Mark Zuckerberg, CEO da Meta (META), compraria o WhatsApp e o Instagram novamente se fosse necessário. Para o bilionário, ambos aplicativos não teriam o mesmo sucesso caso não tivessem sido adquiridos por sua empresa.
A fala de Zuckerberg aconteceu durante seu depoimento em um tribunal de Washington, DC, nesta quarta-feira, 16. Segundo a Federal Trade Commission (FTC), agência dos EUA responsável pela aplicação de leis antitruste no país, Zuckerberg adquiriu ambas as startups para suprimir seus adversários, criando um ambiente de concorrência desleal.
Zuckerberg discordou e afirmou que a aquisição do WhatsApp foi uma estratégia para ajudar o Facebook a se adaptar a essa transição e, ao mesmo tempo, aumentar seu poder de negociação com empresas como Apple e Google, que controlam as lojas de aplicativos.
“Estamos sempre preocupados com a possibilidade de eles dificultarem as coisas para nós”, disse Zuckerberg.
Embora a FTC argumente que o movimento visava neutralizar um possível concorrente, Zuckerberg insistiu que o que ele realmente queria era adquirir um recurso valioso para a Meta, sem intenção de eliminar uma ameaça. O WhatsApp, hoje com quase 3 bilhões de usuários, gerou US$ 10 bilhões anuais para a Meta por meio de anúncios, demonstrando a lucratividade do investimento.
A aquisição do Instagram, em 2012, também foi alvo das alegações da FTC, que aponta que Zuckerberg comprou o app para “neutralizá-lo” como rival. Zuckerberg afirmou que, inicialmente, não estava preocupado com a competição do Instagram até que o app alcançou 1 bilhão de usuários, e foi a partir desse momento que ele começou a repensar as integrações do Instagram com o Facebook, para evitar que o engajamento do Facebook fosse prejudicado.
Zuckerberg também compartilhou com o tribunal o crescimento inesperado do Instagram, que tinha apenas 10 milhões de usuários no momento da aquisição, e que, com os recursos da Meta, atingiu a meta de 100 milhões de usuários muito mais rápido do que o esperado.
Hoje, o Instagram conta com mais de 2 bilhões de usuários. Zuckerberg defendeu que, sem a Meta, o app provavelmente não teria alcançado esse sucesso, já que teria dificuldades em escalar de forma independente.
O CEO da Meta apresentou ambos os aplicativos como investimentos bem-sucedidos que superaram até suas próprias previsões, descartando as acusações de que sua estratégia visava simplesmente eliminar a competição.
Para Zuckerberg, tanto o WhatsApp quanto o Instagram foram adquiridos com o objetivo de fortalecer a Meta em um cenário em que a comunicação online estava se transformando, e não como parte de uma manobra para destruir rivais.
O depoimento de Zuckerberg foi seguido pela fala de Sheryl Sandberg, ex-COO da Meta, que reconheceu, com base em um e-mail que enviou a Zuckerberg na época da compra do Instagram, que o valor de US$ 1 bilhão foi excessivo. “Eu estava errada”, disse Sandberg, admitindo que o negócio foi muito mais proveitoso do que ela imaginava.
Quais empresas estão sob o guarda-chuva da Meta?
A Meta, anteriormente conhecida como Facebook, é um conglomerado de tecnologia e mídia social que controla várias empresas importantes.
Sob o guarda-chuva da holding de Zuckerberg, estão o Facebook, a rede social original fundada pelo bilionário e seus colegas de Harvard, o Instagram, uma plataforma de compartilhamento de fotos e vídeos adquirida em 2012 por aproximadamente US$ 1 bilhão, e o WhatsApp, um aplicativo de mensagens instantâneas adquirido em 2014 por mais de US$ 19 bilhões.
A Meta também controla o Messenger, um aplicativo de mensagens integrado ao Facebook, e o Oculus VR, uma empresa de realidade virtual adquirida em 2014 por mais de US$ 2 bilhões.
Outras aquisições incluem o Giphy, uma plataforma de GIFs comprada em 2020, mas vendida em 2023 após uma ordem da CMA do Reino Unido, o Mapillary, uma empresa de mapeamento de ruas adquirida também em 2020, e a desenvolvedora de jogos em realidade virtual Beat Games, comprada em 2019. Em 2021, a Meta adquiriu a desenvolvedora de jogos Twisted Pixel Games.
Por que o alvo é o Instagram e o WhatsApp?
A FTC está investigando a Meta devido a alegações de que as aquisições do Instagram em 2012 e do WhatsApp em 2014 foram feitas para eliminar a concorrência e formar um monopólio no mercado de redes sociais.
A FTC argumenta que essas aquisições prejudicaram a concorrência e resultaram em um domínio excessivo da Meta no setor, o que poderia ser prejudicial aos consumidores e ao mercado como um todo.
A FTC também está questionando se a Meta violou a lei antitruste ao adquirir essas plataformas sem enfrentar uma oposição significativa na época. Embora as aquisições tenham sido aprovadas inicialmente, a FTC agora alega que elas foram parte de uma estratégia deliberada para eliminar concorrentes e consolidar o poder de mercado da Meta.
O que está em jogo para a Meta e Zuckerberg?
Se a FTC julgar que Zuckerberg deve vender o Instagram e o WhatsApp, isso pode ter um impacto significativo na Meta e em todo o mercado de tecnologia.
Primeiramente, a venda dessas plataformas representaria um desmembramento da Meta, o que poderia resultar em uma redução substancial no seu valor de mercado.
A empresa depende em grande parte da receita gerada pelo Instagram, especialmente com sua grande base de usuários e a publicidade direcionada, e a perda desse ativo poderia afetar diretamente sua capacidade de gerar lucros. Somente nos Estados Unidos, a rede social representa cerca de 50% da receita da companhia com anúncios.
A venda do WhatsApp, por sua vez, também retiraria uma das suas plataformas de comunicação mais rentáveis e influentes, o que afetaria ainda mais o desempenho financeiro da Meta.
Segundo dados do Similar Web, o aplicativo de mensagens é o mais usado no Brasil. O Instagram, por sua vez, fica em terceiro lugar no país, atrás somente do Google Chrome. Mundialmente, a família de aplicativos da empresa, que inclui Facebook, Instagram e WhatsApp, atingiu 3,35 bilhões de usuários ativos diários (DAU) — um crescimento de 5% em relação a 2023.