Festa: evento inédito com todas as equipes em fevereiro mostra força da categoria (Ben Stansall/AFP/Getty Images for National Geographic Magazine)
Jornalista
Publicado em 20 de março de 2025 às 06h00.
A temporada 2025 da Fórmula 1, iniciada neste mês em Melbourne, na Austrália, marca o começo de uma nova era de ouro para a categoria. A maior e melhor Fórmula 1 de todos os tempos deve ser vista por milhões de fãs no mundo inteiro neste ano, motivada por um conjunto de fatores que já coloca a temporada como um marco histórico do esporte. Para os brasileiros, de quebra, há um interessante tempero extra: a volta de um piloto titular do país, com Gabriel Bortoleto na Sauber, depois de um hiato de sete anos.
A expectativa para 2025 é tamanha que a temporada teve início antes mesmo do começo do campeonato de 2024. Em fevereiro do ano passado, Lewis Hamilton anunciou sua transferência para a Ferrari, o que causou a maior revolução no mercado de pilotos de toda a história, superando até mesmo momentos marcantes, como a própria ida de Michael Schumacher para o time italiano, em 1996, ou mesmo os movimentos de Ayrton Senna para a McLaren, em 1988, e para a Williams, em 1994.
A união de Hamilton, simplesmente o maior vencedor da história da Fórmula 1, com 105 vitórias, com a equipe mais vitoriosa e tradicional da categoria (a Ferrari é a única a ter participado de todos os campeonatos desde 1950) já credencia 2025 como um ano fora de série. Mas especialistas apontam também a nova fase de ouro da categoria por outros motivos. Além da transferência bombástica, que impactou as ações da Ferrari na bolsa, o momento é de intensa competitividade entre as grandes equipes. Sim, Max Verstappen garantiu seu quarto título seguido em 2024. Mas a Red Bull perdeu sua hegemonia como melhor carro. Mais do que isso, a McLaren conseguiu o título de construtora, e Lando Norris e Oscar Piastri largam como candidatos fortes ao título de piloto em 2025. Para completar o cenário esportivo ideal para o fã de corridas mais imprevisíveis, a Ferrari de Charles Leclerc deve entrar nessa briga — junto com seu novo e experiente companheiro de equipe Hamilton.
Essa competitividade é explicada pela ausência de grandes revoluções nas regras da Fórmula 1 nos últimos anos, o que faz com que times menores consigam tirar a diferença ano a ano. Outra razão é o teto de gastos de 140 milhões de dólares por ano implementado pelos novos donos da categoria, os americanos da Liberty Media. Na era Bernie Ecclestone, até 2016, não havia limite para investimentos de uma equipe, o que desencadeava uma guerra de desenvolvimento. Entravam nessa equação milhares de quilômetros de testes, investimentos pesados em tecnologia de ponta e a contratação dos profissionais mais caros de cada área.
Agora, com a nova regra, Red Bull, McLaren, Ferrari, Mercedes e Aston Martin, as cinco melhores equipes atuais do grid, têm investimentos parecidos aos dos times menores, como Alpine, Haas, Racing Bulls, Williams e Sauber. O efeito é tão impressionante que não são raras as vezes que um piloto de um time grande acaba ficando fora das 15 primeiras colocações por um erro na volta rápida ou por uma bandeira vermelha. Para efeito de comparação, na época de Ayrton Senna as diferenças de tempo poderiam ser de 4 segundos entre o primeiro e o quinto colocado. Uma diferença enorme dentro da pista. Hoje, a diferença entre o primeiro e o último colocado não chega a 1 segundo.
A era Senna, entre o fim dos anos 1980 e o início dos 1990, ficou justamente conhecida como a primeira era de ouro da Fórmula 1. Foi a grande revolução da categoria como esporte bilionário, capaz de gerar uma cifra de dinheiro e interesse de público equivalente a “uma Copa do Mundo de futebol a cada duas semanas”, como costuma dizer, com orgulho, Bernie Ecclestone. Foi o momento das transmissões ao vivo para mais de 100 países e da consolidação fora da Europa, inclusive com a conquista do mercado brasileiro, em boa parte pelo desempenho de Senna e de Nelson Piquet.
