Repórter
Publicado em 2 de maio de 2025 às 10h10.
Última atualização em 2 de maio de 2025 às 10h33.
A Apple planeja comprar mais de US$ 19 bilhões em chips fabricados nos Estados Unidos em 2025, como parte de uma reestruturação global da cadeia de suprimentos. A iniciativa busca diminuir a dependência da China e consolidar a Índia como principal centro de montagem de iPhones voltados ao mercado americano.
O anúncio foi feito por Tim Cook, presidente-executivo da companhia, durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre fiscal. A empresa vai se apoiar cada vez mais na Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), que está ampliando suas operações no estado do Arizona, onde chegará a seis fábricas nos próximos anos.
A Apple também confirmou que pretende transferir a maior parte da produção de iPhones destinados aos EUA para a Índia, movimento que acompanha o crescimento da capacidade industrial do país e a escalada das tensões comerciais entre Washington e Pequim. Durante a conferência, a Índia foi citada quase tantas vezes quanto a China, sinalizando sua importância estratégica crescente para os negócios da Apple.
A mudança ocorre num momento em que o ex-presidente Donald Trump, pré-candidato nas eleições de 2024, ameaça impor novas tarifas punitivas contra produtos chineses caso retorne à Casa Branca. O risco de sanções ampliadas tem levado empresas americanas a acelerar planos de diversificação de fornecedores e bases produtivas, estratégia conhecida como China Plus One, ou “China mais um”.
Embora a China continue sendo essencial na fabricação de componentes e montagem de dispositivos da Apple, sua participação no volume total de produção tem encolhido. Em 2023, a Apple já havia elevado a produção de iPhones na Índia para cerca de 14% do total global, segundo dados da Bloomberg. A meta para os próximos anos é superar os 25%.
A expansão da TSMC nos EUA também é um marco relevante. As fábricas da empresa taiwanesa, considerada a maior fundição de semicondutores do mundo, produzirão chips avançados para futuros iPhones e Macs, aproveitando incentivos do governo americano sob o CHIPS and Science Act, pacote de estímulos à indústria local.
A movimentação da Apple acompanha uma tendência mais ampla do setor de tecnologia: a regionalização da produção e a busca por maior resiliência frente a riscos geopolíticos, pandemias e gargalos logísticos.