Na região desde 2016, serviços de streaming dos EUA ainda dominam o mercado em vários países, com cerca de 60% de participação em Singapura, por exemplo (Thomas Fuller/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
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Publicado em 18 de agosto de 2025 às 09h17.
Serviços de streaming chineses estão conquistando cada vez mais espaço no sudeste asiático, com empresas como iQiyi, subsidiária do Baidu, e Tencent investindo em produções originais em países como Tailândia, Indonésia e Malásia. A expansão é parte da estratégia de internacionalização das plataformas, que buscam diversificar receita diante da crescente concorrência no mercado doméstico.
"Fora da China continental, o sudeste asiático é um dos nossos mercados mais importantes", segundo Yang Xiaowei, co-diretor da subsidiária tailandesa da iQiyi, durante evento de tecnologia em Bangkok. Para disputar esse mercado, a empresa está mudando sua estratégia para focar em conteúdo original.
Frequentemente comparada à Netflix, a iQiyi tem ampliado sua atuação na região desde 2019, oferecendo serviços gratuitos com anúncios e assinaturas de baixo custo, equivalentes a poucos dólares. Hoje, a empresa contabiliza cerca de 36 milhões de pagantes mensais no sudeste asiático.
No catálogo tailandês, mais de 60% dos 9 mil títulos disponíveis são chineses. No entanto, a empresa tem planos para lançar de quatro a seis produções locais por ano, investindo até US$ 1,54 milhão em cada uma. Na lista de prioridades, estão gêneros populares, como dramas de amor entre garotos e entre garotas, e programas de variedades.
Na Indonésia e na Malásia, a iQiyi também planeja lançar conteúdo original ainda em 2025. Em junho, ela firmou parceria com a Telkomsel, maior operadora móvel da Indonésia, para produzir seis dramas com estúdios locais, promovendo seu serviço para cerca de 170 milhões de usuários.
A rival Tencent, por sua vez, atua na região desde 2019 com o serviço WeTV, também focado em produções originais. Desde o ano passado, a empresa está produzindo diversos programas de ídolos com talentos da Tailândia e região. Um deles deu origem à boy band NexT1de, já com popularidade em ascensão.
Plataformas norte-americanas, como Netflix e Amazon Prime Video, chegaram à região por volta de 2016 e ainda dominam o mercado em vários países, com cerca de 60% de participação em Singapura, por exemplo. Mas empresas chinesas vêm rapidamente ganhando terreno.
Especialistas apontam fatores culturais e demográficos como aliados da expansão chinesa, já que no Sudeste Asiático há grande população originada no país. Na Tailândia, estima-se que metade do conteúdo popular entre espectadores seja chinês, segundo Shuhei Hashimoto, consultor da alemã Roland Berger.Com isso, plataformas chinesas atualmente respondem por cerca de 40% do mercado tailandês, superando os 30% de provedores dos EUA. O modelo gratuito com anúncios contribui para que a audiência real seja ainda maior.
Apesar de menor que os mercados da China ou dos EUA, o sudeste asiático apresenta grande potencial de crescimento, impulsionado por uma população jovem e com aumento da renda. A Statista projeta que o mercado de streaming da região alcance US$ 6,8 bilhões até 2030, um crescimento de 49% em relação a 2024.
Além do streaming, a influência chinesa na região se estende a outros produtos e marcas — de eletrodomésticos a veículos elétricos e ferramentas de inteligência artificial —, reforçando a presença cultural e comercial da China no sudeste asiático.