Abby em "The Last of Us": trajetória marcada por violência e redenção (Liane Hentscher/HBO)
Repórter de POP
Publicado em 25 de maio de 2025 às 23h07.
Neste domingo, 25 de maio de 2025, foi ao ar o último episódio da segunda temporada de "The Last of Us", série da HBO baseada no jogo de mesmo nome. E o final foi bem marcante: a parte final — e mais controversa — da terceira temporada vai explorar o lado da história da Abby (Kaitlyn Dever).
Personagem que dividiu o público desde sua chegada brutal, Abby é apresentada como antagonista após assassinar Joel (Pedro Pascal), protagonista da primeira temporada da série. Mas o que parece uma história de vilania simples se revela um dos arcos mais complexos do jogo.
Os criadores da produção, Craig Mazin e Neil Druckmann, já avisaram: é capaz de "The Last of Us" ganhar uma quarta temporada para entrar na história de Abby e Ellie (Bella Ramsay) com profundidade.
A HBO já renovou "The Last of Us" para uma terceira temporada, mas ainda não há data de estreia. O que sabemos, dado o final do capítulo deste domingo, é que os próximos episódios devem focar mais na história de Abby. E no jogo, o destino da personagem é surpreendente.
Atenção: o texto abaixo contém spoilers sobre o final do jogo "The Last of Us - Parte II".
Ao assumir o controle da personagem por várias horas no jogo, o público passa a conhecer suas motivações. Filha do médico morto por Joel no primeiro título, Abby vive atormentada pelo desejo de vingança. Mas o que define a trajetória dela não é apenas a raiva, e sim a transformação interna que ocorre após conhecer Lev, um jovem membro de uma seita religiosa perseguida — os Seraphitas (ou Cicatrizes).
A conexão entre os dois obriga Abby a repensar suas escolhas e desafiar a organização para a qual trabalhava. E o jogo mostra, em detalhes, a transição que a personagem faz de soldado impiedosa para uma figura protetora, disposta a arriscar a própria vida por alguém vulnerável.
No meio dessa trajetória, Lev e Abby se envolvem em várias "provas de sobrevivência", até que terminam os dois presos em uma praia, de mãos atadas e pendurados em um poste para morrer de fome e sede. O clímax de "The Last of Us Part II" é o reencontro entre Abby e Ellie, que chega a esse local movida por ódio e desejo de vingança.
Elas se enfrentam em uma cena dolorosa, de luta intensa, marcada pelo esgotamento de ambas. Quando Ellie finalmente tem a chance de matar Abby, ela desiste. O ciclo de violência é interrompido ali, sem perdão explícito, mas com a sensação de que algo mudou. Abby, debilitada e ferida, parte com Lev em busca de uma nova vida, deixando o passado para trás.
Na versão da HBO, Abby é interpretada por Kaitlyn Dever e já foi introduzida com camadas mais humanas desde sua primeira aparição. A expectativa é que a terceira temporada mantenha a essência do jogo e apresente um lado mais emocional da personagem ao público — que teve pouca oportunidade de conhecer a história dela.
A fuga com Lev é um dos pontos mais importantes do jogo, e representa um amadurecimento claro de Abby. O confronto final com Ellie é a essência da obra original: a busca por vingança fez com que as duas perdessem tudo e todos ao seu redor, e a motivação, no fim, não vale a pena.
O final de Abby é um dos momentos mais simbólicos da franquia. Ela sobrevive — fisicamente e emocionalmente — em um mundo onde poucos têm esse privilégio. O destino é um convite à empatia e ao reconhecimento de que, em "The Last of Us", não há heróis ou vilões, apenas sobreviventes tentando fazer o melhor com o que restou.