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Em 2025, conservadorismo deve predominar nas carteiras, diz BTG Pactual

As recomendações para o investidor montar seu portfólio de acordo com seu perfil — e de acordo com o cenário

Independentemente do perfil, 2025 começa com o conservadorismo ditando a direção das carteiras (Sadeugra/Getty Images)

Independentemente do perfil, 2025 começa com o conservadorismo ditando a direção das carteiras (Sadeugra/Getty Images)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercado Imobiliário

Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2025 às 14h31.

Um Comitê de Política Monetária (Copom) mais duro e um Banco Central mais ativo na intervenção cambial não evitaram que o dólar terminasse 2024 acima dos 6,20 reais. Para 2025, há uma forte demanda por credibilidade para que a reancoragem das expectativas de inflação custe o mínimo possível para a sociedade. Caso isso não ocorra, o trabalho fica a cargo de uma recessão econômica. É o que afirma o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) em relatório.

Para a equipe econômica do banco, sem sinais de recomposição da credibilidade, a melhor saída para a gestão de portfólios é a sobrealocação em ativos domésticos pós-fixados e em ativos internacionais. O percentual de alocação internacional é algo estrutural, e não tático. Por isso, a recomendação do banco é que eles componham de 30% a 40% do total da carteira.

Independentemente do perfil, 2025 começa com o conservadorismo ditando a direção das carteiras. “Em janeiro, colocamos um peso muito grande em mais proteção e mais liquidez dos portfólios”, diz Álvaro Frasson, estrategista macro do banco. A análise considera fatores domésticos, como a desaceleração econômica e incertezas políticas, e externos, principalmente a volatilidade da política americana.

A recomendação é a mesma para os perfis conservador, moderado e sofisticado, variando apenas a alocação de risco, com ênfase na necessidade de monitoramento constante do mercado. Por mais que os ativos de risco no Brasil tenham desempenho positivo no início do ano, ainda não está claro se este será um período para comprá-los sem preocupação.

O custo de capital ainda é muito elevado, e, consequentemente, quem está investindo tem no CDI um custo de oportunidade significativo. Se isso se mantém ou não para o resto de 2025, no entanto, é a pergunta de 1 milhão de dólares. Para Frasson, o desaquecimento da atividade econômica pode aliviar as expectativas de inflação, mas o primeiro trimestre ainda demanda um posicionamento mais conservador das carteiras.

O investidor conservador precisa ter muita liquidez e aproveitar o CDI elevado. “É o perfil que pensamos para quem quer preservar o caixa e ter um pouco de risco”, afirma o estrategista. O moderado já começa a olhar para algum risco, mas ainda com segurança. “Em vez de partir mais para ações, ele pode alongar uma duration [prazo médio ponderado para recebimento do valor investido em um título] na carteira de renda fixa, colocar um pouco mais de inflação longa. De repente, o prefixado pode estar mais atrativo”, exemplifica Frasson. Já o sofisticado tem maior exposição à bolsa.

No cenário externo, há preocupações com os efeitos da política do presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump. Ainda não se sabe ao certo como serão suas políticas, mas Frasson destaca que o impacto das tarifas começou mais fraco do que o esperado. Em janeiro, o Índice do Dólar Norte-Americano (DXY) caiu de 110 para 107,5 pontos em dez dias, refletindo um enfraquecimento da moeda. “Mas não está claro que Trump não fará uma política tarifária agressiva contra a China e os emergentes”, diz o estrategista, que também menciona a volatilidade do novo governo.

“Teremos de voltar a acompanhar as postagens do republicano. A rede social do presidente americano pode ser um canal de comunicação importante para entender a volatilidade do mercado”, afirma Frasson, adiantando que o ano será marcado por negociações e mudanças de posição típicas de Trump.


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