Revista Exame

As lições de quem rompeu fronteiras

Prêmio Melhores dos Negócios Internacionais 2024 levou ao palco 16 empresas que se destacaram na internacionalização dos negócios

Renato Mimica, chairman da EXAME, ao lado do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin  (Eduardo Frazão/Exame)

Renato Mimica, chairman da EXAME, ao lado do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (Eduardo Frazão/Exame)

Publicado em 22 de maio de 2025 às 18h00.

São inúmeros os exemplos pelo Brasil de negócios que prosperam e levam produtos, serviços e inovações mundo afora. Por trás dessas conquistas estão desde pequenos produtores a grandes empresas que, com o apoio da ApexBrasil, se destacam pela capacidade de internacionalizar seus negócios e colocam o país em posição de destaque no cenário global.

Para reconhecer esse esforço, a ApexBrasil e a EXAME se uniram para promover o Prêmio ApexBrasil Melhores dos Negócios Internacionais 2024. Participaram da premiação o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, além de líderes empresariais e especialistas em comércio exterior e investimentos estrangeiros.

De janeiro a dezembro, o país exportou 337 bilhões de dólares e importou 262,5 bilhões de dólares, fechando a balança comercial com saldo positivo de 74,5 bilhões de dólares.

Alckmin destacou os recentes acordos comerciais capazes de contribuir para bons resultados, como o Mercosul-União Europeia. “Antes dele, 14% das empresas brasileiras tinham acordo preferencial. Com o acordo com a União Europeia, o valor mais que dobrou, para 30%, e vamos aproveitar essa energia para fazer acordo com o EFTA [Associação Europeia de Comércio Livre], com Emirados Árabes, para avançar ainda mais na integração da economia mundial, gerando emprego, renda e oportunidade”, disse o vice-presidente da República.

Melhores dos Negócios Internacionais

O prêmio promovido pela ApexBrasil em parceria com a EXAME reconheceu iniciativas em quatro grandes categorias: Performance Exportadora, Desenvolvimento Sustentável, Investimento Estrangeiro e Imagem. Além disso, reforçou o compromisso da ApexBrasil em apoiar empresas brasileiras em seus esforços globais, com soluções adequadas ao perfil e às necessidades de cada negócio, desde o primeiro passo até a expansão das operações.

Os setores de tecnologia, agronegócio e serviços vêm liderando a lista de exportações, refletindo a diversificação econômica do país. Pequenas e médias empresas ganharam destaque ao inovar em áreas como sustentabilidade e inclusão social, enquanto grandes companhias consolidaram sua presença global com investimentos robustos em infraestrutura e estratégias de mercado.

Além disso, as iniciativas premiadas incluíram desde o apoio a comunidades vulneráveis até a promoção de lideranças femininas e o incentivo à sociobiodiversidade. Em todos os casos, a internacionalização foi mais do que uma estratégia comercial: tornou-se uma oportunidade de levar a essência e os valores brasileiros ao mundo.


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Horta da Terra

Horta da Terra: empresa registrou 355% de crescimento nas exportações (Horta da Terra/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Promoção da Sociobiodiversidade”
  • Setor: Agricultura
  • Localização: Tomé-Açú (PA)
  • O que exporta: Plantas Alimentícias Não Convencionais da Amazônia
  • Para quem exporta: Estados Unidos, Portugal, Itália, Japão, Canadá e Singapura

