Dr. Sidney Klajner, cirurgião e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein: “Nosso compromisso é levar equidade por meio da tecnologia” (Egberto Nogueira/Divulgação)
Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.
Última atualização em 26 de junho de 2025 às 11h01.
O setor de saúde brasileiro, responsável por 4,4% das emissões de gases do efeito estufa e 10% do PIB nacional, carrega uma responsabilidade muito além de preservar e salvar vidas. “Temos atuado de forma consistente para enfrentar desigualdades estruturais no sistema, com o compromisso contínuo de levar mais equidade, especialmente por meio do desenvolvimento tecnológico”, diz Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em sua estratégia ESG, a instituição estruturou sua resposta em quatro frentes prioritárias. A primeira é a descarbonização das operações e mitigação de emissões, por meio do uso de energias renováveis e tratamento de gases como o óxido nitroso. Em seguida está a gestão de resíduos hospitalares infectantes, químicos e nucleares, que mal gerenciados podem afetar comunidades inteiras.
Nesse aspecto, de acordo com Henrique Neves, diretor-geral do Einstein, a meta é evitar a destinação para aterros sanitários e assegurar a reciclagem, sendo que alguns resíduos também podem ser aproveitados para gerar energia. A eficiência energética, aliás, é a terceira frente. Na área ambiental, há investimentos milionários na expansão da energia solar. Outra iniciativa de destaque é um sistema de autoprodução eólica na Serra das Vacas, em Pernambuco, que reduziu 60% das emissões da instituição. Há também apostas em eletrificação de 17 linhas de ônibus no Morumbi, bairro em São Paulo.
Por último, mas não menos importante, está o engajamento da cadeia de valor (materiais, medicamentos, prestação de serviços e suprimentos), que concentra 80% das emissões da instituição. Os mais de 3.000 fornecedores do Einstein, escolhidos preferencialmente pelo menor impacto, são classificados dentro de um índice que também avalia desempenho ambiental. “Queremos que toda a cadeia seja estimulada de forma colaborativa, rumo ao alcance dos nossos objetivos de sustentabilidade”, afirma o executivo.
Entre os 25.000 funcionários, 60% das lideranças são mulheres, e a cota de 1.200 pessoas com deficiência foi preenchida há tempos. Com base em uma organização filantrópica, embora seja privado, o hospital destinou 152 milhões de reais para projetos de responsabilidade social. Em Paraisópolis, bairro da periferia de São Paulo, funciona uma unidade que oferece saúde, educação e esporte para a comunidade.
Operando no SUS sem visar o lucro, o Einstein ainda administra cinco hospitais públicos espalhados pelo Brasil e, pela telemedicina, ampliou o alcance de especialistas para regiões remotas do Norte e do Centro-Oeste, onde já atendeu mais de 400.000 pessoas. Outros projetos em áreas indígenas e quilombolas investigam a relação entre água, recursos e estado de saúde das populações.
A Sabin, companhia de medicina e diagnósticos, estrutura seu ecossistema de negócios no tripé “cuidar da saúde, das comunidades e do futuro”, democratizando atendimento médico de qualidade em mais de 70 cidades do interior brasileiro. Em 2024, consolidou resultados expressivos: 67% de energia limpa, neutralização total de carbono pelo quarto ano consecutivo e 74% de lideranças femininas, enquanto 69,6% dos colaboradores são pretos e pardos. Desde 2022, um grupo multissetorial define metas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, integrando governança, energia renovável e investimento social.
Por meio do Instituto Sabin, destinou 4,5 milhões de reais em projetos sociais, beneficiando 1 milhão de pessoas por meio de ações estruturadas de transformação comunitária. Para 2025, a estratégia é promover a evolução do sistema integrado de saúde e expansão territorial, mantendo pessoas no centro das operações. Em complemento, o instituto espera ampliar o engajamento filantrópico, a promoção da saúde integral e o fortalecimento de ecossistemas de organizações de transformação social.
O Grupo Fleury, rede de laboratórios médicos, integra ESG aos resultados financeiros desde a fundação, ampliando acesso à saúde por meio de programas de transformação social estruturados. Uma das maiores empresas do setor no Brasil, superou antecipadamente sua meta em 2025, beneficiando 1,8 milhão de pessoas das classes C, D e E — 80% acima do objetivo original de 1 milhão até 2026, vinculado à emissão de 1 bilhão de reais em debêntures sustentáveis. Na agenda ambiental, reduziu resíduos biológicos em 15,65%, superando a meta de 14%.
Em 2024, investiu 13,1 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento, gerando uma economia anual de 20 milhões de reais e a criação de produtos inovadores de menor impacto ambiental. Para a COP30, prepara trilha de letramento climático e expandirá ações de descarbonização, incluindo mudança da matriz energética e uso de drones na logística para reduzir significativamente a pegada de carbono operacional.