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Pecuária brasileira deve bater recorde de abate em 2025, mas ciclo indica queda em 2026

Depois do recorde de 2025, o abate de bovinos no Brasil deve cair em 2026 e mexer com a cadeia pecuária no país

Açougue em supermercado: consumo doméstico de carne bovina deve cair no próximo ano (Alexandre Severo/Divulgação)

Açougue em supermercado: consumo doméstico de carne bovina deve cair no próximo ano (Alexandre Severo/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 27 de novembro de 2025 às 06h00.

O ano de 2025 será marcante para a pecuária brasileira. O país deve bater recorde no abate de bovinos, com 41 milhões de cabeças. Além disso, as exportações de carne devem renovar o recorde de 4 milhões de toneladas em equivalente carcaça (TEC) alcançado em 2024 já em novembro e crescer 12%, segundo projeções da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Mas, se 2025 é um ano promissor para o setor, as primeiras previsões para 2026 não são tão alvissareiras. Um levantamento exclusivo da Datagro, consultoria agrícola, estima uma queda de 7,5% no número de abates no próximo ano, para 38 milhões de cabeças, o que deve mexer com a cadeia pecuária. O motivo da retração é o estágio atual do ciclo pecuário.

Funciona assim: quando há muito abate, como ocorre agora, a oferta de bezerros diminui. Uma vez que há menos animais para engorda, o preço do bezerro dispara, e ele passa a valer mais do que o boi gordo, aumentando o chamado “ágio da reposição”, que é o valor extra pago pela arroba de um animal de reposição em comparação ao valor obtido na venda do boi gordo.

Diante disso, o pecuarista decide reter as fêmeas no campo, em vez de abatê-las, porque sabe que os bezerros que nascerem no ano seguinte terão alto valor.

O movimento é parte natural do ciclo pecuário, que busca restabelecer o equilíbrio do mercado, explica João Figueiredo, head de pecuária da Datagro.

“Como o Brasil vem de quatro a cinco anos consecutivos de abate elevado de fêmeas, a tendência é que, em 2026, haja uma menor oferta maior de animais para frigoríficos. Com mais fêmeas retidas, o número de abates deve cair”, afirma.

O cenário deve gerar um efeito cascata. Com a menor oferta, a previsão é de aumento nos preços, o que deve levar o consumo doméstico a cair 7,1%, para 6.043 TEC. Para as exportações de carne bovina, a estimativa também é de retração, de 1,9%, para 3.981 TECs.

Mesmo em um cenário menos favorável em 2026, Figueiredo afirma que a pecuária brasileira vive um bom momento no mercado externo — e isso deve se manter nos próximos anos. “O país exporta carne bovina para mais de 150 países. O Brasil tem condição total de atender à demanda do mercado interno e abastecer o mercado mundial nos próximos dez anos”, diz. 

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