De acordo com reportagem do g1, o custo anual de operação é estimado em R$ 6 milhões (thenakedsnail/Getty Images)
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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 11h50.
Cada vez mais, a tecnologia é uma aliada central na prevenção de desastres e no monitoramento climático. Nesse cenário, o Brasil está testando um novo supercomputador meteorológico que promete transformar a previsão do tempo no país.
Instalado no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), em Cachoeira Paulista (SP), o novo sistema amplia a resolução dos modelos atuais e permite prever chuvas por bairro e até o momento exato em que elas vão ocorrer.
Adquirido em 2024, com um investimento de R$ 200 milhões, o supercomputador substituirá o Tupã, que operava desde 2010 e já considerado obsoleto. Desde 2021, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo Tupã, alerta para o risco de um apagão meteorológico devido à defasagem tecnológica, segundo o g1.
Ainda sem nome oficial — que será escolhido em votação popular no site do Inpe —, o novo sistema tem capacidade de cálculo seis vezes superior e desempenho de armazenamento 24 vezes maior, permitindo a geração de modelos mais detalhados. Isso também viabiliza previsões mais frequentes, atualizadas a cada seis horas (o Tupã operava apenas duas vezes ao dia), além de projeções de longo prazo.
A coleta de dados continua baseada em estações terrestres, satélites, aviões e navios. Esses insumos alimentam modelos matemáticos que simulam o comportamento da atmosfera, realizando trilhões de cálculos por segundo, algo impossível para computadores comuns. De acordo com reportagem do g1, o custo anual para mantê-lo ligado é de R$ 6 milhões.
Com o novo supercomputador, a resolução passa de 7 km² para 3 km² — e chega a 1 km² em regiões metropolitanas. Ou seja, haverá uma previsão do tempo específica para esses espaços, o que aumenta a precisão além do nível municipal, permitindo prever em qual bairro haverá precipitação e em que momento.
Por enquanto, o Tupã ainda está em funcionamento. O novo sistema segue em fase de testes, com início da operação previsto para a primeira semana de dezembro deste ano.
O investimento foi realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com financiamento da Finep. Está prevista também a construção de um centro de energia solar para abastecer toda a operação, com início da implantação em 2026.
Impactos positivos do novo sistema
A atualização tecnológica tem efeitos diretos na prevenção de desastres, como o de São Sebastião (SP), em 2023, quando a chuva foi prevista, mas sem precisão de local e horário. Agora, a expectativa é aumentar a eficácia dos alertas do Cemaden, órgão responsável pelo monitoramento de riscos e que usa dados do Tupã. Naquele caso, dezenas de pessoas morreram em decorrência das chuvas intensas.
Setores como agropecuária, energia e saúde pública também devem se beneficiar. Dados mais precisos são úteis para orientar o manejo de safras, a gestão de reservatórios e o rastreio de fumaça de queimadas, permitindo a emissão de alertas antecipados.
Além desses impactos positivos, o supercomputador também será usado para rodar modelos climáticos – aqueles que apontam tendências de longo prazo, com projeções para as próximas estações, anos e até décadas. Esse tipo de análise ganha importância adicional diante do atual contexto de mudanças climáticas globais.