ele, o ônibus era maior que a altura permitida num túnel em Botafogo, então a viagem foi concluída em vans. Já na areia, o grupo sofreu para montar uma tenda.
— São mais de 10 anos sendo fã, tudo vale à pena — conclui.