Repórter
Publicado em 12 de agosto de 2025 às 16h30.
Última atualização em 12 de agosto de 2025 às 17h05.
Depois de anos sem grandes mudanças, o mercado de navegadores vive uma disputa inédita desde a ascensão do Google Chrome, em 2008. A chegada de produtos com agentes de inteligência artificial, capazes de agir no lugar do usuário, reacende a corrida por um espaço estratégico: o software por onde bilhões de pessoas acessam a web.
O movimento é liderado por empresas como OpenAI, Perplexity, Opera e The Browser Company, cada uma apostando em um navegador que integra busca, automação e execução de tarefas, sem exigir que o usuário abra diversas abas ou preencha formulários manualmente.
A disputa coincide com o momento em que o Chrome, que detém mais de 60% do mercado global, enfrenta um processo antitruste nos Estados Unidos que pode levar à sua venda compulsória.
Navegador | Market share mundial (em %) |
---|---|
Chrome | 67,9 |
Safari | 16,2 |
Edge | 5,1 |
Firefox | 2,5 |
Samsung Internet | 2,0 |
Opera | 1,9 |
A OpenAI se prepara para lançar um navegador baseado no Chromium, o código aberto no qual o Chrome do Google também é desenvolvido. O aplicativo terá interface conversacional semelhante ao ChatGPT. Nele, o usuário pede e a IA executa — reservas, compras online, preenchimento de formulários ou organização de informações — sem precisar navegar manualmente.
A meta é transformar a web em um espaço de consulta e delegação inteligente, aproveitando a base de 700 milhões de usuários semanais do ChatGPT e o recém-lançado GPT-5, que aprimora a precisão e autonomia dos agentes.
A Perplexity, por sua vez, apresentou o Comet, um browser que funciona como um assistente proativo. Ele organiza viagens, compra produtos, cria listas e gerencia informações por comando de texto ou voz.
Por enquanto, está restrito a assinantes Max, de US$ 200 mensais, mas a fila de espera inclui clientes gratuitos e corporativos. Em um movimento ousado, a startup chegou a oferecer US$ 34,5 bilhões pelo Chrome, sinalizando como a base de usuários do navegador se tornou peça-chave na guerra da IA.
O Opera aposta no Neon, que incorpora o Operator, agente capaz de agir sozinho na web — de preencher formulários a criar sites inteiros. Muitos recursos funcionam mesmo offline, preservando a privacidade. É a evolução de anos de integração com a IA Aria, agora voltada para automação total.
Já a The Browser Company aposenta o Arc e lança o Dia, navegador que aprende com o comportamento do usuário, interage diretamente com sites logados e automatiza fluxos sem depender de copiar e colar.
Funções como “Skills” permitem criar pequenos scripts para personalizar tarefas, e a barra de endereços se transforma em um chatbot ativo.
O Chrome reage com integração aos modelos Gemini Nano, APIs multimodais, resumos automáticos, tradutor instantâneo e revisão de textos. O Edge, da Microsoft, aposta no Copilot Vision, que interpreta conteúdos visuais e executa pesquisas autônomas.
A nova geração de navegadores muda o paradigma: mais do que carregar páginas, eles assumem tarefas, negociam em nome do usuário e remodelam a própria economia da web.