Da Amazônia para o mundo

O grande negócio da Horta da Terra é transformar as chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais da Amazônia, como jambu, taioba, açaí, ora-pro-nóbis, em ingredientes liofilizados (desidratados), num processo que não só preserva as propriedades funcionais, medicinais e nutricionais das plantas, como prolonga a vida útil dos produtos e facilita o transporte – dentro e fora do país. Com certificações orgânicas válidas para o mercado brasileiro, americano e europeu, a nature tech registrou em 2024 um crescimento de 355% nas exportações em relação ao ano anterior. Além disso, acumula 25 milhões de dólares em contratos assinados até 2030. Os clientes, em geral, são indústrias de setores como farmacêutico, de cosméticos e alimentício. Para garantir a sustentabilidade do negócio, a empresa lança mão de diversas iniciativas, como a recuperação de áreas degradadas, a criação de oportunidades de mercado para ingredientes amazônicos e a geração de renda nas comunidades locais. “Nossa missão é combinar inovação, sustentabilidade e impacto social para expandir o alcance da biodiversidade amazônica no mundo”, diz Bruno Kato, CEO da Horta da Terra.


M. Dias Branco

Fábrica da M. Dias Branco em Eusébio (CE): mais de 11.000 colaboradores no Nordeste (M. Dias Branco/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Desenvolvimento Regional”
  • Setor: Alimentício
  • Localização: Eusébio (CE)
  • O que exporta: biscoitos, farinhas, gorduras, margarinas, massas, mistura para bolo, torradas e bolos
  • Para quem exporta: mais de 40 países, em todos os continentes

Uma empresa “mão na massa”

Líder no mercado brasileiro de massas e biscoitos, segundo a consultoria Nielsen, a M. Dias Branco — empresa cearense por trás de marcas conhecidas como Adria, Piraquê, Isabela e Jasmine —, se destaca entre as exportadoras que impactam positivamente o desenvolvimento econômico, social e ambiental das regiões Norte e Nordeste. São mais de 17.000 colaboradores diretos espalhados pelo Brasil — 11.600 deles só no Nordeste, responsável por 71% do valor exportado para mais de 40 países, como Angola, Estados Unidos, Canadá, Chile, Bolívia, Japão e Portugal. Os produtos partem de portos da região, como Pecém, no Ceará; Suape, em Pernambuco; e o Porto de Salvador. O restante é produzido na unidade fabril da empresa Las Acacias, no Uruguai. “É inegável que nossas operações internacionais contribuem significativamente para a geração de empregos e renda na região”, diz a companhia. No âmbito social, são vários os projetos desenvolvidos, entre eles o “Nutrir o Amanhã”, que em 2023 apoiou mais de 120 instituições, especialmente voltadas a crianças e idosos, com a doação de 3.300 toneladas de alimentos; e o “Alimentando Sonhos”. Criado para promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades pela gastronomia, o programa tem como meta capacitar 150.000 pessoas na área gastronômica até 2030.


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Scooto

Marina Vaz, fundadora e CEO da Scooto: central de relacionamento com pegada social (Daniela Picoral/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Liderança Feminina”
  • Setor: Customer Experience
  • Localização: São Paulo (SP)
  • O que exporta: serviços de central de relacionamento
  • Para quem exporta: Portugal e Espanha

Uma empresa feita de mulheres

A Scooto, uma empresa de customer experience que faz atendimento ao cliente para várias companhias de Brasil, Portugal e Espanha de forma 100% remota, resolveu de uma forma simples contribuir para a redução do gap de gênero no mercado de trabalho. A solução? Contratar apenas mulheres, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social e econômica. Com cerca de 600 colaboradoras — a maior parte delas mães e acima de 50 anos —, a Scooto vai além do atendimento ao oferecer análises estratégicas e insights. Com isso, transforma atividades tradicionalmente vistas como subemprego em funções de alto valor agregado. “Nosso grande diferencial é contratar com foco em impacto social real, trazendo de volta ao mercado mulheres altamente capacitadas que foram marginalizadas por terem filhos, morarem longe, entre outros fatores”, destaca Marina Vaz, fundadora e CEO da Scooto. Além de investir no bem-estar das colaboradoras, dando a elas acesso a terapeutas, preparadores físicos e nutricionistas, a empresa disponibiliza suporte jurídico em caso de violência doméstica e de família, e participa de iniciativas como a da ONG Me Too Brasil, oferecendo atendimento a vítimas de violência sexual.


