Janaína Araújo, fundadora da Lékè RP: para a paraibana, o segredo é ter sempre uma reserva (CASA 4 ESTÚDIO/AIVAN MOURA/Divulgação)
Repórter
Publicado em 20 de março de 2025 às 06h00.
Última atualização em 20 de março de 2025 às 08h20.
Janaína Araújo viu seu faturamento cair de 80.000 dólares para apenas 3.000 dólares mensais com a pandemia. Ela trabalhava num dos setores mais prejudicados pela crise sanitária: o de turismo. “Perdi praticamente todos os contratos”, diz a empreendedora.
A paraibana é dona da Lékè RP, uma destination management company (DMC) que representa hotéis e resorts internacionais para o público brasileiro. A agência de turismo abriu as portas oficialmente em 2012, depois que Araújo visitou a ilha de Curaçao e viu nela um potencial gigantesco. Mas o caminho até lá não foi fácil: filha de um caminhoneiro e de uma dona de casa, Araújo deixou Caicó, na Paraíba, aos 15 anos, em busca de uma vida melhor na Grande São Paulo.
Seu primeiro trabalho foi em vendas, para ajudar a família, mas foi a especialização em administração que abriu as portas de vez. As habilidades adquiridas a levaram a oportunidades em grandes empresas, como TAM e Camargo Corrêa, onde trabalhou com gestão e logística de viagens.
Além de parcerias com empresas de Curaçao, a Lékè RP atende a rede Xaluca, em Marrocos — que neste ano vai realizar, entre vários eventos, a segunda edição do Desert Women Summit (DWS), idealizado por Araújo e que teve a empreendedora Luiza Helena Trajano como madrinha.
A companhia crescia com esses dois destinos, até que veio a pandemia. Apenas com a casa para morar e uma equipe de sete funcionários, Araújo adotou um planejamento rigoroso para evitar o colapso. “É fundamental ser frio, analisar o cenário e entender o mercado. Provisionei seis meses de caixa e mantive o capital de giro para três meses. Essa foi a chave para a sobrevivência que uso até hoje”, afirma.
O controle de caixa da companhia ainda se torna mais complexo por pagar fornecedores e parceiros em dólar. “O segredo é ter reserva e sempre analisar o mercado antes de fechar grandes contratos. O dólar pode virar de um dia para o outro, a volatilidade cambial pode ser uma boa oportunidade ou um grande desafio.”
Com disciplina financeira, a Lékè RP se reergueu e hoje mantém um fluxo de caixa médio de 60.000 dólares mensais.
Para muitas empresas, essa gestão se torna o ponto de inflexão entre a sobrevivência e o fechamento de portas. Um levantamento da Serasa Experian mostra que cerca de 7 milhões de empresas estavam inadimplentes até outubro de 2024, com um acumulado de 156,1 bilhões de reais em dívidas.
Agora, com a oscilação do dólar e o aumento das taxas de juros, o ano de 2025 promete ser um dos mais desafiadores para os negócios brasileiros. A liquidez e o planejamento estratégico se tornam mais do que nunca essenciais para garantir não só a continuidade dos negócios, mas também o crescimento sustentável em meio a um cenário econômico instável.
As histórias nesta seção ilustram exatamente como a gestão do fluxo de caixa pode ser decisiva para a continuidade de um negócio. Empreendedores que, assim como a fundadora da Lékè RP, enfrentaram momentos críticos, mas conseguiram se recuperar. Essas histórias não só destacam o poder de um planejamento financeiro assertivo, mas também demonstram que a capacidade de se adaptar é o que separa os vencedores dos que ficam pelo caminho.
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