Tecnologia

Moderação de conteúdo pode se tornar desafio para o Koo, o app indiano que viralizou no Brasil

Com mais de 50 milhões de usuários, o Koo é hoje o segundo microblog mais acessado do mundo

A rede social indiana Koo: interesse explosivo por parte dos usuários brasileiros (Koo/Getty Images)

A rede social indiana Koo: interesse explosivo por parte dos usuários brasileiros (Koo/Getty Images)

É possível dizer que o sucesso do Koo vem de crises. A rede social que ganhou fama entre os brasileiros nos últimos dias foi criada na Índia há dois anos em meio a tensões do governo de Narenda Modi com o Twitter, na época acusado de favorecer detratores do governo. Na mais recente volta aos holofotes, outra crise: as decisões atrapalhadas do novo CEO Elon Musk botaram a continuidade do Twitter em cheque e criaram a migração preventiva e fantasiada de meme para o Koo.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

Ainda que a debandada precise se provar real ao longo do tempo, a rede social indiana no momento gesta uma nação de novos usuários. Até outubro, pouco mais de mil brasileiros estavam inscritos no site, contudo, com o interesse repentino, já passa de 1 milhão de contas. Ao todo, são 50 milhões de usuários, que segundo a empresa, a colocam em segundo lugar entre os microblogs mais acessados do mundo. 

Com os números em crescente, os desafios já bem conhecidos de moderação de conteúdo em redes sociais se colocam à frente da jovem startup justamente pelo seu funcionamento estilo Twitter. O Koo permite a publicação de textos, fotos ou vídeos no feed, e acompanhar assuntos em alta. O selo de verificação também está lá, inclusive no perfil de vários famosos brasileiros que criaram conta no serviço.

No entanto, a promessa é de pouco ou quase nenhum controle sobre o que as pessoas escrevem e compartilham por lá. Também não existem comitês especializados de gestão de políticas de comunidades como no rival azul. Mesmo que não seja equiparável, dado a maturidade do Twitter, no Koo são apenas 300 funcionários alocados em um único país contra os, até então, 7500 funcionários (agora são menos de 1 mil) em 33 países da empresa de Elon Musk. Ainda em desfavor da rede indiana, estão acusações de deixar o discurso de ódio ser propagado sem restrições, especialmente contra muçulmanos.

Ao Washington Post, o CEO do Koo afirmou que acredita em uma moderação automatizada, e que "os usuários odeiam se as empresas de redes sociais não agem como uma plataforma neutra". Oficialmente, a plataforma proíbe qualquer tipo de discurso de ódio, conteúdos ofensivos e/ou discriminatórios.

Mas para Musk a ideia nos próximos meses é fazer com que o Twitter seja mais parecido com o Koo, ainda que não intencionalmente. A revista Time obteve a informação de fontes internas do Twitter de que as ferramentas de moderação de conteúdo da plataforma estão restritas a poucas pessoas. O propósito é evitar a visão progressista com qual Elon Musk acha que o Twitter se guiava até antes da compra e a qual resultou no banimento de contas como a do ex-presidente Trump e outras personas non gratas da rede.

No caso do Facebook, da Meta, moderação de conteúdo é uma tema já bem resolvido e superado. E razão, é porque pode pesar no bolso da empresa. Em 2020, o Facebook, da Meta, muitas marcas boicotaram a plataforma por um mês devido a preocupações com discurso de ódio e desinformação. Na época, vídeos de terroristas e outras polemicas circulavam na rede ao lado de anúncios de grandes empresas. Depois da pressão, a rede de Zuckerberg ficou longe das polêmicas sobre conteúdos questionáveis. 

Mas é possível que o Koo mude o seu destino à polêmicas e consiga aproveitar a explosão de usuários para crescer de forma sólida e sustentável. A empresa já havia recebido um primeiro financiamento de US$ 64,1 milhões vindo de empresas e fundos como Tiger Global, Mirae Asset Management, One4 Capital e Accel, Casper, de acordo com o Business Today. Mais recentemente, em fevereiro, a empresa deixou o caixa cheio após captar uma rodada de US$ 263 milhões.

Desenvolvido por Aprameya Radhakrishna e Mayank Bidawatka, o Koo foi lançado em março de 2020 como um microblog alternativo para compartilhar atualizações e opiniões pessoais. Um dos diferenciais da plataforma é ter suporte para diversos idiomas indianos, além de ser a única rede social do país que compete com outras plataformas globais do mesmo formato.

Atualmente, a plataforma está disponível em 10 idiomas e tem usuários de mais de 100 países, incluindo EUA, Reino Unido, Canadá e o Brasil. É possível baixar o app para o sistema Android ou iOS.

Acompanhe tudo sobre:Redes sociaisTwitter

Mais de Tecnologia

ChatGpt fora do ar? IA tem instabilidade neste sábado, 26

Spotify vai aumentar preço das assinaturas a partir de junho, diz jornal

Como antecipado pela EXAME, Apple amplia produção de iPhones no Brasil

Apple vai deslocar produção da maioria dos iPhones vendidos nos EUA para Índia até fim de 2026