PERFORMANCE EXPORTADORA

Opuspac

Opuspac: inovação ao transformar cartelas de medicamentos em unidoses (Sean Anthony Eddy/Getty Images)

  • Vencedora na categoria “Indústria — Micro e Pequeno Porte”
  • Localização: Louveira (SP)
  • Setor: Tecnologia/Saúde
  • O que exporta: robôs e máquinas para automação de hospitais
  • Para quem exporta: mais de 27 países, em todos os continentes

Pacientes em segurança

Em linhas gerais, a missão da Opuspac é automatizar o processo de medicação para aumentar a segurança de pacientes, reduzir o desperdício e facilitar o trabalho das equipes de enfermagem. Em seu portfólio, a empresa, que surgiu em 2008 na cidade de Louveira, no interior de São Paulo, oferece armários inteligentes para armazenagem e liberação de medicamentos, máquinas que fazem a rotulagem de ampolas e frascos e soluções para gerar doses de ampolas e comprimidos. Essa última expertise — de “unitarizar” cartelas de medicamentos, cortando-as de forma automática e criando doses unitárias — abriu as portas do mercado internacional para a empresa. Hoje, além de atender grandes clientes, como Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital 9 de Julho e Hospital das Clínicas FMUSP, a Opuspac está presente em hospitais de outros 27 países, entre eles Chile, México, Espanha, Turquia e Emirados Árabes.  


PERFORMANCE EXPORTADORA

Maquira

Maquira: com mais de 200 produtos, empresa conquistou dezenas de países (Svitlanah/Envato)

  • Vencedora na categoria “Indústria — Médio e Grande Porte”
  • Localização: Maringá (PR)
  • Setor: Saúde
  • O que exporta: produtos odontológicos
  • Para quem exporta: mais de 65 países

O sorriso de quem conquistou o mundo

Com mais de duas décadas de atua­ção e cerca de 200 produtos odontológicos no portfólio — entre eles resinas, adesivos, clareadores e materiais de moldagem —, a Maquira se consolidou como uma das maiores indústrias do setor na América Latina. Hoje, a empresa exporta para mais de 65 países, entre eles África do Sul, Angola, Estados Unidos, Argentina, Chile, Coreia do Sul e Japão. Ao longo dos anos, a estratégia voltada a aquisições ajudou a empresa a conquistar novos mercados e a obter licenças dos órgãos de saúde nos países em que atua. Em 2016, ela comprou a Hemospon, especialista em biomateriais. Em 2020, foi a vez de incorporar a Makertech Labs, de fabricação de resinas 3D. Mais recentemente, em 2024, o grupo deu outro passo rumo à liderança com a aquisição da Criteria Biomateriais, reforçando sua presença global no mercado de implantes dentários. Os resultados vieram. Em 2024, a Maquira faturou 136,8 milhões de reais — e projeta um crescimento de 20% em 2025. “Seguiremos comprometidos em inovar e atender às demandas dos profissionais de odontologia em diferentes continentes, garantindo padrões de qualidade nos mercados onde atua­mos”, diz Daniel Maia, gerente de comércio exterior da Maquira.


Lado Animation

Rafaela Neves, head of Business, Luciana Pessoa, diretora executiva, Tom Gurgel, CEO, e Boca Ceravolo diretor de criação da LADO Animation: mais de 20 “leões” na bagagem (Tom Gurgel/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Serviços — Micro e Pequeno Porte”
  • Localização: São Paulo (SP)
  • Setor: Audiovisual
  • O que exporta: animação e produção audiovisual
  • Para quem exporta: Estados Unidos, França, Austrália e Emirados Árabes

