Tecnologia

Figma estreia em alta na bolsa e alcança US$ 65 bilhões em valor — três vezes maior que o estimado

Plataforma de design foi avaliada acima do valor da fusão frustrada com a Adobe e teve ações 40 vezes mais disputadas que a oferta disponível

Dylan Field: CEO e cofundador da Figma (Kimberly White/Getty Images)

Dylan Field: CEO e cofundador da Figma (Kimberly White/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 31 de julho de 2025 às 15h52.

Última atualização em 31 de julho de 2025 às 15h58.

A oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Figma levantou US$ 1,2 bilhão e fez as ações da empresa saltarem até 242% no pregão de estreia, superando em larga margem os valores estimados e colocando o valor de mercado da companhia acima dos US$ 65 bilhões, considerando a diluição total.

Com sede em São Francisco, a Figma precificou suas ações em US$ 33 na terça-feira, 30, acima da faixa inicialmente esperada de US$ 30 a US$ 32. No pregão desta quinta-feira, os papéis chegaram a ser negociados por US$ 112,77 na Bolsa de Nova York (NYSE), antes de terem a negociação interrompida pela segunda vez devido à forte volatilidade.

Com essa estreia, a empresa supera com folga a avaliação de US$ 20 bilhões que receberia na fusão cancelada com a Adobe, arquivada em 2023 após resistência de reguladores antitruste nos EUA e Europa. A Adobe, que produz o Photoshop e outros softwares criativos, pagou uma multa de US$ 1 bilhão pela desistência da operação.

A Figma vendeu 12,47 milhões de ações na oferta, enquanto investidores institucionais, como Index Ventures, Greylock Partners e Kleiner Perkins, venderam outros 24,46 milhões de papéis. A demanda superou em mais de 40 vezes a quantidade disponível, deixando metade dos interessados sem nenhuma ação, segundo a Bloomberg.

Ao final da operação, Dylan Field, cofundador e CEO da empresa, manteve controle acionário por meio de ações classe B, que oferecem 15 votos cada. Ele detém 74,1% do poder de voto na companhia. A fatia de Field, que estudou na Brown University antes de largar o curso com apoio da Thiel Fellowship, está avaliada em cerca de US$ 4,9 bilhões, com potencial de valorização adicional.

Design como vetor de crescimento e aposta em IA

Criada em 2012, a Figma se popularizou entre designers por sua interface baseada em navegador, que permitia colaboração em tempo real, substituindo o modelo tradicional de arquivos enviados por e-mail. Nos últimos anos, a empresa expandiu seu escopo e passou a oferecer soluções também para desenvolvedores, gerentes de produto e profissionais de marketing.

Em 2023, foi lançado o “Dev Mode”, um modo de colaboração voltado para desenvolvedores. Em 2024, a empresa apresentou o “Figma Make”, ferramenta com inteligência artificial (IA) que transforma comandos em protótipos funcionais. A incorporação de IA na plataforma é considerada prioridade estratégica.

O CEO Dylan Field declarou que tornar a Figma uma empresa pública ajuda a “centralizar a importância do design”. Para ele, este é um “momento de criar valor para a comunidade e os clientes” e “o mercado público é o espaço certo para isso”.

Segundo a Bloomberg Intelligence, a companhia teve margem bruta ajustada de 92% e cresceu 46% em receita no primeiro trimestre, atingindo US$ 228 milhões no período. O lucro líquido foi de US$ 44,9 milhões no trimestre, mas o resultado anual de 2024 indicou prejuízo de US$ 732 milhões, puxado por despesas operacionais em expansão.

Referência para o mercado de tecnologia e capital de risco

Especialistas veem a abertura de capital da Figma como um marco para o mercado de empresas de tecnologia financiadas por capital de risco. Com valuation de quase US$ 20 bilhões já no preço da oferta, a Figma se tornou a maior IPO de uma empresa norte-americana de tecnologia desde a Rivian, em 2021, segundo a CB Insights.

De acordo com a Renaissance Capital, os investidores da rodada Série E — liderada pela Durable Capital em 2021, com valuation de US$ 10 bilhões — conseguiram retorno acima do preço de aquisição. O mesmo ocorreu com quem comprou ações na oferta secundária de 2023, a US$ 23,19.

A valorização atraiu outros olhares para o setor. Entre os investidores que aproveitaram a valorização para vender parte de suas posições estão a Index Ventures (16,8% antes do IPO), Greylock Partners (15,7%), Kleiner Perkins (14%) e Sequoia Capital (8,7%).

Para Matt Kennedy, estrategista da Renaissance, o sucesso da Figma pode destravar novas aberturas de capital entre unicórnios como Canva, Databricks e Rippling. “O valuation é o principal obstáculo para IPOs no setor de tecnologia financiado por venture capital. A Figma mostrou que é possível superá-lo”, afirmou.

A Figma é negociada na NYSE sob o código FIG. A o

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