(Catarina Bessell/Exame)
Diretora da Wine São Paulo
Publicado em 20 de março de 2025 às 06h00.
Você sabia que vinho verde pode ser tinto, branco e até rosé? E que a cor do vinho branco pode variar de um amarelo pálido a um amarelo dourado? E vinho azul, já provou? Conhece? A cor dos alimentos pode ser um item determinante para que o consumidor defina entre um e outro. Além da cor, embalagens diferenciadas também podem influenciar a escolha do consumidor. E, no mundo do vinho, não é diferente. Para conquistar o novo consumidor que busca um vinho mais leve, menos complexo e com menos álcool, a indústria do vinho vem se adaptando. De olho no jovem consumidor, mas sem abrir mão do fiel amante do vinho, a indústria vem se reinventando.
Na Wine Paris, feira de negócios do vinho realizada de 10 a 12 de fevereiro na França, mais de 5.000 empresas expositoras e mais de 40.000 visitantes de 130 países diferentes se reuniram para apresentar as últimas tendências do setor. O que se viu na feira foi o lançamento de vinhos com embalagens modernas e design diferenciado. Por exemplo, um espumante italiano tradicional, mas embalado em uma garrafa com um dispositivo que faz piscar uma luz neon, com o objetivo de chamar a atenção do consumidor no balcão de um bar, ou rótulos com imagens de mangá, desenho japonês. Até mesmo o artista plástico brasileiro Romero Britto apareceu assinando uma linha de rótulos para uma vinícola italiana.
Teve também vinho de cor azul, com teor alcoólico de menos de 6%, e etiquetas assinadas por renomados artistas. Vale tudo para chamar a atenção dessa geração. O produto em si não é o destaque; são vinhos de pouca complexidade, com pouco ou nenhum álcool, que estão sendo denominados “happy wines”, para serem tomados com descontração a qualquer momento. Realmente, um vinho descomplicado. E como ficam nessa nova tendência os vinhos tradicionais, os famosos vinhos de Bordeaux, os supertoscanos? Eles seguem com sua vida maravilhosa, com o mesmo teor alcoólico (afinal, eles têm regras de denominação de origem a serem cumpridas), muita complexidade, e os preços mais altos.
Para nós, que ganhamos em real, eles chegam em euro — ou seja, prepare seu bolso. A indústria do vinho está passando por uma transformação, e é importante entender que essa nova tendência não é uma ameaça aos vinhos tradicionais, e sim uma oportunidade para atrair um novo público e expandir o mercado. O vinho feliz, com sua embalagem moderna e design diferenciado, pode ser uma opção para aqueles que buscam um vinho mais leve e descomplicado, sem abrir mão da qualidade e do sabor. E, para os amantes do vinho tradicional, não há nada a temer, pois os vinhos clássicos continuarão a ser apreciados por aqueles que os amam.