Alfonso Dolce: desafio de conciliar a tradição da marca italiana com os gostos das novas gerações de consumidores (Dolce & Gabbana/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 06h00.
Enquanto parte do mercado de moda de luxo mergulha de cabeça em um estilo mais sóbrio, navegando no oceano conservador do quiet luxury, algumas marcas seguem a tradição e a identidade da alta-costura: a riqueza de detalhes em bordados, acabamentos, recortes únicos e estampas variadas. É o caso da Dolce & Gabbana.
Nos últimos anos, a marca passou por um período de adaptações e crescimento em meio a desafios globais. Expandiu o portfólio para itens de beleza e de decoração de casa, passou a trabalhar com mais tecnologia e lançou coleções de olho no público mais jovem.
Manter a marca nos eixos, adaptada à realidade, mas sem perder a essência, é o trabalho de Alfonso Dolce, atual diretor-executivo da Dolce & Gabbana. Ele conversou com a Casual EXAME em passagem pelo Brasil.
O movimento de quiet luxury tem tomado o mercado de moda. É o oposto do que a Dolce & Gabbana faz.
Quando compra um produto da Dolce & Gabbana, você não necessariamente se encanta pelo item em si, mas pela cultura. Você compra longevidade e educação. É como quando você vai a um museu e passa uma hora em frente a uma obra de arte. O que você acha que fica na sua memória e no seu coração? Você compra o produto para usar hoje ou amanhã, mas, no final, está comprando a emoção. E isso vai muito além de tendências de moda que podem ser passageiras.
Qual é sua percepção sobre o mercado brasileiro de moda e quanto ele é representativo para a Dolce & Gabbana?
Há uma combinação entre a autenticidade da Dolce & -Gabbana com a autenticidade brasileira. Assim como os italianos, vocês adoram, amam as cores. É um povo energético em termos de relação e experiência, uma cultura elegante, sofisticada.
Como conectar a Dolce & Gabbana com as novas gerações e manter a marca longeva?
Se você mantém a consistência em sua identidade e, ao mesmo tempo, ajusta a linguagem contemporânea para a nova geração, com diferentes abordagens de tecnologia, com novas estampas, recortes e novos produtos, você se mantém longevo. Independentemente da idade, por que alguém compra Dolce & Gabbana, Chanel, Dior, Gucci ou outras marcas? É a compra de uma cultura, de uma identidade. E eu vejo a nova geração empenhada nisso, porque ela reconhece a história também no mercado de luxo.
