Em carta aberta publicada nesta quinta-feira, 27, a Nexperia pediu que sua unidade na China adote medidas imediatas para restabelecer a cadeia de suprimentos (Nicolas Economou/Getty Images)
Redator
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 13h07.
Alvo de intervenção do governo holandês no final de setembro, a fabricante de chips Nexperia publicou nesta quinta-feira, 27, uma carta aberta em que pede que sua unidade na China adote medidas imediatas para restabelecer as exportações e os fluxos da cadeia de suprimentos. No documento, a empresa afirma que seus clientes de vários setores, sobretudo na indústria automotiva, relatam riscos de “interrupções iminentes na produção” em razão da escassez de componentes.
Dirigida à liderança da operação chinesa, a carta surge após tentativas frustradas de comunicação direta e está inserida em um contexto de tensões políticas entre China, Holanda e Estados Unidos.
Em setembro, com base em uma lei da Guerra Fria, o governo holandês assumiu o controle da Nexperia – medida tomada após alertas de segurança feitos pelos EUA. Em resposta, Pequim bloqueou a exportação de produtos fabricados pela companhia na China, o que agravou o desabastecimento de chips usados em veículos.
Nesta sexta-feira, 28, a controladora chinesa Wingtech Technology rebateu o conteúdo da carta, classificando as alegações como “enganosas” e atribuindo o impasse à intervenção holandesa, que teria privado o grupo de seus direitos de controle.
Autoridades holandesas afirmaram, na semana passada, ter suspendido a intervenção estatal depois de negociações com representantes chineses. No entanto, o cenário segue incerto. Persistem dúvidas sobre a normalização dos fluxos de fornecimento e a retomada plena das exportações. Analistas comparam o quadro ao controle chinês sobre o mercado de terras raras.
Embora não sejam componentes avançados, como os voltados à inteligência artificial, os chips produzidos pela Nexperia, principalmente transistores e diodos, são essenciais para sistemas elétricos de veículos, como baterias, sensores, luzes e controles de segurança.
Produzidos na Europa, mas montados e testados na China antes da reexportação, esses itens estão no centro de uma crise que ameaça a produção de montadoras como Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW.