Revista Exame

De 30 milhões a 150 milhões de reais: como essas empresas usam IA (ou não) para crescer

Ao apostar em tecnologias para monitorar o progresso do aprendizado, a IPM Educação cresceu 1.631%

Pedro Miranda, CEO da IPM Educação (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)

Pedro Miranda, CEO da IPM Educação (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.


1o lugar da categoria

IPM EDUCAÇÃO | Goiânia

PEDRO MIRANDA | CEO

O que faz | Oferece cursos preparatórios para estudantes de medicina em busca de residência médica

Receita em 2024 | 44,5 milhões de reais

Ritmo de expansão | 1.631%

Motivo do crescimento | Apostou em tecnologias para monitorar o progresso do aprendizado


O goiano Pedro Miranda deixou a carreira de médico com ênfase em radiologia para mudar o modo como os médicos se preparam para a residência. Em 2020, ele fundou o IPM Educação, um curso preparatório com trilhas de estudo personalizadas e apoio psicológico.

O diferencial está no uso da tecnologia para adaptar o aprendizado ao perfil de cada aluno. Logo no início, os estudantes passam por testes de aprendizagem e comportamento. Uma tecnologia acompanha em tempo real o desempenho do aluno e gera relatórios sobre tempo de estudo, distrações e rendimento.

Os dados vão direto para os “anjos”, psicólogos que oferecem suporte emocional e de organização. “Conseguimos ajustar a rotina de estudos de forma mais rápida e certeira, o que permitiu aumentar a capacidade de acompanhamento sem perder a qualidade”, diz Miranda.

Em 2024, a empresa sediada em Goiânia cresceu 1.631% e fechou o ano com receita líquida de 44,5 milhões de reais. O resultado colocou a empresa na posição de recordista de crescimento entre as empresas da categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais.

O uso da tecnologia como motor de crescimento também aparece em outros negócios. Segundo o Censo com as empresas selecionadas para o Ranking ­EXAME Negócios em Expansão 2025, 94% delas já usam inteligência artificial (IA), com destaque para serviços, recursos humanos e vendas, área que lidera a adoção de IA: 51% das empresas já usam a tecnologia para essa finalidade.

No setor automotivo, a rede de franquias de seminovos Vaapty superou 1 bilhão de reais em vendas. Fundada em 2016 em Londrina, no norte do Paraná, a Vaapty saltou de 60 para 138 lojas no ano passado. Em 2024, o negócio superou os 142 milhões de reais em receita líquida. O segredo? Uma plataforma que conecta compradores e vendedores, funcionando como uma imobiliária de carros. “Na ocasião, estávamos precisando de uma estrutura tecnológica robusta para sustentar esse crescimento sem perder eficiência”, diz Ycaro Azevedo, CEO e fundador da Vaapty.

A empresa usa IA com dados de leilão e outras fontes para aumentar a segurança de clientes e franqueados. A meta para 2025 é investir 2 milhões de reais em tecnologia para melhorar a gestão de franqueados, avaliação de veículos e automação de processos.

Há quem use a IA para melhorar a gestão de pessoas para os clientes. É o caso da gaúcha Okê Human Tech, cuja receita em 2024, de 106 milhões de reais, foi 328% superior à do ano anterior.

Fundada em 2015 pelos sócios Carlos Eduardo Corrêa e Alexandre Forcin, a empresa une serviços de terceirização com soluções que automatizam tarefas de RH, como recrutamento, seleção e controle de pessoal. Muito em razão da demanda em alta de clientes de setores da economia onde há uma enxurrada de investimentos, como é o caso das empresas privadas de saneamento básico, a Okê está ampliando o time.

Em 2025, a empresa deve fechar o ano com 2.700 profissionais, quase o dobro do visto há dois anos. “O grande desafio agora é aplicar IA para melhorar processos num time cada vez maior”, diz Corrêa. “E, assim, oferecer aos clientes soluções mais inteligentes e estratégicas.”

Carlos Eduardo Corrêa, fundador da Okê Human Tech (Okê Human Tech/Divulgação)


12o lugar da categoria

OKÊ HUMAN TECH | Porto Alegre

CARLOS EDUARDO CORRÊA | Fundador

O que faz | Oferece consultoria em recursos humanos e tecnologia

Receita em 2024 | 106,4 milhões de reais

Ritmo de expansão | 328%

Motivo do crescimento | Aplicou IA para melhorar processos e aproveitar a demanda em alta em setores como o de saneamento


Até mesmo no agronegócio o tema da IA já desperta um interesse profundo. Fundada em 2022 por Rafael Diegues Rosa e Cíntia Moreira, a catarinense Nobel Tra­ding cresceu rápido no agronegócio com um modelo de operação enxuto e foco em eficiência. Em apenas dois anos, a empresa especializada na importação de fertilizantes e nutrição animal chegou a 30,6 milhões de reais em receita líquida — um salto de 1.530% em relação ao ano anterior.

A estrutura da empresa foge ao padrão tradicional. Sem funcionários fixos na sede, em Florianópolis, a operação é centralizada nos próprios fundadores, com apoio de uma equipe reduzida na gestão financeira e representantes comerciais espalhados pelo país. A estratégia é baseada na agilidade logística e no relacionamento direto com fornecedores e grandes compradores, como o gigante de alimentos Marfrig.

Diferentemente da maioria das empresas do ranking, que já aplicam IA para automatizar processos, prever demandas ou otimizar a cadeia logística, a Nobel ainda está em fase de estruturação tecnológica. “Estamos investindo na modernização do processo operacional, com planos de estruturar um armazém próprio, o mais tecnológico possível, para garantir resultados ainda mais eficazes”, afirma Diegues. A ideia é que o novo centro sirva de base para implementar automação e sistemas de IA que otimizem armazenagem, transporte e previsibilidade de demanda.

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.


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