Os Miseráveis: cartaz promocional do livro em 1925 (LMPC/Getty Images)
Freelancer
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 08h58.
Escrever um livro já é difícil. Agora, imagine criar um dos maiores romances da história em 1860, trancado num quarto sem roupa, enquanto encara um espelho e toma banho no telhado. Essa era a rotina de Victor Marie Hugo para vencer a procrastinação.
Longe dos cafés de Paris, o autor de Os Miseráveis (1862) vivia exilado em Guernsey, onde criou um método rígido para manter a produtividade.
Segundo estudos, ele acordava às 6h, quando um disparo de canhão ecoava do forte próximo a sua casa. Começava o dia com uma xícara de café, enquanto recebia e escrevia uma carta para Juliette Drouet, sua amante e confidente.
Escritório de Victor Hugo na Hauteville House, cômodo onde "Os Miseráveis" foi escrito. (The Print Collector/Getty Images)
Após comer dois ovos — que podiam ser crus ou cozidos —, Hugo se trancava em seu escritório, escrevendo intensamente até as 11h. Para evitar qualquer distração, trancava suas roupas fora do cômodo e escrevia em frente a um espelho, numa espécie de vigília solitária.
Já no período da tarde, ele substituía o almoço por uma sessão intensa de exercícios físicos, tomava banho gelado no telhado por cerca de uma hora e fazia visitas ao barbeiro, sem esquecer de Juliette, com quem se encontrava na maioria dos dias.
Pela noite, o autor costumava relaxar com jantares, jogos de cartas ou encontros sociais.
Com essa rotina um tanto quanto excêntrica e disciplinada, Hugo produziu algumas das maiores obras da literatura ocidental, como O Corcunda de Notre-Dame (1831), Noventa e Três (1874) e O Homem que Ri (1869).