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Índia ultrapassa China como principal país fornecedor de smartphones aos EUA

Avanço foi puxado pela Apple, que acelerou produção fora da China em meio à guerra tarifária e pressões de Trump por fabricação nos Estados Unidos

Publicado em 29 de julho de 2025 às 10h08.

Pela primeira vez, a Índia se tornou o principal país de origem dos smartphones vendidos nos Estados Unidos, superando a China.

A mudança marca um novo capítulo na reorganização das cadeias globais de produção, pressionadas pela guerra tarifária entre Washington e Pequim.

Segundo a consultoria Canalys (parte do grupo Omdia), 44% dos smartphones importados pelos EUA no segundo trimestre de 2025 foram montados na Índia, uma disparada em relação aos 13% registrados no mesmo período do ano anterior. No sentido oposto, a participação dos aparelhos fabricados na China despencou de 61% para 25%.

O avanço indiano foi impulsionado sobretudo pela Apple, que tem acelerado sua estratégia de diversificação industrial.

A empresa começou a montar modelos Pro do iPhone 16 na Índia e tem dedicado boa parte de sua capacidade instalada no país ao mercado americano. Ainda assim, segue dependente da infraestrutura chinesa para atender à demanda em larga escala, segundo a Canalys.

Samsung e Motorola também ampliaram sua produção na Índia, embora em ritmo bem mais modesto. A fabricante sul-coreana mantém a maior parte da montagem no Vietnã, enquanto a Motorola segue com base majoritária na China.

Estoques cheios, demanda fraca

A mudança geográfica na produção ocorre em um momento de incerteza comercial, que leva os fabricantes a antecipar embarques e reforçar estoques para evitar impactos de possíveis novas tarifas.

Ainda assim, o mercado cresceu apenas 1% no trimestre, somando 27,1 milhões de unidades, sinal de que a demanda segue fraca, segundo a Canalys.

A Samsung foi destaque, com alta de 38% nas remessas, puxadas pela linha Galaxy A. Já a Apple recuou 11%, após ter inflado os embarques no trimestre anterior.

Concorrência desigual nos EUA

O ambiente regulatório e a concentração de mercado têm afastado empresas menores do mercado americano. De acordo com a Canalys, mais de 90% das remessas estão nas mãos de Apple, Samsung e Motorola.

A HMD, dona da Nokia, anunciou que vai reduzir sua operação nos EUA. Já fabricantes como OnePlus e Nothing tentam ganhar tração em canais como Amazon e grandes varejistas, mas ainda operam em escala reduzida.

Trump pressiona Apple

A pressão por realocar a produção também tem peso político. O presidente Donald Trump tem criticado a Apple por não fabricar iPhones nos EUA, mesmo após a empresa prometer investimentos de US$ 500 bilhões no país nos próximos quatro anos, segundo a Bloomberg.

A ameaça de novas tarifas sobre aparelhos montados na Índia segue no radar. As taxas atuais estão suspensas até 1º de agosto. Segundo a Reuters, o volume de smartphones “made in India” exportado aos EUA saltou 240% em um ano, refletindo tanto a busca por margens mais altas quanto a pressão geopolítica.

Apesar do avanço, a Índia ainda enfrenta gargalos. A maturidade da cadeia de suprimentos no país é inferior à da China, com menor eficiência produtiva, segundo especialistas ouvidos pela CNBC.

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