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Netflix que se cuide: YouTube vira queridinha da TV e aposta em séries com influenciadores

Plataforma ultrapassa rivais em audiência nas telas grandes e conquista criadores com produções dignas de Hollywood

Publicado em 15 de junho de 2025 às 14h50.

Uma comédia sobre os bastidores de um clube de golfe estreou neste mês com um formato familiar: 20 minutos por episódio, humor direto e roteiro enxuto. E ela não foi exibida pela Netflix nem por canais tradicionais — mas sim pelo YouTube.

Shanked é um exemplo do novo movimento da plataforma, que tem incentivado criadores a desenvolver séries pensadas para as telas grandes. O avanço da empresa sobre o território da TV convencional muda o equilíbrio da indústria de entretenimento em 2025.

Shanked

Shanked (YouTube/Reprodução)

Segundo dados da Nielsen, o YouTube já é a plataforma de vídeo mais assistida nas televisões, superando Netflix, Disney+ e Prime Video. A mudança não é apenas de hábito: ela vem acompanhada de uma nova lógica de produção.

Séries como as de Dhar Mann e Alan Chikin Chow refletem essa tendência. Criadores deixam de lado vídeos curtos e isolados para desenvolver conteúdos com arcos narrativos e estilo televisivo.

Para Ryan Horrigan, da produtora London Alley, em entrevista ao Business Insider, o YouTube oferece o ambiente ideal para conteúdos de baixo custo e grande alcance. “A plataforma está priorizando séries com esse formato, então decidimos testar esse espaço”, explicou.

Publicidade e criadores no centro da nova economia

A expansão do YouTube também atrai o mercado publicitário. Segundo a WPP, criadores devem movimentar US$ 185 bilhões até 2027, superando o investimento publicitário nas grandes redes de TV.

A Unilever, por exemplo, anunciou que passará a direcionar metade de seu orçamento de publicidade para plataformas sociais e trabalhará com mais influenciadores. O modelo de monetização do YouTube — com 55% da receita publicitária para os criadores — é visto como atrativo para esse crescimento.

Neal Mohan, CEO do YouTube, reforça que o relacionamento direto com o público é o diferencial da plataforma. “Os criadores constroem negócios sustentáveis aqui. Eles têm autonomia e uma base de fãs fiel”, afirmou em entrevista à EXAME.

Netflix, Amazon e os testes com influenciadores

As plataformas de streaming tradicionais também começaram a se adaptar. Amazon investiu mais de US$ 100 milhões na produção de Beast Games, com MrBeast, e renovou a série para mais duas temporadas.

A Netflix firmou parcerias com nomes como The Sidemen e Ms. Rachel, enquanto HBO Max e Hulu lançaram reality shows com influenciadores como Jake e Logan Paul. No entanto, o modelo ainda enfrenta resistências.

Representantes de criadores relataram casos em que acordos com plataformas foram recusados por exigirem controle total sobre propriedades intelectuais e canais de comercialização. No YouTube, por sua vez, os criadores mantêm os direitos e acessam dados detalhados de desempenho.

IA e novas ferramentas impulsionam a produção global

A inteligência artificial também deve acelerar a transformação do conteúdo. O YouTube já utiliza recursos como o DreamScreen, que transforma ideias em vídeos com rapidez, e o áudio multitrilha, que permite publicar em diferentes idiomas.

Essas inovações ampliam o alcance global dos criadores e facilitam a produção de séries com ambições maiores. Segundo Mohan, o foco é consolidar o YouTube como base de uma nova economia criativa — mais aberta, acessível e diversa.

No novo cenário do entretenimento, o YouTube não apenas ocupa espaço. Ele redesenha as regras do jogo — e desafia as plataformas que até pouco tempo dominavam a audiência global.

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