Todo Mundo Odeia o Chris: série deixou final em aberto (Todo Mundo Odeia o Chris/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 08h24.
Um corte abrupto. Nenhuma resposta clara. Uma música dos anos 1980 ao fundo e o silêncio de um envelope fechado. Assim terminou, em 2009, o último episódio de Todo Mundo Odeia o Chris. A cena final deu origem a uma das maiores teorias da internet: Julius, o pai de Chris, morreu?
Desde então, a dúvida se transformou em boato. Nas redes sociais, circulou por anos a ideia de que o pai de Chris teria morrido naquela última sequência, dentro de uma lanchonete, antes de abrir o resultado do exame supletivo do filho. Mas a realidade é outra.
O episódio final, “Todo Mundo Odeia o Supletivo”, mostra Chris prestes a receber o resultado do exame G.E.D., o equivalente ao diploma do ensino médio nos Estados Unidos. A família está reunida em uma lanchonete, e Julius chega com o envelope que todos aguardam.
No exato momento em que Chris pergunta “E aí?” ao pai, a tela escurece. Nenhuma resposta é dada. Em vez disso, a série termina com a música “Livin’ on a Prayer”, da banda Bon Jovi, tocando ao fundo.
O estilo do final foi uma homenagem à série Os Sopranos, que também usou um corte seco para encerrar sua história. Com isso, o público acreditou que algo trágico havia acontecido, e o principal alvo da teoria foi Julius.
Em 2024, 15 anos após o encerramento da série original, a animação Everybody Still Hates Chris trouxe novas respostas. Narrada também por Chris Rock, a produção revelou o destino do personagem: Chris reprovou no G.E.D. e teve de repetir o 10º ano escolar.
Com isso, ficou claro que Julius sobreviveu. O final aberto não indicava a morte do personagem, mas sim uma metáfora para a incerteza do futuro do jovem Chris — inspirado diretamente na vida real do comediante.
Outro elemento que contribuiu para as teorias foi a presença de um homem desconhecido sentado próximo à família. De terno, ele observa a cena, mas não interage. Na internet, surgiram versões que diziam se tratar de um assassino ou um cobrador.
A explicação veio anos depois: o personagem simbolizava um agente que mudaria o rumo da vida de Chris, convidando-o para o universo da comédia. Ou seja, ele representava o começo da carreira artística do jovem.
Na série, Julius é interpretado por Terry Crews. Mas o personagem é baseado em Julius Rock, pai de Chris, que trabalhou como entregador de jornais e motorista de caminhão. Ele morreu em 1988, aos 55 anos, após complicações de uma cirurgia para tratar uma úlcera.
Chris Rock tinha apenas 23 anos quando perdeu o pai. Mesmo assim, decidiu mantê-lo vivo na série, como um retrato fiel da figura paterna que o influenciou. A escolha de não matar Julius na ficção foi uma homenagem e um ato de respeito.
A decisão de encerrar a série com um final ambíguo foi do próprio Chris Rock. A produção era inspirada em sua adolescência no bairro do Brooklyn, e a história seguiu até o ponto em que, na vida real, ele largou a escola para iniciar sua carreira na comédia.
Chris reprovou no G.E.D., saiu de casa, passou a frequentar clubes de stand-up e nunca mais voltou para o ensino formal. A cena do envelope fechado marca exatamente esse momento: a transição da adolescência para a vida adulta, mesmo sem um diploma na mão.
Mais de 15 anos após o fim, a série segue popular. Nas plataformas de streaming, memes e fóruns online, Chris, Rochelle, Drew, Tonya e Julius ainda fazem parte do cotidiano dos brasileiros. E mesmo com a animação atual, muitos ainda retornam ao último episódio original para buscar significados ocultos.
Mas agora está claro: Julius não morreu. E o fim era apenas o começo para Chris.