Biorrefinaria da Inpasa: novas oportunidades na exportação de seu etanol (Leandro Fonseca /Exame)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06h00.
Não é qualquer história empresarial que surpreende a equipe de jornalistas da EXAME, acostumada a entrevistar milhares de empresários por ano. Mas a trajetória da Inpasa é dessas que não aparecem todo dia, nem para a principal publicação de economia e negócios do Brasil. A produtora de etanol de milho criada pelo paulista José Odvar Lopes no Paraguai avança a uma velocidade impressionante desde que chegou ao Brasil. Seu faturamento cresceu 37 vezes nos últimos cinco anos, para 14,9 bilhões de reais em 2024, e deve subir outros 70% neste ano, para 24 bilhões de reais. “Zé Lopes”, como é conhecido, recebeu a reportagem para uma rara entrevista pouco antes da inauguração de uma nova biorrefinaria, em Balsas, no interior do Maranhão. A reportagem assinada por César H.S. Rezende e Rafael Balago e com fotos do editor Leandro Fonseca mostra como a Inpasa provoca uma revolução no agro brasileiro, cada dia mais inovador e mais preocupado com sustentabilidade.
O Brasil precisa de mais histórias de ambição e protagonismo num mundo em transformação acelerada. Esta edição mostra também o tamanho da oportunidade que o país tem no mercado de frutas, em que é apenas o 31o maior exportador do mundo. É um setor com produtos profundamente afetados pelo tarifaço de Donald Trump. Mesmo que algumas tarifas possam cair (ou até subir, vai saber?), a maior lição está na importância de diversificar a estratégia e estar preparado para a maior variedade possível de cenários. É esse o desafio que se impõe aos pequenos e médios empresários retratados em reportagem de Daniel Giussani, Isabela Rovaroto e Layane Serrano.
Histórias como a da pernambucana Noronha Pescados, que se adaptou para produzir nos estados de Massachusetts e da Geórgia, mostram que o empreendedor brasileiro está habituado a desafios. Se os contextos nacional e global ajudarem, melhor, claro. A Inpasa, por exemplo, se beneficiou de regulações federais que estimulam o consumo de etanol e agora se estrutura para exportar seu produto. Histórias de companhias brasileiras que ganharam o mundo ainda são raras, mas podem ficar mais comuns em momentos de redesenho geopolítico. Uma inspiração indiscutível é a da cervejaria AB InBev, que começou a nascer 25 anos atrás, com a união de Brahma e Antárctica, e hoje fatura 60 bilhões de dólares. Em entrevista para esta edição, Michel Doukeris, o brasileiro à frente da multinacional, diz como a empresa valoriza cada vez mais a importância de aprender. “Somos uma empresa que aprende tudo e que não sabe tudo”, diz. É uma lição valiosa num mundo que “está como está por causa das certezas”, como canta o uruguaio Jorge Drexler.
Boa leitura!