Revista Exame

A próxima parada da Bauer

Empresa austríaca de irrigação prepara expansão nos Estados Unidos, com filial brasileira liderando a direção do marketing global da companhia

Pivô de irrigação da Bauer: empresa vai levar tecnologia para os EUA; investimentos são da ordem de 10 milhões de dólares nos próximos dois anos (Bauer/Divulgação)

Pivô de irrigação da Bauer: empresa vai levar tecnologia para os EUA; investimentos são da ordem de 10 milhões de dólares nos próximos dois anos (Bauer/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2025 às 13h58.

Em um momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça impor tarifas sobre produtos não produzidos localmente, a Bauer, empresa austríaca especializada em irrigação e soluções tecnológicas, vê no mercado americano uma oportunidade para crescer.

A missão ficará a cargo de Rodrigo Parada, co-CEO da companhia no Brasil e na América Latina, que a partir deste mês assumirá as funções de CEO das Américas e diretor de marketing global do grupo.

Com a mudança, a Bauer passará a desenvolver sua estratégia de produtos diretamente no Brasil, em vez de seguir as diretrizes da matriz austríaca, que depois será replicada globalmente.  “Posso adiantar que os EUA não serão apenas um ponto de estoque e revenda. A ideia é ter uma fábrica local, além de comprar produtos fabricados internamente”, afirma o CEO à EXAME. 

A Bauer atua em duas frentes principais de negócios. A primeira é a irrigação, com pivôs centrais e carretéis para distribuição de água. A segunda é o tratamento de resíduos, com destaque para o separador, equipamento que processa misturas de estrume e resíduos animais, separando-as em frações sólida e líquida.

A parte sólida pode ser utilizada como adubo, enquanto a líquida pode ser destinada à produção de biogás ou fertirrigação. Nos Estados Unidos, onde a empresa atua hoje apenas no setor de tratamento de resíduos, com uma equipe de dez pessoas no -Michigan, a previsão é de investimentos da ordem de 10 milhões de dólares nos próximos dois anos para expandir suas operações.

Por lá, a Bauer enfrentará a concorrência de grandes players, como Lindsay, Reinke e Valley, que juntas dominam 85% do market share. A expectativa da companhia é conquistar de 5% a 10% desse mercado. Além dos Estados Unidos, há planos para atuar no México e no Canadá, mas o CEO diz que o planejamento nesses países ainda está em fase de desenvolvimento.

“Nosso objetivo é utilizar a estrutura global da Bauer para criar capilaridade e garantir que cada região tenha representantes locais, capazes de falar a língua do cliente e de adaptar nossa abordagem às particularidades de cada mercado”, diz Parada.

Mas no horizonte também há planos para o Brasil. O país, que representa 40% do faturamento global da Bauer e conta com 24 revendas e mais de 100 lojas, quadruplicou seu faturamento, saltando de 150 milhões de reais em 2021 para 600 milhões de reais em 2024.

A ideia, segundo Parada, é expandir a presença da Bauer em regiões com menos acesso à irrigação, como os estados das Regiões Norte e Sul do Brasil. “Em 2025, queremos manter o ritmo de crescimento em 15%. Temos lançamentos programados entre o primeiro e o segundo semestre, abrangendo tanto soluções em equipamentos quanto inovações tecnológicas. Seguimos mantendo nosso ritmo de investimento no Brasil, com 40 milhões de reais previstos para os próximos cinco anos”, diz o CEO.

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