O Brasil em cena

Com produções que vão da TV ao streaming, o mercado audiovisual brasileiro vem se destacando mundo afora pela criatividade, pela qualidade técnica e pela diversidade de narrativas. Exemplo disso é o reconhecimento de empresas como a LADO, um estúdio de design e animação que, em dez anos de mercado, acumula mais de 20 prêmios Cannes Lions, incluindo o Grand Prix for Good em 2016. A conquista ajudou a empresa a ganhar projeção internacional e a trabalhar com agências e marcas como Kellogg’s, Mercedes-Benz e Western Union. Em 2024, vieram mais dois leões, desta vez pelo trabalho desenvolvido em parceria com a agência Area 23, de Nova York. Hoje, a LADO Animation exporta serviços como campanhas publicitárias e animações para países como Estados Unidos, França, Austrália e Emirados Árabes. Por causa dessas parcerias, a empresa registrou um crescimento expressivo em 2024, com 57% de seu faturamento bruto vindo de projetos internacionais — um aumento de 26% em relação ao ano anterior. Segundo a LADO, a diversificação dos serviços também contribuiu para esse aumento. Exemplo disso foram animações para o setor farmacêutico nos Estados Unidos, e um comercial em estilo anime para a marca de sabão em pó Skip, da Unilever na França. No Brasil, entre os projetos em destaque está o desenvolvimento da bíblia da série “Kadara e a Cabaça de Exu”, contemplada pela Lei Paulo Gustavo, além da produção de um curta-metragem autoral. “Queremos fortalecer nossas narrativas autênticas, conectando o público global às raízes culturais brasileiras, enquanto investimos em inovação tecnológica para nos mantermos competitivos”, diz Tom Gurgel, CEO da empresa.


PERFORMANCE EXPORTADORA

Serpro

Serpro: líder de TI para o setor público e foco na experiência do cidadão (Alonesbe/Envato)

  • Vencedora na categoria “Serviços — Médio e Grande Porte”
  • Localização: Brasília (DF)
  • Setor: Tecnologia
  • O que exporta: serviços de processamento de dados
  • Para quem exporta: 37 países e 5 continentes

Um negócio validado

Com uma trajetória de crescimento exponencial nas exportações de serviços de TI, o Serpro atende 94 clientes internacionais por meio de 250 contratos vigentes em 37 países. Em 2024, a empresa registrou um aumento de 40% no faturamento dos seus principais serviços globais, entre eles o Consulta CPF e o Datavalid. O primeiro é uma solução para verificar e validar informações associadas ao CPF diretamente da base de dados da Receita Federal do Brasil. O segundo vai além, fornecendo validação de identidade e verificação de dados de forma dinâmica e em tempo real por meio de dados governamentais como o Denatran. As soluções são, segundo o Serpro, pilares centrais do sucesso global, uma vez que permitem que empresas ao redor do mundo, como banco e fintechs, garantam segurança, conformidade e eficiência em suas operações. “Nossa estratégia de expansão colaborativa não apenas ampliou nossas exportações, mas também fortaleceu nossa posição de liderança no setor de TI em mercados globais altamente competitivos. Esse crescimento robusto e a capacidade de entregar soluções personalizadas de alta qualidade garantem que continuemos a evoluir e a liderar a inovação no cenário internacional”, diz a empresa.


Castanhas Ouro Verde

Separação de Castanhas do Brasil: com sustentabilidade, elas conquistaram o mercado internacional (Luma Dandaha/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Agro — Micro e Pequeno Porte”
  • Localização: Jaru (RO)
  • Setor: Alimentício
  • O que exporta: Castanha do Brasil (Brazil Nuts)
  • Para quem exporta: África do Sul, Argélia, Estados Unidos e Israel

