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Meta está com dificuldades para enfrentar anúncios de golpes em suas plataformas, diz jornal

Anúncios fraudulentos envolvendo marcas conhecidas e pequenas empresas geram prejuízos a consumidores e ampliam redes criminosas na Ásia

 (Agence France-Presse/AFP)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 16 de maio de 2025 às 11h02.

Última atualização em 16 de maio de 2025 às 14h37.

A Meta, dona do Facebook e do Instagram, tornou-se um dos principais vetores de golpes online, segundo autoridades regulatórias, instituições financeiras e documentos internos da empresa obtidos pelo Wall Street Journal. O crescimento do problema tem afetado desde consumidores comuns, artistas e até pequenos empresários, que veem suas marcas exploradas por redes de criminosos internacionais.

É o caso de Edgar Guzman, dono da Half-Off Wholesale, uma empresa que vende ferramentas e itens de jardinagem no atacado em um depósito nos arredores de Atlanta. Nos últimos dois anos, ele tem recebido ligações de consumidores irritados que acreditam ter comprado produtos de sua loja após verem anúncios com promoções chamativas nas redes da Meta. No entanto, os anúncios são falsos e os produtos nunca chegam. A empresa de Guzman não realiza vendas online, mas teve seu nome, endereço e imagens usados por golpistas.

Uma verificação feita na biblioteca de anúncios da Meta mostrou que mais de 4.400 anúncios foram veiculados com o endereço da Half-Off apenas no último ano. Destes, apenas 15 eram legítimos. A maioria dos perfis responsáveis pelas postagens fraudulentas está registrada em países como China, Sri Lanka, Vietnã e Filipinas. As vítimas, ao realizarem pagamentos, perdem o dinheiro sem qualquer entrega. Guzman relata ainda que, ao denunciar as páginas, nada acontece.

Esse caso é apenas uma amostra de um problema mais amplo. Relatórios de bancos, como o JPMorgan Chase, apontam que quase metade dos golpes realizados via Zelle, plataforma de pagamentos entre pessoas físicas, teve origem em anúncios no Facebook e Instagram entre 2023 e 2024. O padrão se repete em outros países, como Reino Unido e Austrália, e reflete uma fragilidade persistente nos sistemas de verificação da Meta.

A própria empresa reconheceu o problema e informou estar enfrentando uma “epidemia de golpes”, impulsionada por redes criminosas transnacionais e pelo uso crescente de tecnologias como deepfakes e IA generativa. Apesar disso, documentos internos mostram que a Meta demora para suspender contas suspeitas: em muitos casos, os golpistas podem acumular entre 8 e 32 notificações de fraude antes de serem banidos.

Negócios fraudulentos com aparência legítima

O uso de marcas conhecidas em golpes sofisticados também tem se intensificado. Recentemente, consumidores foram atraídos por anúncios que ofereciam supostos brindes da marca de temperos McCormick & Co. Com visual profissional e jogos interativos, os sites cobravam apenas US$ 9,99 de frete, mas acabavam coletando dados bancários das vítimas para realizar cobranças indevidas. Centenas de relatos semelhantes surgiram após a marca alertar seus 2 milhões de seguidores nas redes sociais.

Outro tipo de golpe comum envolve a venda de filhotes. Mesmo com proibição expressa da Meta sobre a venda direta de animais, uma busca por “puppies” revelou milhares de anúncios, muitos com fotos roubadas e localizações falsas. A origem de parte considerável desses anúncios é atribuída a redes situadas em Camarões, que exploram o modelo de venda entre pessoas do Facebook Marketplace, espaço que já superou o Craigslist como o maior site de classificados online.

Documentos internos revelam ainda que a Meta despriorizou, nos últimos anos, o combate a fraudes em comparação com outros temas, como tráfico de pessoas e prevenção ao suicídio. Uma análise feita em 2022 mostrou que houve queda de 46% na revisão de fraudes em grupos do Facebook após a mudança de foco. A empresa abandonou planos para exigir verificação de identidade de anunciantes fora do contexto político, temendo perder receita de pequenos anunciantes.

Polícia do DF desmonta rede que usava deepfake de Marcos Mion em golpes digitais

No Brasil, a vulnerabilidade das redes sociais a fraudes digitais também foi confirmada por uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal, que prendeu nesta sexta-feira, 16, três integrantes de uma quadrilha que usava tecnologia deepfake para aplicar golpes online com a imagem do apresentador Marcos Mion. Os criminosos manipulavam vídeos do apresentador para divulgar falsas promoções em nome de uma rede de restaurantes.

Segundo a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos, as vítimas eram atraídas por anúncios patrocinados e, ao clicarem nos links, eram direcionadas a sites fraudulentos onde pagavam por vouchers de desconto que nunca eram entregues. A estrutura da quadrilha envolvia uma empresa de tecnologia usada como fachada e o uso de técnicas sofisticadas de engenharia social e marketing digital para maximizar o alcance dos golpes.

Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, com apreensão de veículos importados, dispositivos eletrônicos e outros materiais. Um dos investigados confessou o crime. Os suspeitos poderão responder por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e associação criminosa, com penas que podem chegar a 21 anos de prisão.

Em nota, a assessoria de Marcos Mion afirmou que o apresentador “não tem relação com a falsa campanha” e que medidas legais estão sendo tomadas. “Qualquer iniciativa vinculada ao nome de Marcos Mion será sempre anunciada por canais oficiais e confiáveis”, conclui o comunicado.

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