Tecnologia

A nova guerra dos navegadores: como a OpenAI, Perplexity e Opera ameaçam o Chrome do Google

Com recursos de IA que executam tarefas sozinhos, nova geração de browsers quer mudar a forma como usamos a internet

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 12 de agosto de 2025 às 16h30.

Última atualização em 12 de agosto de 2025 às 17h05.

Depois de anos sem grandes mudanças, o mercado de navegadores vive uma disputa inédita desde a ascensão do Google Chrome, em 2008. A chegada de produtos com agentes de inteligência artificial, capazes de agir no lugar do usuário, reacende a corrida por um espaço estratégico: o software por onde bilhões de pessoas acessam a web.

O movimento é liderado por empresas como OpenAI, Perplexity, Opera e The Browser Company, cada uma apostando em um navegador que integra busca, automação e execução de tarefas, sem exigir que o usuário abra diversas abas ou preencha formulários manualmente.

A disputa coincide com o momento em que o Chrome, que detém mais de 60% do mercado global, enfrenta um processo antitruste nos Estados Unidos que pode levar à sua venda compulsória.

O mercado de navegadores em 2025

NavegadorMarket share mundial (em %)
Chrome67,9
Safari16,2
Edge5,1
Firefox2,5
Samsung Internet2,0
Opera1,9

O ataque começa pelo browser

A OpenAI se prepara para lançar um navegador baseado no Chromium, o código aberto no qual o Chrome do Google também é desenvolvido. O aplicativo terá interface conversacional semelhante ao ChatGPT. Nele, o usuário pede e a IA executa — reservas, compras online, preenchimento de formulários ou organização de informações — sem precisar navegar manualmente.

A meta é transformar a web em um espaço de consulta e delegação inteligente, aproveitando a base de 700 milhões de usuários semanais do ChatGPT e o recém-lançado GPT-5, que aprimora a precisão e autonomia dos agentes.

A Perplexity, por sua vez, apresentou o Comet, um browser que funciona como um assistente proativo. Ele organiza viagens, compra produtos, cria listas e gerencia informações por comando de texto ou voz.

Por enquanto, está restrito a assinantes Max, de US$ 200 mensais, mas a fila de espera inclui clientes gratuitos e corporativos. Em um movimento ousado, a startup chegou a oferecer US$ 34,5 bilhões pelo Chrome, sinalizando como a base de usuários do navegador se tornou peça-chave na guerra da IA.

Opera e The Browser Company mudam de papel

O Opera aposta no Neon, que incorpora o Operator, agente capaz de agir sozinho na web — de preencher formulários a criar sites inteiros. Muitos recursos funcionam mesmo offline, preservando a privacidade. É a evolução de anos de integração com a IA Aria, agora voltada para automação total.

Já a The Browser Company aposenta o Arc e lança o Dia, navegador que aprende com o comportamento do usuário, interage diretamente com sites logados e automatiza fluxos sem depender de copiar e colar.

Funções como “Skills” permitem criar pequenos scripts para personalizar tarefas, e a barra de endereços se transforma em um chatbot ativo.

Google e Microsoft não ficam parados

O Chrome reage com integração aos modelos Gemini Nano, APIs multimodais, resumos automáticos, tradutor instantâneo e revisão de textos. O Edge, da Microsoft, aposta no Copilot Vision, que interpreta conteúdos visuais e executa pesquisas autônomas.

A nova geração de navegadores muda o paradigma: mais do que carregar páginas, eles assumem tarefas, negociam em nome do usuário e remodelam a própria economia da web.

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