Katrine Scomparin: CMO da NAPorta (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.
1o lugar da categoria
naPorta | Vitória
Katrine Scomparin | CMO
O que faz | Leva encomendas a comunidades e áreas rurais
Receita em 2024 | 7 milhões de reais
Ritmo de expansão | 3.995%
Motivo do crescimento | Passou a atender clientes de grandes marketplaces, como Shopee e Magalu
Um país de dimensões continentais como o Brasil traz desafios também continentais para as empresas. Um dos setores nos quais as desigualdades brasileiras ficam mais evidentes é o da logística. O empreendedor Sanderson Pajeú viveu na pele o problema. Criado no Itaim Paulista, extremo leste da capital paulista, Pajeú precisava retirar compras online numa agência dos Correios a quilômetros de casa.
“Ninguém quer fazer entrega porta a porta numa área considerada de risco”, diz ele. “A prática gera uma experiência ruim e diminui as chances de comprar de novo.”
A frustração com a logística do comércio eletrônico motivou Pajeú e a sócia Katrine Scomparin a criarem a naPorta, uma empresa dedicada a entregar encomendas em áreas esquecidas pelos concorrentes, como favelas e áreas rurais.
A naPorta começou a operar em 2022, no Rio de Janeiro, com entregadores recrutados nas próprias comunidades onde moram. Atualmente, a empresa atende mais de 1.000 territórios no Rio e em São Paulo. Muitos desses locais nem CEP têm.
Por isso, a naPorta precisou criar 60.000 endereços digitais em cidades onde já opera e em localidades de Minas Gerais e Bahia, futuras áreas de atuação da naPorta. A tecnologia chamou a atenção de gigantes do comércio eletrônico, como Shopee, Magalu, Petlove e Amazon, todas clientes da naPorta.
Em 2024, a receita operacional líquida da empresa, de 7 milhões de reais, foi 3.995% superior à do ano anterior. Assim, a naPorta ficou em primeiro lugar no Ranking EXAME Negócios em Expansão na categoria de empresas entre 5 milhões e 30 milhões de reais.
A empresa manauara Navegam também faz entregas num destino para lá de desafiador: o coração da Amazônia. Seu modelo de negócios é ser uma espécie de Loggi ou Lalamove da floresta. Por meio de um aplicativo, pessoas físicas e empresas podem contratar o serviço de milhares de barqueiros ou donos de motos, caminhões e pequenos aviões até então só acessados por meio do boca a boca.
Atualmente, a Navegam faz 900 entregas por dia. Só que o tempo da floresta é outro. Uma entrega saindo de Manaus para Guajará, município amazonense na divisa com o Acre, demora 30 dias no período de seca do Rio Juruá, que margeia a cidade.
“Nosso diferencial é o profundo conhecimento do interior da Amazônia”, diz a fundadora Michelle Guimarães, que decidiu empreender na cidade natal após uma carreira bem-sucedida em grandes empresas, como a distribuidora de combustíveis Ipiranga e o gigante de bebidas Ambev.
Michelle Guimarães, CEO da Navegam (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)
11o lugar da categoria
Navegam | Manaus
Michelle Guimarães | CEO
O que faz | Conecta a Amazônia ao Brasil com soluções logísticas aéreas, fluviais e rodoviárias
Receita em 2024 | 17,4 milhões de reais
Ritmo de expansão | 202%
Motivo do crescimento | Investiu em tecnologia para rastrear encomendas de ponta a ponta
O embrião da Navegam, em 2019, foi um sistema para digitalizar os bilhetes de viagens de barco, até então escritos a mão em muitos casos. Hoje, a maior parte do faturamento vem da gestão de cargas. Pela plataforma da Navegam é possível fazer uma gestão completa do frete no meio da floresta.
“O cliente pode ver exatamente onde está a carga dele, desde a retirada até o destino final”, diz Guimarães.
Em 2024, a Navegam teve uma receita operacional líquida de 17,4 milhões de reais, alta de 202% em 12 meses. O resultado garantiu a ela o 11o lugar entre as empresas com maior expansão na categoria de 5 milhões a 30 milhões de reais.
A edição 2025 do Ranking EXAME Negócios em Expansão recebeu a inscrição de 732 empresas de 25 estados brasileiros — só Acre e Roraima ficaram de fora desta vez. Tal pluralidade faz do ranking um celeiro de histórias de sucesso de empreendedores muito distantes do eixo Rio-São Paulo.
Vide o caso do pernambucano Alfredo Carneiro Júnior, um dos fundadores do Hub Plural. A empresa de Recife está adaptando o conceito de coworking à realidade do Nordeste ao oferecer o que eles chamam por ali de “hospitalidade empresarial”.
O Hub Plural pode alugar um espaço de trabalho e, também, fazer obras num escritório de quem já tem um teto para trabalhar. Além disso, pode encontrar outras empresas dispostas a se instalar no local e, assim, rachar as contas.
Em 2024, o Hub Plural faturou 11,8 milhões de reais, alta anual de 76%. A expansão coincidiu com a chegada da Rio Ave, uma das maiores construtoras do Nordeste, como sócia. A parceria acelerou a expansão geográfica: hoje, o Hub Plural tem espaços em Caruaru e Petrolina, em Pernambuco, e em Fortaleza.
Entre os clientes estão grandes empresas com operação no Nordeste, como a consultoria global Accenture e a plataforma de delivery iFood. “As empresas não precisam se preocupar com a gestão diária do escritório. Nós cuidamos de tudo”, diz Carneiro Júnior.
A conexão entre empresas também é o ganha-pão do empreendedor Matheus Ribeiro. Ele é o fundador da Muv Rental, uma empresa de Americana, no interior paulista, dedicada à locação de máquinas como guindastes, retroescavadeiras e tratores úteis para obras pesadas.
Nada disso é da Muv Rental — o negócio dela é rastrear quem tem maquinário sobrando e fazer a ponte com quem está precisando. A empresa usa ferramentas avançadas de geolocalização para recomendar a máquina com o melhor custo-benefício para cada cliente.
“Com isso, reduzimos em 30% o custo para o cliente e aumentamos em 40% a rentabilidade das locadoras”, diz Ribeiro. Com mais de 100 clientes em 17 estados, a Muv Rental faturou 10,5 milhões de reais em 2024, uma alta de 86% em 12 meses.
Há quem esteja crescendo em razão de conexões fora do Brasil. De Florianópolis, a cientista Betina Zanetti Ramos lidera a Nanovetores, empresa fundada em 2008 como uma das pioneiras na nanotecnologia, que manipula matérias muito pequenas até mesmo para serem vistas no microscópio.
A Nanovetores usa esses ativos encapsulados para clientes de setores variados, como cosméticos, fármacos, alimentos e têxteis. “Nosso diferencial é aplicar a nanotecnologia para melhorar a performance dos produtos”, diz Zanetti Ramos.
Em 2022, a empresa franco-suíça de aromas e fragrâncias Givaudan comprou 48% da Nanovetores. O negócio trouxe clientes globais à empresa, que hoje exporta para 150 países.
“Essa parceria foi uma grande oportunidade para superar o estigma de um negócio inovador brasileiro”, diz ela. Os novos clientes ajudaram a Nanovetores a crescer 37% no ano passado, quando faturou 21,5 milhões de reais.
Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.