Repórter
Publicado em 1 de novembro de 2025 às 18h16.
A China vai suspender, de forma efetiva, as restrições adicionais à exportação de terras raras e encerrar investigações sobre empresas norte-americanas da cadeia de chips, segundo informou a Casa Branca neste sábado (1º.nov).
A decisão faz parte de um acordo mais amplo firmado durante a primeira reunião presencial entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, desde o início do segundo mandato do republicano.
De acordo com o comunicado oficial dos EUA, o pacto prevê a emissão de licenças gerais para exportações de materiais estratégicos como gálio, germânio, antimônio e grafite, além das próprias terras raras. Essas licenças permitirão o envio dos insumos a usuários finais nos Estados Unidos e seus fornecedores ao redor do mundo.
Na prática, a medida revoga os controles impostos por Pequim em abril de 2025 e outubro de 2022 — e adia por um ano as restrições adicionais anunciadas em outubro de 2025.
Em contrapartida, Washington irá prorrogar a suspensão de algumas das tarifas de retaliação impostas por Trump à China. Uma tarifa de 100% sobre exportações chinesas aos EUA, que estava prevista para entrar em vigor em novembro, foi congelada. Além disso, o governo americano ampliará a validade de exclusões tarifárias previstas na Seção 301 — mecanismo legal que embasa as sanções — até 10 de novembro de 2026. O vencimento anterior estava marcado para 29 de novembro deste ano.
O acordo é interpretado como um gesto de distensão na guerra comercial que se intensificou entre as duas maiores economias do mundo desde 2018. Trump e Xi buscaram estabilizar temporariamente a relação bilateral após anos de embates que impactaram mercados globais e acirraram incertezas sobre o crescimento mundial.
Segundo o texto da Casa Branca, a China concordou em suspender controles abrangentes sobre ímãs de terras raras em troca da reversão, pelos EUA, de medidas mais duras contra companhias chinesas do setor de tecnologia. Pequim tem usado seu domínio no refino desses minerais como instrumento de pressão geopolítica, ameaçando interromper o fornecimento aos EUA e a aliados.
Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos usados em produtos de alta tecnologia, como smartphones, turbinas eólicas, carros elétricos e sistemas de defesa. Embora não sejam raros em termos de ocorrência geológica, seu processo de extração e refino é complexo e altamente concentrado em poucos países — com a China controlando cerca de 70% da capacidade global de refino.
Materiais como o gálio e o germânio são essenciais para a produção de chips semicondutores e painéis solares. O grafite é componente crucial nas baterias de íons de lítio. Ao flexibilizar o envio desses itens, Pequim sinaliza disposição para aliviar a pressão econômica, ao mesmo tempo em que busca manter influência sobre cadeias produtivas críticas.