A castanha que vale ouro

No coração da Amazônia, a Castanhas Ouro Verde seleciona, embala e distribui a Castanha do Brasil — semente da castanheira — para mais de dez países, entre eles África do Sul, Argélia, Estados Unidos e Israel. Em 2022, a empresa começou com a exportação indireta de 8 toneladas do produto. No ano seguinte, sem intermediários, dobrou o volume. Até que, em 2024, veio o grande salto, com o envio de 52 toneladas para o exterior — um crescimento de 550% em relação a 2022. Neste ano, a Castanhas Ouro Verde planeja crescer 250% no volume de exportações em relação a 2024. Para consolidar sua posição como fornecedora de alta credibilidade no mercado internacional, a empresa não dispensa cuidados como a sustentabilidade. Tem selos orgânicos em três países, embalagens sustentáveis, feitas com materiais reciclados e a vácuo (para preservar o sabor e a qualidade), e estratégias para gerar renda para castanheiros. “Tudo isso reforça nosso compromisso com a excelência e nos ajuda a atender às demandas dos mercados mais exigentes, como América do Norte e Europa”, destaca Ítalo Toneto, CEO da Castanhas Ouro Verde.


PERFORMANCE EXPORTADORA

Cooperativa Central Aurora Alimentos

Central da Aurora Coop em Chapecó (SC): primeira empresa brasileira a exportar carne suína para o Canadá (Felipe Ballin/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Agro — Médio e Grande Porte”
  • Localização: Chapecó (SC)
  • Setor: Alimentício
  • O que exporta: carne suína
  • Para quem exporta: 80 países, entre eles Estados Unidos, México, Japão, Coreia do Sul e Canadá

Ela conquistou o Japão

Fundada em 1969 por oito cooperativas do Oeste catarinense, a Aurora Coop é o terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes do Brasil, com presença em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. A empresa opera 20 unidades industriais e mantém parcerias com milhares de produtores rurais, exportando para mais de 80 países. Sua presença internacional cresceu a partir de 2010, com investimentos e abertura de novos mercados. O Japão se destacou como um dos principais destinos da carne suína da cooperativa, com parceria iniciada em 2017 com a NH Foods, maior importador japonês do setor. Esse projeto gerou um crescimento contínuo, com a empresa representando mais de 50% das vendas brasileiras de carne suína ao Japão nos últimos dois anos. A Aurora Coop também participa de feiras internacionais, como Gulfood (Dubai), Anuga (Alemanha) e Sial (China e Canadá), e avançou no fornecimento para Estados Unidos, México e Coreia do Sul, sendo a primeira a exportar carne suína para o Canadá. Atualmente, a cooperativa responde por 22% das exportações brasileiras de carne suína e 7,9% das de carne de aves.


Jade Autism

Jade Autism: startup já alcançou 180.000 usuários em 179 países (APAE/Divulgação)

  • Destaque na categoria “Startup”
  • Localização: Vitória (ES)
  • Setor: Tecnologia
  • O que exporta: desenvolve soluções educacionais para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou outras dificuldades de aprendizagem
  • Para quem exporta: 36 países

Futuro inclusivo

A Jade Autism nasceu com o propósito de transformar o diagnóstico e o desenvolvimento cognitivo de crianças neurodivergentes por meio da tecnologia. Sua plataforma Jade ASTEA, com base em inteligência artificial e rastreamento ocular, reduz o tempo de espera por diagnósticos de autismo, facilitando o acesso a tratamentos precoces. Além disso, o Jade EDU e o Jade App oferecem suporte contínuo às famílias e escolas, promovendo a inclusão social. Desde sua criação, a startup alcançou 180.000 usuários em 179 países e está presente em 450 escolas. O reconhecimento internacional veio por meio de prêmios como o Gitex Future Stars em Dubai (2020) e o Web Summit Rio (2023). A estratégia de internacionalização da Jade inclui parcerias com instituições de peso. No Reino Unido, foi aceita no Global Entrepreneur Programme, do governo britânico, garantindo presença em eventos como o Bett Show UK, maior feira de tecnologia educacional do mundo. No Oriente Médio, sua entrada foi consolidada pelo programa Anjal Z, em Abu Dhabi, onde firmou um contrato de 220.000 dólares  para implementação de testes em escolas públicas. Essas iniciativas fortalecem a Jade, destaque no prêmio ApexBrasil, como referência global na interseção entre tecnologia, educação e saúde. “Acredito que toda startup deve nascer global”, diz Ronaldo Cohin, CEO da Jade Autism. Ele explica por onde começar: “Pergunte se o problema que está tentando resolver aqui não é o mesmo de alguém em Portugal, na Índia ou Nova Zelândia. Faça a validação de mercado e busque parcerias”. Foi assim que a Jade conseguiu seguir em frente rumo a um objetivo claro: criar um futuro mais inclusivo, onde todas as crianças neurodivergentes possam ter acesso a ferramentas e recursos para desenvolver todo o seu potencial.


