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Brasil tem potencial para criar 760 mil empregos em bioenergia até 2030, indica estudo

País já concentra 26% da força de trabalho global do setor e pode ampliar em 63% o número de trabalhadores na próxima década

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 10h51.

O Brasil deve ampliar significativamente sua presença na cadeia global de bioenergia. Um novo estudo da Schneider Electric em parceria com a Systemiq projeta a criação de até 760 mil empregos adicionais até 2030, o equivalente a um crescimento de 63% sobre o volume atual. A previsão recoloca o país no centro das discussões sobre transição energética, sobretudo pela capacidade de produzir combustíveis renováveis em larga escala.

Segundo dados da IRENA, agência internacional dedicada às energias renováveis, o país já abriga cerca de 26% de toda a força de trabalho mundial da bioenergia, com 1,16 milhão de pessoas empregadas em atividades que vão da produção agrícola às operações industriais e logísticas. A forte presença do país na bioenergia remete a um histórico de quatro décadas de políticas para etanol e biodiesel, que criaram infraestrutura e mão de obra antes de a transição energética ganhar tração global.

Produção de etanol da cana-de-açúcar: país concentra 26% da força de trabalho global do setor (NELSON ALMEIDA/Getty Images)

A pesquisa se baseia também em cenários da IEA, que indicam que setores como aviação, transporte marítimo e indústrias de base continuarão dependentes de combustíveis líquidos, mesmo com avanços em eletrificação. A estimativa é que a participação da bioenergia na matriz global suba de 7% para 18% até 2050.

A combinação de demanda global e disponibilidade agrícola coloca o Brasil em posição estratégica, mas também revela contradições: o país dispõe de terras degradadas suficientes para expansão produtiva, mas não avança no mesmo ritmo em políticas de qualificação e mecanização, criando gargalos estruturais.

Defasagem na formação profissional trava expansão

O estudo aponta que a falta de mão de obra qualificada já compromete a expansão da bioenergia. As maiores lacunas estão em automação, eletrificação, manutenção industrial e transporte, áreas diretamente afetadas pela digitalização crescente das usinas e pela adoção de equipamentos mais sofisticados.

Até 2030, estimam os autores, será necessário formar cerca de 450 mil novos trabalhadores. Desses, 75 mil técnicos e engenheiros devem receber treinamento em tecnologias digitais e eficiência energética, enquanto 380 mil precisam de capacitação básica, sobretudo em agricultura e logística. O descompasso entre oferta de cursos e demanda das empresas se repete desde a expansão do etanol nos anos 2000, quando usinas tiveram dificuldade de contratar operadores qualificados.

Cadeia de valor deve adicionar até US$ 40 bilhões ao PIB

O setor de biomassa deve liderar a geração de empregos, com até 530 mil novas vagas diretas, reflexo da elevada intensidade de mão de obra na colheita e no manejo agrícola. O impacto estimado sobre o PIB é de US$ 21 bilhões a US$ 40 bilhões.

A indústria pode somar 170 mil empregos diretos e 480 mil indiretos, com valor adicionado de aproximadamente US$ 13 bilhões. A logística deve abrir 34 mil postos e movimentar cerca de US$ 700 milhões, impulsionada pela ampliação de rotas para escoamento de biocombustíveis.

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