Repórter
Publicado em 19 de maio de 2025 às 16h54.
Uma nuvem literalmente nas nuvens. A China deu início à construção de uma ambiciosa rede de processamento de dados no espaço ao lançar os 12 primeiros satélites de uma constelação que deve contar com 2.800 unidades. O projeto é liderado pela empresa ADA Space, em parceria com o laboratório Zhijiang e a zona de alta tecnologia de Neijang, segundo informações do site Space News.
Diferentemente de satélites tradicionais, que enviam os dados para a Terra antes de processá-los, esses novos equipamentos processam as informações no próprio espaço, usando modelos de inteligência artificial embarcados. A constelação, chamada de "Three-Body Computing", é parte do programa “Star Compute”, desenvolvido pela ADA Space.
Cada satélite tem um modelo de IA com oito bilhões de parâmetros e poder computacional de 744 tera operações por segundo (TOPS). Juntos, os 12 equipamentos iniciais são capazes de atingir cinco peta operações por segundo (POPS) — mais de 150 iPhone trabalho em conjunto.
O objetivo do governo chinês é formar uma infraestrutura de supercomputação espacial que atinja 1.000 POPS com milhares de satélites interligados. A comunicação entre eles é feita via lasers com velocidade de até 100 Gbps, e o sistema compartilha um armazenamento total de 30 terabytes.
Os satélites já lançados transportam instrumentos científicos, incluindo um detector de polarização de raios X, usado para observar fenômenos cósmicos como explosões de raios gama. Além disso, têm capacidade de criar réplicas digitais em 3D da Terra, úteis para ações de emergência, desenvolvimento de jogos e até turismo imersivo.
Segundo a ADA Space, o diferencial desse tipo de rede é que apenas uma pequena fração dos dados captados por satélites convencionais — menos de 10%, segundo o South China Morning Post — chega de fato à Terra, devido a limitações de largura de banda e da infraestrutura de recepção. Com o processamento feito no espaço, esses gargalos são reduzidos.