PERFORMANCE EXPORTADORA

ABIT

Abit: de olho no potencial do mercado têxtil na Nigéria (Elke Meitzel/ImageSource/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Inserção de novas empresas no esforço exportador”
  • Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)
  • Localização: atuação nacional
  • Setor: Têxtil

Tecendo relações

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) representa 24.300 empresas do setor têxtil e de confecção, que movimentam 193,2 bilhões de reais ao ano. Por meio do Texbrasil, criado com a ApexBrasil, já apoiou mais de 1.900 empresas e gerou 10 bilhões de dólares em negócios. Entre 2023 e 2024, o programa atraiu 74 novas empresas, incluindo o Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo (RJ). Com capacitação e networking, 12 empresas foram preparadas para exportação, resultando em 105 contatos comerciais. Muitas dessas companhias se preparam agora para novas negociações globais. Em 2025, um dos objetivos do programa é expandir sua atuação, agora com foco na Nigéria, mercado com mais de 200 milhões de habitantes e crescimento acima de 3% ao ano. “A região foi escolhida pelo potencial econômico e aumento do consumo de têxteis”, diz Lilian Kaddissi, superintendente de Marketing e Negócios da Abit. Além disso, o Texbrasil promoverá rodadas de negócios para consolidar a indústria brasileira na América Latina, Europa e nos EUA.


IMAGEM

Abrapa

Plantação de algodão: programa em parceria com a ApexBrasil amplia presença da fibra no exterior (Lucas Ninno/Getty Images)

  • Destaque na categoria “Promoção da imagem setorial no exterior”
  • Localização: atuação nacional
  • Setor: Agronegócio
  • Mercados prioritários: Bangladesh, China, Coréia do Sul, Egito, Índia, Indonésia, Paquistão, Tailândia, Turquia, Vietnã

Empresas de fibra

Terceiro maior produtor de algodão do mundo, atrás apenas de Índia e China, respectivamente, o Brasil é o maior fornecedor de algodão de origem sustentável do mundo e, em agosto de 2024, tornou-se o maior exportador no ranking global. Esse avanço é resultado do Cotton Brazil, programa criado em 2020 pela Associação Brasileira dos Produtos de Algodão (Abrapa) em parceria com a ApexBrasil e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão, para ampliar a presença da fibra brasileira no exterior. Com foco em dez países que concentram 95% das importações globais, o programa fortaleceu alianças estratégicas, promoveu missões comerciais e expandiu a participação em feiras internacionais. Segundo pesquisa da McKinsey Research, os produtores brasileiros estão entre os mais inovadores do agronegócio global.