Liam Lawson e Max Verstappen: equipe da Oracle Red Bull Racing durante o F1 75 Live na The O2 Arena em Londres (Zak Mauger/Getty Images)
Com a gestão da Liberty Media, a categoria cresce em audiência ao usar de forma eficiente as redes sociais, o engajamento do público jovem e feminino e, claro, o interesse do público fora da bolha esportiva com o seriado Drive to Survive, da Netflix. A audiência global hoje é de 750 milhões de espectadores, com um aumento de 5% a cada ano, segundo dados divulgados pela Nielsen Sports. A faixa que mais cresce é de 16 a 25 anos. E as mulheres já representam 41% do público. Com toda essa atenção, a Fórmula 1 conseguiu penetrar em um mercado havia muito desejado, o dos Estados Unidos, que agora recebem três GPs, em Austin, Miami e Las Vegas.
A temporada de 2025 também marca os 75 anos da Fórmula 1, celebrados com uma festa sem precedentes na história da categoria, com a reunião dos dez times na O2 Arena, em Londres, onde a reportagem da EXAME Casual esteve presente. Foi a primeira vez que foi celebrado um evento com todas as equipes. Também compareceram pilotos e ex-pilotos. O champanhe era Moët & Chandon, parte do grupo LVMH, que acaba de assinar um contrato de dez anos com a categoria, estimado em 1 bilhão de dólares. “Essas ativações mostram a Fórmula 1 se aproximando do público. Esse é o caminho para o sucesso da categoria como entretenimento e esporte”, diz Zak Brown, CEO da McLaren, atual time campeão de construtores.
O time deve anunciar neste ano seu maior faturamento na história, mostrando que a saúde financeira das equipes também vive um momento ímpar. Para 2026, as regras atualizadas possibilitaram a entrada de novas montadoras, com a chegada de um novo time (Cadillac, com investimentos da Chevrolet) e da Audi, que comprou a Sauber. A segunda era de ouro parece ter vindo para ficar pelos próximos anos — ou enquanto esporte e entretenimento caminharem lado a lado na maior das categorias de provas automotivas.
O circuito deste ano terá 24 corridas e terminará em dezembro
• 13-16 de março → Louis Vuitton Australian GP — Circuito de Melbourne
• 21-23 de março → Heineken Chinese GP — Shanghai International Circuit
• 3-6 de abril → Lenovo Japanese GP — Suzuka International Racing Course
• 11-13 de abri → Gulf Air Bahrain GP — Bahrain International Circuit
• 18-20 de abril → STC Saudi Arabian GP — Jeddah Street Circuit
• 2-4 de maio → Crypto.com Miami GP — Miami International Autodrome
• 16-18 de maio → AWS Emilia Romagna GP — Autodromo Enzo e Dino Ferrari
• 23-25 de maio → Tag Heuer Monaco GP — Circuit de Monaco
• 30 de maio-1o de junho → Aramco Spanish GP — Circuit de Barcelona-Catalunya
• 13-15 de junho → Pirelli Canadian GP — Circuit Gilles-Villeneuve
• 27-29 de junho → MSC Cruises Austrian GP — Red Bull Ring
• 4-6 de julho → Qatar Airways British GP — Silverstone Circuit
• 25-27 de julho → Moët & Chandon Belgian GP — Circuit de Spa-Francorchamps
• 1o-3 de agosto → Lenovo Hungarian GP — Hungaroring
• 29-31 de agosto → Heineken Dutch GP — Circuit Park Zandvoort
• 5-7 de setembro → Pirelli Italian GP — Autodromo Nazionale Monza
• 19-21 de setembro → Qatar Airways Azerbaijan GP — Baku City Circuit
• 3-5 de outubro → Singapore Airlines Singapore GP — Marina Bay Street Circuit
• 17-19 de outubro → MSC Cruises United States GP — Circuit of the Americas
• 24-26 de outubro → Mexico City GP — Autódromo Hermanos Rodríguez
• 7-9 de novembro → MSC Cruises São Paulo GP — Autódromo José Carlos Pace
• 20-23 de novembro → Heineken Las Vegas GP — Las Vegas Street Circuit
• 28-30 de novembro → Qatar Airways Qatar GP — Losail International Circuit
• 5-7 de dezembro → Etihad Airways Abu Dhabi GP — Yas Marina Circuit