Revista Exame

A Avell quase quebrou com a alta demanda da pandemia. Hoje, fatura R$ 210 milhões

A fabricante de notebooks de Santa Catarina projeta crescer 25% em 2025 e planeja novos produtos para diversificar o portfólio

Vladimir Rissardi, presidente da Avell: empresa planeja diversificar o portfólio em 2025 (Avell/Divulgação)

Vladimir Rissardi, presidente da Avell: empresa planeja diversificar o portfólio em 2025 (Avell/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 20 de março de 2025 às 06h00.

Última atualização em 20 de março de 2025 às 07h51.

Foi no auge do crescimento que a Avell percebeu que precisava organizar a casa, senão ia quebrar. A fabricante de notebooks começou como uma pequena loja em Joinville, Santa Catarina, no final da década de 1990. O nome era Notebook Century e, na época, pensar em desenvolver um computador do zero era apenas um sonho distante.

Alguns anos depois, o nome virou Avell, a empresa passou a desenvolver produtos de alto desempenho — ideais para jogadores, arquitetos e outros profissionais que precisam de notebooks mais rápidos — e ficou conhecida como a marca de “PC para gamers”.

Portanto, quando a pandemia chegou, em 2020, a empresa catarinense viu seu faturamento dobrar. Todo mundo queria o próprio computador, fosse para trabalhar de casa, fosse para jogar, mas a falta de estrutura interna gerou uma crise sem precedentes na Avell.

Atrasos em entregas, insatisfação dos clientes e um fluxo de caixa desorganizado comprometeram a operação, que viu o faturamento cair de 203,5 milhões em 2021 para 163,4 milhões em 2022. O catarinense Emerson Salomão sabia que precisava rea­valiar toda a operação.

A recuperação começou no fim de 2022, com a chegada de Vladimir Rissardi para diagnosticar os problemas. O hoje presidente encontrou um caixa pressionado, estoques desbalanceados e dívidas mal estruturadas. “Não dava para seguir assim. Precisávamos recuperar o controle”, diz.

O primeiro passo foi reduzir custos e otimizar estoques para evitar capital parado. A Avell renegociou prazos com fornecedores e refinanciou dívidas para alongar pagamentos. Também implementou um controle rigoroso de fluxo de caixa, ajustando compras e vendas para garantir liquidez.

Internamente, houve mudanças drásticas. Quase toda a liderança foi substituída, processos foram revisados e a empresa adotou governança mais rígida. O crescimento desacelerou, mas a saúde financeira melhorou.

Não à toa, a Avell terminou 2024 com um faturamento de 210 milhões de reais, praticamente o dobro dos 120 milhões de reais alcançados no primeiro ano da covid-19 e um recorde para o negócio.

Agora a empresa projeta crescer 25% em 2025 sem repetir os erros do passado. A estratégia inclui diversificação do portfólio, com novos produtos, como monitores e acessórios. “Os acessórios funcionam como um caixa adicional. São itens com maior giro, o que nos dá mais previsibilidade financeira”, afirma Rissardi.

Além disso, a empresa aposta em notebooks voltados para inteligência artificial, uma demanda pequena, mas que cresce ano a ano. “Navegar bem agora garante a próxima onda de crescimento.” Agora, com a casa arrumada, a Avell pode finalmente rodar seu crescimento sem risco de tela azul.

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