IMAGEM

Conexled

Conexled: estratégia focada no digital para fortalecer presença no exterior (Witthaya Prasongsin/Getty Images)

  • Vencedora na categoria “Promoção Digital”
  • Localização: São Bernardo do Campo (SP)
  • Setor: Indústria
  • O que exporta: soluções de iluminação LED
  • Para quem exporta: Peru, Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Equador e Argentina

Iluminando fronteiras

A Conexled, empresa brasileira de soluções em iluminação LED, fortaleceu sua presença internacional ao implementar uma estratégia digital voltada à exportação. Entre janeiro de 2023 e junho de 2024, a companhia focou os mercados da América do Sul, especialmente Peru e Chile, e registrou um crescimento expressivo nas vendas. A estratégia incluiu otimização para mecanismos de busca (SEO), criação de conteúdo para blogs, publicidade online e campanhas em redes sociais. Além disso, influenciadores locais foram contratados para aumentar a credibilidade da marca, e um chatbot foi implementado para agilizar o atendimento ao cliente. Os resultados confirmam o impacto positivo das ações: a conversão de oportunidades em pedidos subiu 8,7 pontos percentuais, enquanto o número de leads gerados cresceu 109,17% no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. O valor autodeclarado de exportação chegou a 1,2 milhão de dólares, um aumento de 110% em comparação ao ano anterior. Com a consolidação da estratégia digital, a Conexled fortaleceu sua competitividade no exterior e se tornou referência em inovação no setor de iluminação LED.


INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

Aclara

Aclara: objetivo da empresa é se tornar um fornecedor estratégico de disprósio e térbio (Aclara/Divulgação)

  • Vencedora na categoria “Investimento Estrangeiro”
  • Localização: Nova Roma (GO)
  • Setor: Mineração
  • O que exporta: projetos relacionados a Terras Raras Pesadas

Mineração Verde

A Aclara Resources, mineradora listada na bolsa de Toronto, aposta em um modelo sustentável para fomentar a cadeia de valor de recursos minerais de Terras Raras Pesadas (HREEs) hospedados em depósitos de argila iônica. Atualmente, a Aclara tem dois projetos em desenvolvimento: o Módulo Penco, na região de Bio-Bio, no Chile; e o Projeto Carina, no estado de Goiás, que deve iniciar operações até 2029, com um investimento de 599 milhões de dólares e a geração de 5.700 empregos diretos e indiretos. O objetivo da empresa é se tornar um fornecedor estratégico não chinês de HREE essenciais — disprósio (Dy) e térbio (Tb) —, dois elementos necessários para a fabricação de ímãs permanentes usados, por exemplo, em turbinas eólicas e veículos elétricos. Aliás, um dos objetivos da Aclara é reduzir a dependência que o Ocidente tem da China. Segundo a empresa, seus dois projetos podem representar 16% da produção total chinesa de Dy e Tb, contribuindo para a produção de cerca de 8 milhões de veículos elétricos por ano. Para garantir uma operação sustentável, a Aclara desenvolveu e patenteou uma tecnologia exclusiva chamada “Circular Mineral Harvesting” para extrair terras raras pesadas com um baixo consumo de água e emissões mínimas de carbono. No ano passado, a empresa também aderiu ao Pacto Global da ONU e se tornou signatária do movimento Women in Mining Brasil, iniciativa que visa construir um novo olhar para o setor mineral no país, estimulando ambientes de trabalho mais inclusivos.


EXPORTADORAS DO ANO

Artesanato autoral

Celina Hissa, CEO da Catarina Mina: liberdade financeira para mais de 450 artesãs (Eduardo Frazão/Exame)

  • Destaque entre as micro e pequenas empresas

Fundada em 2005 por Celina Hissa, a marca cearense Catarina Mina une moda e impacto social ao promover a autonomia financeira de aproximadamente 450 artesãs em 31 comunidades, resgatando técnicas tradicionais, como o crochê, e garantindo dignidade para quem as perpetua. O modelo da marca valoriza a transparência e a autoria: cada bolsa vendida vem com um QR Code que direciona para a página da artesã que a produziu. Além disso, a empresa integra o Pacto Global da ONU, reforçando seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. Com essa abordagem, a Catarina Mina equilibra inovação e tradição, conectando consumidores, designers e artesãs e evidenciando o potencial do artesanato como vetor de transformação social.

