A principal diferença, segundo especialistas, é o modelo de financiamento: enquanto nos Estados Unidos o mercado impulsiona a inovação, na China o governo tem grande participação no avanço da tecnologia (Leandro Fonseca/Exame)
Redator
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 06h13.
Empresas chinesas como Apollo Go (da Baidu), WeRide e Pony AI estão ganhando destaque e conquistando o mercado global de veículos autônomos, superando concorrentes norte-americanas como Waymo (da Alphabet, empresa-mãe do Google), Tesla e Zoox (da Amazon), de acordo com análise da BloombergNEF.
Embora as empresas dos EUA atraiam mais atenção e liderem os testes e implantações, quase totalmente em território doméstico, as chinesas estão expandindo tanto no mercado interno quanto rapidamente para fora da China, com projetos em cidades como Dubai, Abu Dhabi e Singapura. Elas também têm planos para lançar serviços na Europa, em países como Alemanha e Reino Unido.
Além disso, a análise da BloombergNEF aponta que as empresas chinesas superam as norte-americanas no número de projetos de robotáxi que avançam para estágios de comercialização, enquanto as concorrentes dos EUA ficam mais limitadas a testes.
A principal diferença, segundo especialistas, é o modelo de financiamento: enquanto nos Estados Unidos o mercado impulsiona a inovação, na China o governo tem grande participação no avanço da tecnologia, oferecendo apoio estratégico para que o país se torne líder mundial em veículos autônomos até 2035.No entanto, a competição no setor ainda é desafiadora. Empresas que levantaram bilhões de dólares e fizeram grandes promessas sofreram com falhas e acidentes. Desse modo, a tecnologia continua em estágio de desenvolvimento e desafios como a adaptação a condições climáticas extremas, por exemplo, a neve pesada, ainda representam um obstáculo significativo
Além disso, a implementação sustentável e lucrativa de serviços de robotáxi continua sendo um objetivo distante, com estimativas indicando que pode levar até 8 anos para que eles se tornem rentáveis.
Ainda assim, empresas chinesas também se destacam em relação às rivais norte-americanas por sua capacidade de reduzir custos, graças à robusta cadeia de suprimentos de veículos elétricos (EVs) e ao grande número de talentos em tecnologia formados todos os anos.
Atualmente, empresas chinesas enfrentam pouca concorrência no mercado internacional, já que as rivais norte-americanas ainda não priorizam essa expansão. Por outro lado, empresas de transporte dos EUA já firmaram parcerias com chinesas para lanças serviços de robotáxi no exterior. A Uber, por exemplo, se aliou à WeRide em Abu Dhabi, enquanto a Lyft fez parceria com a Baidu para ofertar corridas autônomas na Europa.
No Oriente Médio, ambiente favorável ao investimento, infraestrutura de estradas bem desenvolvidas e políticas acolhedoras têm sido fatores decisivos para a expansão das empresas chinesas. Dubai, por exemplo, pretende que 25% das viagens sejam autônomas até 2030, enquanto a vizinha Abu Dhabi busca atingir uma meta similar até 2040.
Com essa rápida expansão no mercado global, as empresas chinesas se posicionam como sérias concorrentes, mostrando que, apesar de seu início tardio, estão superando as limitações de suas rivais norte-americanas com tecnologia acessível e forte apoio governamental – de maneira similar ao que tem ocorrido na área de inteligência artificial.