Os presidentes Prabowo Subianto, da Indonésia, e Lula, do Brasil: países avançam em negócios no agro (Evaristo Sa/AFP/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.
Em meio ao encontro do Brics, no começo de julho, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma promessa: irá ao encontro de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em outubro, na Malásia. O interesse do Brasil na região ficou claro ao longo do evento. Além de se encontrar com o premiê malaio, Anwar Ibrahim, Lula teve uma conversa com o premiê do Vietnã, Pham Minh Chính, e depois recebeu o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, em uma visita de Estado, em Brasília.
Essa aproximação é incentivada pela pressão criada com as tarifas de Donald Trump, que estimula o Brasil e outros países a buscarem novos mercados, dadas as barreiras para vender aos EUA. Os 11 países da Asean somam 680 milhões de habitantes e um PIB conjunto de 4 trilhões de dólares.
O Brasil preside o Mercosul neste ano, e buscará fechar acordos comerciais do bloco sul-americano com países como Malásia e Indonésia, onde há negócios possíveis em várias frentes, como carne bovina e defesa. “Há negociações importantes do setor aeronáutico brasileiro com um grande grupo da Malásia”, diz Frederico Lamego, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele disse que a entidade está se preparando para buscar mais negócios no Sudeste Asiático nos próximos meses.
Além da indústria, há um forte interesse dos produtores do campo. A Indonésia já é o quinto maior destino dos produtos do agronegócio brasileiro. Se tudo der certo, o país pode seguir os passos do Vietnã, que abriu seu mercado de carne bovina ao Brasil após uma visita presidencial, em março.
De forma simbólica, enquanto os líderes estrangeiros se reuniam no evento do Brics, a JBS despachou seu primeiro carregamento de carne brasileira, com 27 toneladas, rumo ao Vietnã. A empresa disse, em comunicado, ver o país como “um dos mercados mais promissores do Sudeste Asiático para proteínas animais” e que ter uma fábrica ali ajudará também a exportar para mais países do Oriente. A diversificação, definitivamente, será bem-vinda.