Alimentando o planeta

Swift: uma das marcas da JBS, considerada a maior empresa de alimentos do mundo (Germano Lüders/Exame)

  • Destaque entre as médias e grandes empresas

Não foi à toa a escolha da JBS como destaque entre as grandes exportadoras. Considerada uma das maiores empresas de alimentos do mundo, a companhia registrou no terceiro trimestre de 2024 um lucro líquido de 3,84 bilhões de reais, reforçando sua posição de liderança. Com presença em mais de 20 países e operações nos cinco continentes, a JBS atende cerca de 300.000 clientes em 190 países. Especializada em proteínas animais, a empresa conta com mais de 600 unidades produtivas e um time de 270.000 colaboradores, que garantem a qualidade e a diversidade dos produtos oferecidos. Para seguir competitiva em um mercado cada vez mais exigente, a JBS aposta na inovação e na sustentabilidade. Aprimora constantemente seus processos produtivos e investe em tecnologias que minimizam impactos ambientais, garantindo eficiência e responsabilidade. Seu desempenho financeiro sólido reflete essa estratégia de adaptação e crescimento, consolidando a JBS como um dos grandes nomes do setor de alimentos no cenário global.


O futuro é verde 

A Future Climate está abrindo caminhos para um Brasil mais sustentável. Com a missão de acelerar a descarbonização da economia e melhorar a qualidade de vida das pessoas, a startup se tornou uma das grandes impulsionadoras da transição para um modelo de baixo carbono.

Um dos projetos mais emblemáticos da empresa é o Rio Madeira, que já garantiu a conservação de mais de 52.000 hectares de floresta nativa e evitou o desmatamento de mais de 6.000 hectares. Além de preservar a biodiversidade, a iniciativa gera benefícios diretos para as comunidades locais, reforçando o compromisso da Future Climate com o desenvolvimento sustentável.

O impacto da startup ultrapassou fronteiras. Além da menção honrosa recebida pela ApexBrasil ao lado das cafeicultoras da Fazenda Santa Rita do Xicão (veja mais na pág. 30), a Future Climate atraiu investidores internacionais, garantindo um acordo para a compra de créditos de carbono pelos próximos cinco anos. Essa parceria fortalece ainda mais sua atuação no mercado de sustentabilidade e reforça seu papel na transição energética do país. Com inovação, impacto social e compromisso ambiental, a Future Climate prova que o futuro da economia pode — e deve — ser mais verde.


No palco, um visionário

Personalidade Exportadora do Ano: Camardelli acumula mais de quatro décadas de dedicação ao setor de carne bovina (Eduardo Frazão/Exame)

Poucas pessoas conhecem tão bem os bastidores da exportação de carne bovina brasileira quanto Antônio Jorge Camardelli. Com mais de 40 anos de trajetória, ele se tornou um dos principais nomes na projeção internacional do setor. Seu trabalho incansável à frente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) foi essencial para transformar o Brasil em um dos maiores exportadores do mundo.

A história de Camardelli na Abiec começou em 2001, como diretor-executivo, cargo ocupado até o início deste ano. De lá para cá, o setor não parou de crescer: sob sua liderança, o número de frigoríficos associados saltou de nove, em 2009, para 43 atualmente. Mas sua contribuição para o agronegócio brasileiro vai além da Abiec. Antes de assumir a liderança da entidade, construiu uma sólida carreira no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, onde atuou entre 1977 e 1999 em diferentes cargos estratégicos. Sua experiência e habilidade para transitar entre os setores público e privado foram determinantes para consolidar o Brasil como referência global na produção e exportação de carne bovina.

Em 2024, todo esse trabalho ganhou um reconhecimento à altura. Camardelli foi homenageado como Personalidade Exportadora do Ano no Prêmio Melhores dos Negócios Internacionais, promovido pela ApexBrasil em parceria com a EXAME. O título consagra sua dedicação em abrir portas para a carne bovina brasileira nos mercados mais exigentes do mundo.

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